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Estado de Minas ESTOQUES BAIXOS

Doa��o de sangue: quem pode e n�o pode doar?

Uma doa��o de sangue pode salvar at� quatro vidas, mas menos de 2% dos brasileiros doam sangue e hemocentros vivem com estoques baixos


16/05/2022 14:40 - atualizado 16/05/2022 15:15


Pessoa doando sangue
(foto: Getty Images)

Uma doa��o de sangue pode salvar at� quatro vidas, mas menos de 2% dos brasileiros doam sangue e hemocentros vivem com estoques baixos. Segundo especialistas e autoridades de sa�de, muita gente s� pensa em doar quando algu�m pr�ximo precisa, mas umas das principais explica��es da baixa ades�o � o medo e o desconhecimento sobre a doa��o.

Quem pode e quem n�o pode doar sangue no Brasil? Em geral, as pessoas com idade entre 16 e 69 anos e que estejam pesando mais de 50kg podem doar sangue, salvo raras exce��es - entre elas, certos problemas de sa�de, gravidez e ingest�o de subst�ncias. Vale lembrar que desde o in�cio de 2020 n�o h� mais restri��es para a doa��o de sangue por homens que fizeram sexo com outro homem.

Veja mais abaixo detalhes sobre as restri��es vigentes no pa�s e onde encontrar o lugar mais pr�ximo para fazer uma doa��o no Brasil.

A seguran�a de quem doa e de quem recebe � prioridade quando se fala em doa��o de sangue. E embora atualmente este procedimento seja simples e seguro, isso nem sempre foi assim no pa�s, explicando em parte a inseguran�a da popula��o.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) estabelece como meta a doa��o por 3% a 5% da popula��o de um pa�s, e o Brasil chega a 1,9%, segundo dados do Minist�rio da Sa�de.

 

 

 

No in�cio de 2021, a farmac�utica Abbott fez um levantamento em oito pa�ses (incluindo o Brasil) sobre doa��o de sangue. Segundo os resultados, 54% das pessoas nunca doaram e n�o pretendem doar no futuro — elas t�m idade entre 16 e 44 anos, de classe social m�dia e baixa, com renda fixa e n�o s�o casadas.

Doar sangue n�o faz parte da rotina de 48% da popula��o (mas acabam doando quando solicitados ou em casos de trag�dia que geram como��o p�blica). Outros 23% doam apenas pontualmente e 9% apenas quando solicitados, em casos de necessidade de familiares ou conhecidos. Como dito acima, dois dos principais obst�culos s�o o medo e a falta de informa��o em rela��o � seguran�a do procedimento.

 

Leia tamb�m: Dia do Assistente Social: empatia, compaix�o e persist�ncia 

 

"A gente n�o pode se basear apenas em campanhas emergenciais. Doar sangue tem que ser constante, para podermos oferecer uma quantidade suficiente para os pacientes. Temos que manter isso sempre na vis�o das pessoas, na m�dia, dentro de empresas, clubes. S� vamos resolver o problema da quantidade de sangue doado na hora em que todo mundo estiver conscientizado atrav�s de est�mulos constantes. Aparecer em todos os lugares: 'Voc� j� doou sangue hoje?'", defende o m�dico hematologista Jos� Francisco Comenalli Marques J�nior, presidente da Associa��o Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).


Mulher doando sangue
Para doar sangue, � preciso ter entre 16 e 69 anos, estar em boas condi��es de sa�de e pesar mais de 50kg (foto: Getty Images)

Das mais de 3,7 milh�es de pessoas que doaram sangue no Brasil em 2019, a maioria (59,7%) dos doadores � do sexo masculino e possui mais de 29 anos (61,9%), segundo o 8º Boletim de Produ��o Hemoter�pica do Brasil da Anvisa (Ag�ncia de Vigil�ncia Sanit�ria). A cada 10 doadores, 6 doaram de forma espont�nea (sem identificar um receptor) e 4 fizeram isso pela primeira vez naquele ano.

