(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CI�NCIA

O mist�rio dos dinossauros polares revelados pela ci�ncia

Existem cada vez mais evid�ncias de que houve dinossauros que viviam entre o gelo e a neve. Como eles conseguiam?


02/12/2022 18:30 - atualizado 03/12/2022 10:15
669


Aurora boreal
Os dinossauros do �rtico teriam testemunhado regularmente a aurora boreal (foto: Alamy)

Era o meio do inverno e o c�u do Alasca era inst�vel.

De um lado, o curso tranquilo do rio Colville. Do outro, um alto rochedo de pedra cinza-estanho congelada, rodeado por centenas de quil�metros de tundra deserta.

Armado com um machado de gelo e ganchos, fustigado pelos ventos gelados do �rtico, sob temperaturas de cerca de -28 °C, Pat Druckenmiller estava procurando algo especial.

O ano era 2021. O simples trajeto at� o rochedo j� havia sido uma tremenda expedi��o.

Neste canto remoto no norte do Alasca, n�o h� estradas, o que levou o paleont�logo e seus colegas da Universidade do Alasca a viajar em motos de neve at� o local, onde montaram um acampamento.

O frio era tanto que cada tenda tinha seu pr�prio fog�o a lenha. Nas semanas seguintes, a equipe lutaria constantemente contra as queimaduras de frio ("foi por pouco, em alguns casos", relembra Druckenmiller), desabamentos e ursos polares famintos.

Mas valeu a pena. Observando atrav�s dos seus �culos de esqui e com pouca luz, Druckenmiller finalmente encontrou o que estava procurando.

Enterrada nos estratos do rochedo, cerca de 15 metros acima do rio, havia uma camada isolada de areia e argila com cerca de 10 cm de espessura.

Quando esse sedimento foi depositado, cerca de 73 milh�es de anos atr�s, o mundo era mais quente do que � agora, mas esta regi�o estaria ainda mais ao norte.

Hoje, esta parte do Alasca recebe algumas horas de penumbra todos os dias durante o inverno. Mas, naquela �poca, ela mergulhava na escurid�o completa por quatro meses do ano, entre outubro e fevereiro. A temperatura ca�a regularmente abaixo de -10°C e nevava ocasionalmente.

Mas, ainda assim, escondidos entre esse conjunto de sedimentos, encontram-se os �ltimos restos de uma �poca bizarra da hist�ria do planeta: ossos e dentes min�sculos, com poucos mil�metros de comprimento, que pertenceram a ninhadas de gigantes. Foi aqui que milhares de dinossauros fizeram seus ninhos e os fetos que n�o eclodiram permaneceram enterrados at� hoje.

"Provavelmente, � a camada de ossos de dinossauro mais interessante de todo o Estado do Alasca", afirma Druckenmiller. "Eles viviam praticamente no Polo Norte."


Desenho do nanuquessauro, um dinoassauro de coloração branca
O peso do nanuquessauro era equivalente a cerca de dois ursos polares machos grandes (foto: Alamy)

N�s tendemos a imaginar os dinossauros como criaturas tropicais — r�pteis monstruosos e cheios de dentes que patrulhavam as florestas e p�ntanos de um planeta quente e �mido. Mas os cientistas v�m percebendo cada vez mais que isso n�o � totalmente correto.

Existiam tamb�m dinossauros em lugares mais frios e est� cada vez mais claro que eles estavam longe de serem visitantes ocasionais de climas mais amenos.

Da Austr�lia at� a R�ssia, cientistas j� desenterraram dezenas de dinossauros que podem um dia ter vivido no frio extremo, fechando seus olhos brilhantes para dormir enquanto olhavam para as luzes da aurora dan�ando todas as noites e, �s vezes, procurando alimento entre camadas de neve cristalina.

Esses dinossauros n�o estavam lutando para sobreviver � margem da sua zona habit�vel. Em lugares como o Alasca, eles estavam se multiplicando.

Essas descobertas t�m implica��es que v�o muito al�m das estranhas cenas que elas inspiram, com tiranossauros sacudindo a neve das suas (poss�veis) penas ou se preparando para enfrentar uma nevasca. Cada nova descoberta revela informa��es fascinantes sobre a fisiologia e o comportamento de grupo dos dinossauros polares.

