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Estado de Minas GEOPOL�TICA

BRICS: o grupo emergente que incomoda os l�deres ocidentais

Cinco grandes economias emergentes aperreiam o Ocidente, com o aumento da sua influ�ncia global, por meio da coopera��o e coordena��o econ�micas m�tuas


31/07/2023 07:00 - atualizado 13/08/2023 22:55
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O termo Bric (que depois virou Brics) foi usado pelo mercado financeiro para se referir às economias emergentes antes de o grupo começar a se reunir
O termo Bric (que depois virou Brics) foi usado pelo mercado financeiro para se referir �s economias emergentes antes de o grupo come�ar a se reunir (foto: GETTY IMAGES )
O conceito de economias emergentes surgiu em meados da d�cada de 1970, ap�s o primeiro choque do petr�leo (1973). Com a queda do Muro de Berlim, a desintegra��o da Uni�o Sovi�tica, o fim da bipolaridade e a intensifica��o da globaliza��o o termo foi popularizado. O surgimento de novas pot�ncias no Sul Global, as quais adotaram novas pol�ticas para se inserirem no cen�rio globalizado que se constru�a, ap�s o
t�rmino da Guerra Fria, consolidou a express�o.

Simultaneamente, as economias desenvolvidas apresentavam um crescimento mais lento, exce��o aos EUA que prosperavam na onda das novas tecnologias ligadas �s telecomunica��es.

A emerg�ncia implica a integra��o de um pa�s � economia mundializada e ao capitalismo, por meio de um forte crescimento econ�mico, atraindo novos investidores para esses mercados. Mas no universo dos pa�ses emergentes o social pode ser menos afetado e n�o resultar em melhoras significativas das condi��es de vida dos menos favorecidos, com risco de ampliar as disparidades entre as classes.
Geralmente, h� crescimento, mas sem o desenvolvimento da sociedade, no mesmo ritmo. Nesse contexto das novas economias emergentes, o grande destaque � o BRICS, um novo ator econ�mico que ganha �nfase nas m�dias internacionais. 

O acr�nimo BRICS formado, originalmente, pelo Brasil, R�ssia, �ndia, China e, a partir de 2011, pela �frica
do Sul, desponta no S�culo XXI como o mais promissor representante da emerg�ncia econ�mica atual.

Curiosamente, o termo n�o foi criado por nenhum dos seus integrantes. Em novembro de 2001, com os respingos do 11 de setembro e a globaliza��o efervescente, Jim O'Neill, economista-chefe do banco norte-americano Godman Sachs, divulgou em um relat�rio denominado "The World Needs Better Economic BRICs", quando cita pela primeira vez os nomes dos quatro pa�ses - Brasil, R�ssia, �ndia e China (BRIC)- com maiores possibilidades de atrair novos investidores. Foi assim que o termo foi cunhado. Ao brincar com as palavras criou um imp�rio emergente.

As grandes vantagens dessas na��es s�o a sua popula��o numerosa e o ritmo de produtividade. Jim O'Neill parte de um crit�rio simples: o impacto do grande �ndice demogr�fico na esfera econ�mica (antes da entrada da �frica do Sul, o menor pa�s em n�meros populacionais era a R�ssia com, aproximadamente, 144 milh�es de habitantes) era o alicerce do maior desempenho da riqueza das na��es.

Os economistas deduziam que, se esses pa�ses aumentassem sua produtividade, rapidamente se tornariam gigantes econ�micos por causa do tamanho do mercado dom�stico, do crescimento do com�rcio mundial e da globaliza��o. Com essas credenciais , esses pa�ses, com programas econ�micos s�rios de m�dio/longo prazos desafiariam a domina��o das na��es ricas na esfera global.

A Europa, em especial, com seus pa�ses mais importantes ostentando uma popula��o mais reduzida e envelhecida, enfrentaria dificuldades de garantir internamente a economia pujante do passado, abrindo espa�o para as na��es subdesenvolvidas industrializadas chegarem ao holofote do mercado internacional.

