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Estado de Minas VITALidade

Cuidando do cuidador

Ser cuidador de um idoso � uma tarefa �rdua. Ele pode ficar exausto, j� que para o cuidado n�o h� hora, dia, f�rias ou feriados


27/09/2021 07:07 - atualizado 27/09/2021 07:21

(Por Jos� Milton Cardoso Jr e Juraciara Vieira Cardoso)

O cuidador de idosos também precisa ter vida própria, descanso e lazer
O cuidador de idosos tamb�m precisa ter vida pr�pria, descanso e lazer (foto: Freepik)


Como sempre a coluna vem frisando, h� um  aumento no n�mero de idosos em todas as sociedades do mundo , portanto, temos que lidar com a realidade de que somos uma sociedade em processo de envelhecimento. A pr�tica tem mostrado que os que mais ganharam tempo de vida foram os octogen�rios e os nonagen�rios, caracterizados na pr�tica m�dica como grandes longevos. 

Assim, temos que lidar com a realidade que envelhecemos e que com o envelhecimento aumenta a preval�ncia de doen�as cr�nicas degenerativas, tais como as cardiopatias, pneumopatias, dem�ncias, dentre outras. No Brasil, tais doen�as convivem com outras doen�as transmiss�veis, como dengue, mal�ria, Chagas, hansen�ase e, atualmente,  ainda h� a COVID-19 . Essas doen�as, somadas � perda de for�a muscular, fazem com que a capacidade de se deslocar, a autonomia para execu��o de tarefas e a independ�ncia para tomada de decis�es fiquem muito comprometidas, o que acaba exigindo que sejamos cuidados por outros seres humanos, surgindo, deste modo, a figura do cuidador. 

Cuidar � se colocar a servi�o de algu�m e, se poss�vel, sem pedir nada em troca. � em raz�o do cuidado que nos � poss�vel deixar a fase infantil e nos tornar adultos, pois um beb�, sem os cuidados familiares, certamente pereceria em poucas horas. A primeira fase de constru��o da subjetividade s� nos � poss�vel gra�as ao amor e aos cuidados que nossas fam�lias nos dispensaram na primeira inf�ncia. Apesar da grande beleza, abnega��o e entrega existentes no ato de cuidar, nem sempre o caminho � apenas de flores.

Para a Medicina, cuidador � aquele que dispensa cuidados � pessoa que, devido �s limita��es f�sicas ou cognitivas, n�o consegue gerenciar suas atividades, tais como alimentar-se, higienizar-se, locomover-se ou vestir-se, que s�o consideradas atividades b�sicas. Quando se fala de atividades mais complexas, tais como controle financeiro, realiza��o de compras ou autogest�o, o sujeito cuidado n�o apresenta nenhuma ou quase nenhuma condi��o de exerc�-las. 

No caso do idoso, notadamente aqueles que demandam cuidados, como n�o h� no Brasil uma estrutura adequada de acolhimento, tal atividade � inteiramente exercida pelos membros da fam�lia. A pr�tica demonstra que, em sua maioria, os cuidadores s�o os c�njuges ou, na aus�ncia ou incapacidade destes, os filhos, geralmente as filhas. O que � certo � que sem o aux�lio deste cuidador o idoso n�o sobreviveria ou sobreviveria de modo prec�rio. 

Ser cuidador de um idoso � uma tarefa �rdua. Ver aquele membro da fam�lia outrora forte e cheio de vitalidade necessitando de aux�lio at� para realizar as atividades mais b�sicas exige obstina��o, disposi��o, paci�ncia, imensa compaix�o e, muitas vezes, toda esta abnega��o � acompanhada de exaust�o. Sim, precisamos admitir que o cuidador pode ficar exausto, j� que para o cuidado n�o h� hora, dia, f�rias ou feriados. � uma tarefa perene e di�ria que muitas vezes resulta na anula��o da pr�pria vida em prol do membro familiar. 

N�o � raro que esse cansa�o dificulte muito o exerc�cio da atividade de cuidador. Sim, o cuidador pode estar ansioso, angustiado, cansado, melanc�lico e impaciente. Somos apenas humanos e, �s vezes, podemos manifestar nosso exaurimento com intoler�ncia. Infelizmente, quando isto acontece, na maioria das vezes o cuidador ainda experimenta mais um estressor: a culpa. Mesmo sem inten��o de magoar, magoa e, magoando, fica muito magoado. � uma sequ�ncia muito comum. Devemos entender que isto provavelmente � uma rea��o ao esgotamento f�sico e emocional.


Todos os seres humanos precisam de cuidados. Seres humanos fragilizados exigem ainda mais cuidados e essa tarefa realmente pode ser dif�cil. N�o � incomum que o esgotamento gere um paradoxo de sentimentos no cuidador: o cuidar por amor e agradecimento somado com o ato de cuidar quando se est� cansado, ansioso e no limite. � muito importante que estes sentimentos estejam claros na mente do cuidador para que ele busque amenizar suas rea��es, compreender-se melhor, sentir-se menos culpado e permitir-se um descanso.

� importante que o cuidador tenha sua pr�pria vida e realize de modo adequado seu pr�prio cuidado, seja ele f�sico ou mental. Uma sa�da com os amigos ou uma noite de bom sono sempre podem ajudar! Todos precisamos entender que o cuidador tamb�m precisa de descanso, lazer e vida social. O cuidador deve ter f�rias! A fam�lia, entendendo esta quest�o, deve revezar-se no compromisso do cuidado, permitindo que o cuidador principal tenha momentos exclusivamente seus. 

O cuidador precisa manter em dia seus cuidados m�dicos e atividades f�sicas. Deve buscar participar de reuni�es familiares ou com amigos, e nestes momentos permitir-se ser cuidado, abrindo m�o completamente da fun��o de cuidador. Ao se cuidar o cuidador tamb�m cuida da pessoa a ser cuidada, pois a integridade dela depende tamb�m da sa�de do cuidador. Cuidador, se cuide! Fam�lias, auxiliem seus cuidadores!

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