E, � medida que os cientistas aprendem mais sobre eles, ficamos mais perto da resposta a uma das quest�es mais complexas da paleontologia: os dinossauros tinham sangue quente ou frio?

Uma descoberta surpreendente

Em 1961, o ge�logo Robert Liscomb estava mapeando as margens do rio Colville para a companhia petrol�fera Shell quando encontrou algo inesperado: um punhado de ossos saindo dos estratos do rochedo. Ele acreditava que deviam ser ossos de mam�feros, mas os levou consigo e guardou em um arm�rio.

Naquele mesmo ano, Liscomb morreu tragicamente em um desabamento. Por duas d�cadas, os ossos ficaram esquecidos, trancados nos arquivos da empresa.

Enquanto isso, f�sseis de dinossauros espalhados come�aram a surgir em outros locais no norte do planeta, incluindo pegadas na ilha norueguesa de Svalbard.


Imagem aérea do rio Colville, no Alasca
Os leitos de ossos de Liscomb, encontrados ao longo do rio Colville, no Alasca, revelaram mais dinossauros do �rtico do que qualquer outro lugar do hemisf�rio norte (foto: Alamy)

At� que, um dia, em 1984, houve uma descoberta fascinante: cientistas encontraram pegadas e impress�es da pele de dinossauros na mesma encosta ao norte do rio Colville, onde Liscomb encontrou seus ossos. Esta descoberta fez com que os ossos antigos fossem rapidamente retirados da gaveta e concluiu-se que aqueles tamb�m eram ossos de dinossauro.

A descoberta gerou intenso debate entre os paleont�logos. Animais de sangue frio certamente n�o conseguiriam viver naquele ponto t�o ao norte. Convic��es mantidas h� s�culos come�aram a ser questionadas e os estudos come�aram a fervilhar.

Logo ficaria claro que os ossos do rio Colville n�o foram encontrados por acaso. Os afloramentos ao longo das margens do rio estavam definitivamente repletos de f�sseis de dinossauros, mais do que havia sido encontrado em qualquer local da regi�o �rtica ou ant�rtica.

"E, o mais importante, � de longe o maior s�tio de dinossauros polares", afirma Druckenmiller.

� medida que as descobertas se acumulavam, as evid�ncias acabaram ficando irrefut�veis. Logo no princ�pio, j� havia in�meros f�sseis como o herb�voro edmontossauro (conhecido como "a vaca do cret�ceo"), um parente n�o identificado do tricer�tops e um �nico dente do predador alectrossauro - um tiranossauro com o tamanho aproximado de uma morsa.

Existiram, de fato, dinossauros polares, mas continuamos sem entender como eles sobreviveram. Por sorte, havia uma explica��o simples: eles s� viviam ali durante o calor — os dinossauros migravam.

Como suas primas distantes, as andorinhas-do-�rtico dos dias atuais, os dinossauros poderiam ter visitado os polos durante o ver�o e retornado para climas mais quentes durante o inverno. Alguns especialistas sugeriram que eles viajavam por at� 3,2 mil quil�metros de dist�ncia.

Mas esta teoria tamb�m encontrou um obst�culo.

Em um dia fresco de ver�o no cret�ceo superior, um enorme grupo de hadrossauros cruzou uma plan�cie lamacenta no �rtico. A temperatura era de cerca de 10-12ºC e esses animais herb�voros - com seus bicos usados para moer a vegeta��o e suas caudas enormes — haviam acabado de sobreviver a um intenso inverno, com temperaturas quase congelantes.

Eram milhares de indiv�duos de todas as idades - filhotes, adolescentes e adultos.

Sua caminhada atrav�s da lama pode ter durado apenas alguns minutos, mas seus rastros foram rapidamente cobertos por novos sedimentos e preservados por mil�nios, at� serem encontrados por cientistas humanos em 2014. As pegadas estavam t�o bem preservadas que foi poss�vel at� vislumbrar as escamas das patas dos dinossauros.