Uma pessoa adulta tem, em m�dia, 5 litros de sangue. Menos de 10% � retirado na doa��o e "o organismo rep�e o volume de sangue doado nas primeiras 72 horas ap�s a doa��o", explica o Instituto Nacional do C�ncer.

Homens podem fazer at� quatro doa��es no per�odo de um ano, com intervalo de 60 dias entre elas. Mulheres podem realizar at� tr�s doa��es num espa�o de 12 meses, com intervalo de 90 dias entre elas.

O Brasil conta com cerca de 100 hemocentros em todo o pa�s e para doar o volunt�rio precisa ir a um portando documento oficial com foto. Encontre aqui o hemocentro mais perto da sua casa.

Quem pode e quem n�o pode doar sangue?

Para ser um doador de sangue no Brasil, � preciso ter entre 16 e 69 anos (sendo que a primeira doa��o deve ser feita antes dos 60 anos), estar em boas condi��es de sa�de e pesar mais de 50kg. Menores de 18 anos podem doar apresentando autoriza��o dos respons�veis.

Segundo dados da Anvisa, entre as principais causas identificadas que levam � inaptid�o do doador est�o anemia (14%), comportamento de risco para infec��es sexualmente transmiss�veis (13%), hipertens�o (5%), hipotens�o (2%), mal�ria (1%), alcoolismo (0,5%) e uso de outras drogas (0,5%).

H� dois tipos de restri��es para doa��o de sangue: as definitivas e as tempor�rias.

Restri��es tempor�rias para doa��o:

- Doen�as e condi��es de sa�de

Doadores que apresentem febre ou manifestem sintomas de gripe ou resfriado, por exemplo, precisam esperar sete dias depois do fim dos sintomas. As pessoas que est�o passando por epis�dios de conjuntivite ou diarreia recente e suspeita de covid-19 tamb�m n�o podem doar temporariamente.


Homem doando sangue
Os homens podem fazer at� quatro doa��es por ano, com intervalo de 60 dias entre elas (foto: Getty Images)

Pessoas que t�m diabetes tipo 1 e fazem uso de insulina tamb�m n�o podem, pois podem apresentar rea��o capaz de afetar o estado de sa�de delas. Por outro lado, aquelas com diabetes tipo 2 podem doar sangue desde que esteja controlada. Pessoas com pr�-diabetes tamb�m podem doar.

Quem tem diabetes gestacional ou passa por tratamento para epilepsia n�o pode doar sangue.

No caso de hipotireoidismo, se estiver controlado, a pessoa pode doar sangue, mas quem estiver em tratamento para hipertireoidismo n�o pode realizar o procedimento. Hipertenso em estado descompensado tamb�m n�o deve doar sangue, mas pode faz�-lo se a condi��o estiver sob controle.

- Gravidez, amamenta��o, aborto e menstrua��o

H� restri��es tempor�rias tamb�m para mulheres gr�vidas ou em p�s-parto (90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana), bem como as que est�o amamentando (12 meses ap�s o parto). O impedimento tamb�m inclui mulheres que sofreram aborto nos tr�s meses que antecedem a doa��o. Mulheres que est�o menstruadas podem doar se n�o apresentarem anemia.

- Ingest�o de subst�ncias

Outros impedimentos considerados tempor�rios s�o ingest�o de bebida alco�lica ou outras subst�ncias psicoativas nas 12 horas que antecedem a doa��o e extra��o dent�ria ou canal nos sete dias antecedentes. Quem fez tatuagem ou colocou piercing nos �ltimos 12 meses tamb�m precisa esperar para poder voltar a doar.

- Procedimentos e tratamentos de sa�de

N�o podem doar sangue pessoas que enfrentaram apendicite, h�rnia, amigdalectomia e varizes nos �ltimos tr�s meses ou que passaram por colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, politraumatismos sem sequelas graves, tireoidectomia, colectomia nos �ltimos seis meses.