A esse respeito da din�mica populacional, alguns integrantes do bloco j� sentem o peso da redu��o demogr�fica. A R�ssia � o caso mais s�rio, com a mortalidade em ascens�o e a taxa de natalidade em decl�nio. A China j� se organiza para um envelhecimento n�o t�o tardio da sua popula��o, mesmo t�o numerosa (isso explica a flexibiliza��o das r�gidas leis de controle de natalidade dos �ltimos anos). O Brasil fecha o ciclo do b�nus demogr�fico e se prepara para um n�mero crescente de idosos nas pr�ximas d�cadas, acompanhado de um decl�nio acentuado das taxas de fecundidade/natalidade.

O grande desempenho do bloco durante a primeira d�cada desse s�culo foi interrompido no Brasil e na R�ssia, que apresentaram �ndices de crescimento decepcionantes. A China e a �ndia mantiveram um ritmo muito satisfat�rio, reduzidos, em parte, durante a pandemia.

Mas, apesar dessa configura��o, o BRICS, com 41% da popula��o mundial, tem hoje um peso econ�mico maior que o G7 (Estados Unidos, Jap�o, Alemanha, Reino Unido, Fran�a, It�lia e Canad�), os sete pa�ses mais desenvolvidos do planeta. Segundo os dados fornecidos pela Acorn Macro Consulting, um instituto de pesquisas do Reino Unido, o BRICS representa atualmente 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial
contra 30,7% do G7.

As curvas cruzaram, tornando esse grupo emergente mais poderoso economicamente que o G7. Inegavelmente, a China � a grande for�a e principal contribuinte que ampara a import�ncia econ�mica do bloco. Com um PIB de quase 25 trilh�es de d�lares e reservas cambiais impressionantes, junto com a �ndia s�o o grande destaque. As crises enfrentadas pelos russos e brasileiros reduziram a participa��o desses integrantes originais.

A ascens�o silenciosa da coaliz�o BRICS representa um elemento-chave na transforma��o econ�mica, financeira e pol�tica externa. � uma mudan�a muito acentuada na economia global, desde 2001, com esse aumento maci�o do bloco.

Este fen�meno p�e em xeque a supremacia norte-americana, inabal�vel desde a Segunda Guerra Mundial e, evidentemente, atrair� grande resist�ncia pelas lideran�as ocidentais, que dissemina informa��es de cunho duvidoso para difamar os pa�ses membros, com pouco comprometimento com a verdade, embasada pela grande m�dia, que corrobora a divulga��o dessas ideias.

O BRICS busca uma nova redefini��o do cen�rio geopol�tico global. Para atingir esse objetivo, s�o realizadas confer�ncias diplom�ticas e uma c�pula anual que ocorre alternadamente em cada um dos estados membros. Este ano ser� entre os dias 22 a 24 de agosto, em Johanesburgo, na �frica do Sul.

Desde 2022, com as san��es econ�micas ligadas � crise ucraniana, o interesse pelo BRICS aumentou de forma expressiva. Hoje cerca de 20 pa�ses influentes querem se juntar a ele, como Egito, Turquia, Ar�bia Saudita, Emirados �rabes Unidos, Indon�sia, Argentina, M�xico e v�rias na��es africanas.

Nesta nova etapa, o bloco, que andava meio esquecido, retorna ao tabuleiro geopol�tico, com o objetivo de se firmar como protagonista no cen�rio global e estabelecer sua influ�ncia econ�mica e pol�tica contra as tradicionais lideran�as, como os EUA e a Uni�o Europeia.

Para isso est�o criando institui��es financeiras pr�prias, como um novo banco de desenvolvimento, estabelecido em Xangai (decis�o tomada na confer�ncia que ocorreu em Fortaleza-Brasil, em 2014), com o intuito de desafiar o Banco Mundial (BIRD) e o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) e escapar do uso de san��es econ�micas, utilizadas como armas pelos pa�ses do Ocidente.

Ser� f�cil? Claro que n�o. Haver� muitos obst�culos pelo caminho a ser percorrido. Mas o mundo � dual e nada � absoluto no reino dos homens. Como observou o jornalista Georges Mack: "N�o � mais o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento. � um mundo em ascens�o e um mundo em descida". Isso preocupa aqueles que n�o querem perder o pedestal. Agora � aguardar as cenas, possivelmente
tensas, dos pr�ximos cap�tulos.

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