Representação gráfica do paquirrinossauro
Um esp�cime de paquirrinossauro encontrado nas margens do rio Colville viveu at� os 19 anos de idade (foto: Alamy)

Os f�sseis foram localizados em uma reserva natural do Alasca, a centenas de quil�metros ao sul das margens do rio Colville, mas ainda na regi�o do �rtico.

A presen�a de rastros de dinossauros jovens indicava que provavelmente eles permaneciam na regi�o por todo o ano. Afinal, os animais mais jovens n�o teriam conseguido fazer a longa migra��o.

Mas nem todos ficaram convencidos. Como Druckenmiller na sua faixa rochosa, que ele lutou para encontrar.

Tarefa delicada

Enquanto paleont�logos escavavam ossos da coxa do tamanho de golfinhos nas plan�cies queimadas pelo sol na Argentina, Druckenmiller precisou adotar uma estrat�gia diferente.

Quando a sua equipe come�ou a trabalhar no s�tio do rio Colville, as visitas ocorriam no ver�o, quando as temperaturas hoje s�o de cerca de 1 a 10°C. E eles descobriram rapidamente que aquilo estava longe do ideal.

Entre junho e agosto, o Alasca � invadido por mosquitos. Nuvens gigantes atacam seres humanos incautos.

Os mosquitos s�o tantos que foram apelidados de "as aves do Estado do Alasca". Mas esta era a menor das preocupa��es. As faces do rochedo onde eles trabalhavam eram compostas principalmente de rocha lamacenta, unida apenas pelo gelo, de forma inst�vel.

"O calor do ver�o � suficiente para que parte desse gelo derreta e os rochedos podem desabar de forma catastr�fica", afirma Druckenmiller. "Se voc� estiver perto de um deles, � o fim."

Os cientistas decidiram passar a visitar o local no inverno, o que tamb�m traz seus pr�prios problemas. Eles estavam trabalhando a apenas 32 km do Oceano �rtico e era simplesmente frio demais para que eles ficassem sentados o dia todo, peneirando ossos de beb�s de dinossauros.

Por isso, assim que a equipe encontrou sua t�o esperada camada de rocha, o sil�ncio do cen�rio vazio foi rapidamente interrompido pelo som das britadeiras e motosserras.

Primeiramente, a equipe cortou degraus no rochedo para poder atravess�-lo. Depois come�ou a escavar blocos inteiros de sedimentos que pareciam promissores e n�o ossos espec�ficos.

Os blocos foram carregados sobre tren�s e motos de neve e transportados por centenas de quil�metros atrav�s da tundra congelada at� o laborat�rio. E, quando essas amostras enormes estavam seguras na Universidade do Alasca, elas foram lavadas para retirar a argila.


Montanhas nevadas
Durante o cret�ceo superior, o mundo era mais quente, mas o rio Colville ficava a 82 graus ao norte do Equador %u2014 a mesma latitude atual da ilha de Ellesmere, no Canad� (foto: Getty Images)

"O que sobrou foi basicamente uma fra��o de areia e olhamos cada gr�o de areia no microsc�pio em busca de pequenos ossos e dentes", explica Druckenmiller.

"� um processo muito lento e demorado. � como batear em busca de ouro, mas procurando dinossauros."

Ele estima que, em uma d�cada, sua equipe examinou milh�es de part�culas de areia em busca desses f�sseis min�sculos. E o que eles encontraram foi extraordin�rio.

"N�s n�o t�nhamos apenas um ou dois tipos de beb�s dinossauros", afirma Druckenmiller. "Na verdade, temos evid�ncias de sete grupos diferentes de dinossauros, herb�voros e carn�voros, esp�cies grandes e pequenas."

� importante observar que o fato de que os dinossauros faziam ninhos significa que, com quase total certeza, eles n�o migravam quando o tempo esfriava.

Algumas esp�cies comuns de dinossauros, como os hadrossauros com bico de pato, precisavam de seis meses para incubar seus ovos. Por isso, se as m�es come�assem a choc�-los na primavera, seria quase inverno na �poca da eclos�o.

Para nascer no �rtico e evitar o inverno com seus meses de escurid�o, esses beb�s precisariam, de alguma forma, migrar imediatamente ap�s o nascimento por milhares de quil�metros.

O tempo simplesmente n�o era suficiente.