Aqueles que passaram por cirurgias de grande porte devem ficar at� um ano sem doar, mas esse per�odo pode variar de um procedimento para outro. Aqueles que passaram por cirurgias de pequeno e m�dio porte precisam esperar tr�s meses para voltar a doar sangue. Quem passou por procedimentos com endosc�pio deve esperar seis meses.


Mulher doando sangue no hemocentro
Para as mulheres, a recomenda��o � fazer at� tr�s doa��es por ano, com intervalo de 90 dias entre elas (foto: Getty Images)

- Outras restri��es tempor�rias

As pessoas que passaram por transfus�o de sangue devem aguardar um ano e as que tomaram vacinas precisam respeitar o tempo de cada uma. Os imunizantes contra a covid-19, por exemplo, variam: quem tomou Coronavac deve esperar dois dias, os que foram vacinados com Astrazeneca, Pfizer ou Janssen, sete dias.

Viajar para locais com surto de doen�as pode levar a um impedimento para que se doe sangue temporariamente, a exemplo de locais com surto de febre amarela ou Estados e pa�ses com preval�ncia de mal�ria. Quem esteve em localidades do Acre, Amap�, Amazonas, Rond�nia, Roraima, Maranh�o, Mato Grosso, Par� e Tocantins deve aguardar 12 meses para doar, ap�s o retorno, segundo a Funda��o Pr�-Sangue de S�o Paulo.

Doadores que foram expostos a situa��es consideradas de risco para infec��es sexualmente transmiss�veis (como contato sexual com algu�m com teste positivo para HIV) devem esperar 12 meses ap�s o epis�dio.

Como mencionado no in�cio da reportagem, uma restri��o controversa deixou de vigorar no pa�s em maio de 2020. At� aquele momento, os bancos de sangue n�o aceitavam doa��o de homossexuais do sexo masculino ou de homens que tivessem feito sexo com homens nos �ltimos 12 meses. Al�m disso, um projeto de lei foi aprovado no final de 2021 proibindo a discrimina��o de doadores de sangue por causa da orienta��o sexual.

Restri��es definitivas para doa��o

- Doen�as e condi��es de sa�de

N�o podem doar sangue pessoas que tiveram mal�ria, que fizeram uso de drogas il�citas injet�veis e com evid�ncias cl�nicas ou laboratoriais para o v�rus HIV (Aids), hepatites B e C, doen�a de Chagas, v�rus HTLV I.

Quem tem doen�a de Parkinson e problemas graves no cora��o, no pulm�o, no rim ou no f�gado tamb�m n�o pode doar.


Bolsa de sangue
H� algumas restri��es para a doa��o de sangue, como gravidez e certas condi��es de sa�de (foto: Getty Images)

H� restri��es definitivas tamb�m para quem j� teve doen�as como c�ncer (incluindo leucemia), filariose, hansen�ase, esquistossomose, hepatoespl�nica, brucelose, leishmaniose visceral ou tegumentar.

Tamb�m n�o pode mais doar quem tem problemas de coagula��o de sangue ou diabetes com complica��es vasculares, al�m de quem recebeu transplante de �rg�o ou de medula.

Por fim, pessoas com menos de 50kg tamb�m n�o podem doar. Isso porque a quantidade de sangue est� relacionada ao peso do doador: o c�lculo � cerca de 8ml/kg em mulheres e 9 ml/kg em homens. Como a quantidade de anticoagulante presente na bolsa de sangue � para m�nimo de 400 ml de sangue, uma pessoa com menos de 50kg n�o seria capaz de doar essa quantidade m�nima.

Pode ocorrer algum problema com quem doa sangue?

A doa��o de sangue � considerada um procedimento seguro, predominantemente sem complica��es, afirma a enfermeira Gabriela Esplendori, da Funda��o Pr�-Sangue, em artigo cient�fico sobre rea��es adversas.