"Isso desafia a l�gica", segundo Druckenmiller. "Temos quase certeza de que esses dinossauros eram moradores permanentes."

Neste caso, como teria sido a vida desses dinossauros polares? E como eles conseguiam sobreviver?

Mist�rio no gelo

Era in�cio de mar�o no cret�ceo superior, na floresta aberta no �rtico que se transformaria, um dia, no s�tio arqueol�gico do rio Colville.

Os ramos das con�feras e antigas �rvores gingko biloba estavam come�ando a criar folhas, fornecendo sombras coloridas a uma camada inferior de samambaias e cavalinhas abaixo delas.

Grupos de hadrossauros alimentavam-se distra�dos das folhagens, enquanto paquirrinossauros machos, parentes fortes dos tricer�tops, exibiam seus extravagantes adornos no pesco�o na esperan�a de atrair uma parceira, talvez bufando ocasionalmente pelo nariz longo e volumoso.

Essa relativa calma pode ter sido interrompida de vez em quando por uma persegui��o e um grasnado, quando as garras de um nanuquessauro ("lagarto urso polar") faminto conseguiam capturar um tescelossauro bicudo e escamoso.

Com o sangue escorrendo pela cobertura macia das suas penas de tom branco-neve, como �s vezes � ilustrado, ele pode ter sido muito parecido com o seu hom�nimo atual.

Perto dali, havia diversos ninhos — talvez em ber��rios comunit�rios, se os dinossauros polares fossem como seus parentes do sul. Neles, os moradores locais incubavam seus ovos.

Saurornitolestinas — parentes dos velociraptores, parecidos com aves — acomodavam-se sobre seus ovos e podem ter usado seus dentes caracter�sticos para alisar as penas.


Desenho do terizinossauro
Um dos dinossauros mais estranhos do Alasca talvez fosse o terizinossauro %u2014 um herb�voro lento e colossal com longos e assustadores dedos em forma de foice (foto: Alamy)

Por d�cadas ou s�culos, alguns dos dinossauros que morreram na regi�o acabaram sendo levados pela �gua para um rio ou lago pr�ximo.

"Mas os sedimentos foram espalhados de forma que os ossos e dentes se concentrassem nesses pequenos dep�sitos pontuais", explica Druckenmiller.

Diversos dinossauros identificados nos sedimentos em s�tios arqueol�gicos ao longo do rio Colville nunca foram encontrados em outro local, como o Ugrunaaluk kuukpikensis ("antigo animal que pastava", no idioma local inupiat), uma esp�cie de hadrossauro.

� claro que isso n�o significa que eles n�o possam ser encontrados algum dia, nem comprova necessariamente que eles tivessem alguma adapta��o especial para o frio. Mas � algo promissor.

Druckenmiller acredita que � prov�vel que os dinossauros do Alasca tivessem pelo menos algumas caracter�sticas exclusivas, como comportamentos que evolu�ram para ajud�-los a enfrentar as condi��es do �rtico.

"Existem raz�es para acreditar que talvez algumas das esp�cies menores, especialmente os herb�voros, fossem suficientemente pequenas para fazer uma toca e hibernar no inverno", afirma ele.

Essas indica��es preliminares v�m dos an�is de crescimento em cortes transversais dos ossos, como os dos troncos das �rvores — marcas que mostram as varia��es do padr�o de crescimento dos animais ano ap�s ano. Se o crescimento for suspenso, como ocorre durante a hiberna��o, esse espa�o deixa um anel.

Segundo Druckenmiller, foram encontradas essas faixas distintas em diversos dinossauros das margens do rio Colville e alguns deles podem ter hibernado.

Elas v�m se somar �s evid�ncias encontradas em outros locais, de que os dinossauros podem ter tido pelo menos algumas das adapta��es necess�rias, como a forma��o de tocas.

Em 2007, o esqueleto fossilizado de um orictodromeu — um dinossauro com o tamanho aproximado de um pastor-alem�o — foi encontrado ao lado de dois animais jovens em um buraco pequeno e confort�vel no sudoeste de Montana, nos Estados Unidos.