Segundo dados da Anvisa sobre a produ��o hemoter�pica no Brasil em 2019, mais de 3,7 milh�es de pessoas doaram sangue naquele ano e cerca de 64 mil delas tiveram algum tipo de intercorr�ncia durante a doa��o (menos de 2% do total). N�o h� registro de nenhum problema grave.

De acordo com a Anvisa, em 30% dessas rea��es houve dificuldade de pun��o venosa (introdu��o da agulha na veia) e em 22% houve uma rea��o vasovagal, uma diminui��o da press�o arterial e dos batimentos card�acos que pode levar a desmaios, segundo o Minist�rio da Sa�de. Mas, na maioria desses casos, afirma Esplendori, n�o h� perda de consci�ncia, mas tontura, palidez, queda de press�o e dos batimentos. Essa rea��o vasovagal pode estar mais associada a mulheres, doadores de primeira vez, jovens e pessoas com menos de 55kg.


Bandeira LGBTQ
Desde 2020, n�o h� mais restri��es para a doa��o de sangue por homens que fizeram sexo com outro homem (foto: Getty Images)

Helena Sabino, hemoterapeuta da Funda��o Pr�-Sangue Hemocentro de S�o Paulo, afirma � BBC News Brasil que a triagem feita com os doadores visa justamente a seguran�a tanto desses volunt�rios quanto das pessoas que receberam o sangue doado.

"O question�rio tem perguntas que se destinam a garantir essa seguran�a. Por exemplo, quem tem arritmia n�o doa, quem j� fez alguma cirurgia card�aca, n�o doa. Quem tem algumas condi��es neurol�gicas n�o pode doar. Quando voc� faz a doa��o, a press�o diminui. A doa��o ocorre num prazo de 10 a 15 minutos, ent�o a queda abrupta da press�o vai exigir que o cora��o aumente o n�mero de batimentos e, quando isso acontece, diminui o suprimento de oxig�nio at� mesmo para o pr�prio mioc�rdio", explica Sabino.

Quem recebe o sangue doado?

Em geral, as pessoas que mais precisam das doa��es de sangue s�o aquelas que sofrem acidentes e que passam por procedimentos cir�rgicos ou tratamentos de sa�de.

Pacientes com doen�as cr�nicas graves como talassemia e doen�a falciforme, por exemplo, podem precisar de sangue doado.

Segundo o Minist�rio da Sa�de, "a doa��o de sangue � um gesto solid�rio de doar uma pequena quantidade do pr�prio sangue para salvar a vida de pessoas que se submetem a tratamentos e interven��es m�dicas de grande porte e complexidade, como transfus�es, transplantes, procedimentos oncol�gicos e cirurgias".

Cada paciente recebe especificamente o tipo e a quantidade de sangue de que precisa, a partir do sangue doado anteriormente por outra pessoa (ou por ela mesmo em alguns casos) e que foi separado antes de chegar at� ele. Cada componente sangu�neo � usado para uma indica��o diferente.

Para Marques J�nior, da Associa��o Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, muitas vezes o Brasil acaba "usando mal" o sangue dispon�vel em pacientes que poderiam ser tratados de outra maneira, apesar dos programas para restringir ao m�ximo seu uso. "Em vez de transfundir sangue em uma anemia, por exemplo, em muitos casos vamos tratar a anemia, mesmo que o paciente demore mais para se recuperar", argumenta o hematologista.

O que acontece da doa��o ao recebimento de sangue?

O ciclo do sangue doado tem diversas etapas, incluindo as triagens cl�nica, sorol�gica e imunol�gica feitas pelos candidatos a doa��o, a coleta, o processamento das bolsas de sangue, os testes feitos p�s-doa��o e a transfus�o.

1. Triagens

A etapa da triagem j� � respons�vel por diminuir bastante a taxa e a possibilidade de transmiss�o de doen�as infecciosas do doador para o receptor.

A primeira triagem realizada � a medi��o da press�o arterial, temperatura, batimento card�aco, peso e um teste de anemia que mede a hemoglobina no sangue e qual classifica��o sangu�nea.

Em seguida, h� uma entrevista breve em que perguntas s�o feitas ao doador sobre seu estilo de vida, com respostas registradas sob sigilo. Mas algumas pessoas podem se sentir constrangidas, sentir medo ou vergonha de dar alguma informa��o que possa comprometer essa doa��o, por isso ao final desse processo h� a possibilidade de o doador fazer um voto de autoexclus�o para que seu sangue seja descartado.


Glóbulos vermelhos
Os gl�bulos vermelhos s�o repostos em cerca de 4 semanas ap�s a doa��o, e o plasma em aproximadamente 24 horas (foto: Getty Images)

Cerca de 51 mil pessoas optaram pela autoexclus�o em 2019, segundo dados da Anvisa.

2. Coleta de sangue total e por af�rese

O doador fica em um poltrona onde o sangue � coletado de uma veia por meio de uma inje��o, pela qual o sangue � transferido para uma bolsa de 450ml. Esse m�todo � o mais comum e � chamado de coleta de sangue total.

A doa��o por af�rese � feita com ajuda de uma m�quina desenvolvida para colher apenas um componente do sangue desse doador. Esse aparelho aspira o sangue, separa o componente necess�rio e devolve para o doador o restante.

Existem pessoas que doam apenas as plaquetas, por exemplo, e podem doar mais vezes ao longo do ano do que o doador de sangue total, pois a velocidade de reposi��o das plaquetas � maior do que a dos gl�bulos vermelhos.

Ali�s, os gl�bulos vermelhos s�o repostos em torno de 4 semanas ap�s a doa��o, e o plasma em cerca de 24 horas. Mas o estoque de ferro precisa de 12 semanas para ser reposto em mulheres e 8 semanas nos homens, geralmente.

'Algumas rea��es tardias podem acontecer naquela pessoa que, por exemplo, doa com frequ�ncia e n�o se alimenta bem. Ela pode ter uma ferropenia (defici�ncia de ferro), por isso tamb�m as doa��es tem que ter um intervalo entre elas que permita que o doador se recupere, n�o s� do ponto de vista da anemia, mas tamb�m do seu estoque de ferro", explica Sabino, da Funda��o Pr�-Sangue.

3. P�s-doa��o para o doador

Em geral, o doador fica cerca de 15 minutos no hemocentro fazendo uma pausa (e se alimentando) - se houver rea��o adversa, geralmente ocorre durante o processo ou logo em seguida � doa��o.

O sangue doado segue para o setor de fracionamento e armazenamento. Ali, o sangue total da bolsa � separado em seus componentes individuais (hemocomponentes): hem�cias, plasma, plaquetas por meio de uma m�quina de centrifuga��o. As bolsas de sangue s�o processadas por centrifuga��o refrigerada.

O princ�pio da hemoterapia moderna � baseada em transfundir apenas o componente que o paciente necessita, ap�s avalia��o cl�nica e laboratorial.

E o que antes era uma bolsa de sangue com 450ml se torna geralmente 3 bolsas - uma de hem�cias (cerca de 280 ml), outra de plasma (170 ml) e finalmente uma de plaquetas (50ml).

Essas bolsas seguem para um estoque onde ficam em quarentena aguardando exames como os de doen�as transmiss�veis, tipagem sangu�nea, pesquisa de sangues raros etc.

Os produtos sangu�neos s�o conservados com solu��es anticoagulantes e preservadoras e solu��es aditivas.

O sangue que estiver aprovado em todos os testes � ent�o liberado para os hospitais.

J� o sangue coletado que apresenta reatividade sorol�gica � descartado. Dados da Anvisa apontam que apenas 0,4% das amostras de sangue testadas apresentaram algum tipo de reatividade sorol�gica, a exemplo de hepatite B, s�filis, HIV e doen�a de Chagas.

Como surgiu a transfus�o de sangue?

Em um passado n�o muito distante, o sangue era comercializado no Brasil. Era uma �poca em que cerca de 80% das doa��es eram remuneradas, segundo especialistas. Isso criou nas pessoas a ideia de gratifica��o pela doa��o, o que atraiu grupos de pessoas de classes sociais mais pobres � procura de retorno financeiro.

Essa pr�tica remunerada gerava diversos problemas sociais, �ticos, econ�micos e sanit�rios. Um deles � que, a princ�pio, essas pessoas eram mais vulner�veis e tinham mais problemas de sa�de que a m�dia da popula��o, com menos acesso � assist�ncia m�dica e taxas mais elevadas de doen�as infecciosas ou cr�nicas. A remunera��o poderia levar ainda � explora��o econ�mica dessa parcela da popula��o.

Em alguns pa�ses, havia tamb�m aqueles doadores que omitiam comportamentos de risco para garantir a doa��o e, por consequ�ncia, a remunera��o. Inclusive doando mais do que poderiam, colocando sua sa�de em risco.

Estudos apontam que sistemas de doa��o com recompensa financeira tinham uma taxa muito mais elevada de sangue com diagn�stico positivo de doen�as infecciosas nos testes realizados em cada amostra doada. Al�m disso, muitos doadores dizem que a remunera��o seria um desincentivo �tico � pr�tica.

Ou seja, pesquisas ao longo de d�cadas indicam que a doa��o volunt�ria eleva tanto a seguran�a do sangue doado quanto a quantidade de doa��es.

Com a nova Constitui��o, em 1988, o Brasil proibiu o pagamento por doa��es de sangue.

Mas toda essa hist�ria come�ou tr�s s�culos antes.

A circula��o sangu�nea come�ou a ser compreendida somente em 1606, por um m�dico ingl�s chamado William Harvey, que queria entender o funcionamento do cora��o. Apesar disso, a primeira transfus�o de sangue efetiva foi feita 60 anos depois por outro m�dico ingl�s, Richard Lower. O procedimento foi feito com outros animais.

Duas das primeiras transfus�es de sangue humano documentadas ocorreram em 1795, por meio do m�dico americano Philip Syng Pysik, e em 1808, com o m�dico ingl�s James Blundell.

Mas os tipos sangu�neos (dado essencial para transfus�es) s� seriam descobertos um s�culo depois, em 1900, com o imunologista americano Karl Landsteiner. Ao entender o funcionamento dos tipos A, B e O, ele percebeu ali que n�o se deve misturar sangues incompat�veis. A pesquisa lhe renderia um Pr�mio Nobel.

� nesse momento que a hemoterapia (tratamento com uso de sangue) entra em sua fase mais cient�fica, e menos emp�rica, segundo especialistas.

Mas como estocar o sangue doado sem solu��es anticoagulantes, at� ent�o inexistentes? A sa�da foi transferir diretamente de um bra�o para outro. E apenas quando foi inventada uma solu��o anticoagulante � base de citrato de s�dio � que se pode pensar em criar bancos de sangue com estoques mais duradouros. O primeiro servi�o de transfus�o foi feito na Guerra Civil Espanhola (1936-39).

Havia ainda outro obst�culo �s transfus�es: o fator RH (rhesus), que seria descoberto na d�cada de 1940. Uma pessoa com sangue Rh negativo s� pode receber doa��o de sangue Rh negativo, por exemplo, para n�o haja forma��o de anticorpos depois da transfus�o.

O tipo O negativo � considerado o doador universal (pode ser recebido por pessoas com qualquer tipo sangu�neo), e correspondeu a 7 em cada 100 doa��es em 2019 no Brasil. Os dois tipos mais doados naquele ano no pa�s foram O positivo (43 a cada 100) e A positivo (32 em cada 100).

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