Todo o conjunto havia sido sepultado e permaneceu ali intocado por cerca de 100 milh�es de anos. Eles fazem parte do mesmo g�nero do tescelossauro e seus membros tamb�m foram encontrados no s�tio arqueol�gico do rio Colville.

"E o fato de termos esses parentes pr�ximos no Alasca indica que talvez essas esp�cies tamb�m fa�am tocas, mas para hibernar", segundo Druckenmiller. Mas, infelizmente, comprovar isso seria extremamente dif�cil, a menos que fosse encontrada outra toca no �rtico.


Ovos de dinossauro
Acredita-se que os dinossauros do �rtico come�assem a fazer seus ninhos no in�cio da primavera (foto: Alamy)

Outra possibilidade � que os dinossauros enfrentassem o frio da mesma forma que fazem muitos mam�feros modernos, formando uma camada de gordura corporal.

Druckenmiller menciona o alce e o caribu como exemplos. Eles aumentam de peso todo ver�o e sobrevivem com uma combina��o das suas reservas de gordura e forragem de baixa qualidade no inverno, quando o alimento � escasso. E esta estrat�gia tem ainda a vantagem de mant�-los quentes.

"Eles fazem isso, basicamente, passando fome lentamente", explica ele. "N�o existe motivo por que os dinossauros n�o poderiam ter feito o mesmo."

Mas existe uma adapta��o mais �bvia: como os dinossauros regulavam sua temperatura corporal. Os cientistas v�m debatendo se os dinossauros eram animais de sangue frio ou quente desde que eles foram descobertos.

No s�culo 19, considerava-se geralmente que eles fossem essencialmente enormes r�pteis ectot�rmicos - eles n�o conseguiam gerar seu pr�prio calor corporal e precisavam banhar-se ao sol, como fazem os r�pteis modernos. Quando as simb�licas esculturas de dinossauros do Pal�cio de Cristal, em Londres, foram inauguradas em 1854, elas se pareciam com robustos lagartos escamosos.

Mas, � medida que os especialistas aprendiam mais sobre as vidas dos dinossauros e come�avam a perceber que as aves modernas s�o, essencialmente, dinossauros com bicos e penas, muitos come�aram a questionar se aquilo era verdade.

Por fim, eles formaram um consenso de que os dinossauros provavelmente mantinham suas temperaturas em algum ponto entre os r�pteis e as aves — e, at� recentemente, ainda havia certa falta de evid�ncias concretas. Os dinossauros do �rtico vieram mudar tudo isso.

"Um dos pontos que consideramos em toda esta hist�ria � que esses dinossauros, com quase total certeza, eram animais de sangue quente, at� certo ponto", explica Druckenmiller. "Certamente, esses dinossauros tinham algum grau de endotermia — eles produziam seu pr�prio calor interno. � uma esp�cie de pr�-requisito para viver em um ambiente frio."

Surpreendentemente, nunca foram encontrados restos fossilizados de r�pteis nos s�tios arqueol�gicos do Alasca — apenas aves e mam�feros, al�m dos dinossauros.

"Agora, se voc� trabalhar em Montana e procurar dinossauros, por todo o caminho voc� ir� encontrar crocodilos, tartarugas, lagartos... n�s nunca encontramos nenhum vest�gio desses grupos de sangue frio", afirma Druckenmiller.


Representação gráfica de dinossauros herbívoros com bico de pato
No cret�ceo superior, o Alasca era o lar de dinossauros herb�voros com bico de pato, alguns com milhares de dentes (foto: Alamy)

� claro que nem todos os dinossauros eram necessariamente de sangue quente. Existem evid�ncias de que sua temperatura corporal pode ter variado em at� 17°C, dependendo do grupo, de 29 at� 46°C. Comparativamente, a maioria dos mam�feros mant�m-se na faixa de 36 a 40°C, enquanto as aves s�o significativamente mais quentes, variando de 41 at� 43°C.

Mas as consequ�ncias s�o enormes. Os animais endot�rmicos tipicamente possuem certas caracter�sticas comuns, como maiores velocidades de crescimento e maior necessidade de alimento.

Fundamentalmente, acreditava-se que isso foi o que permitiu que alguns grupos sobrevivessem ao resfriamento global historicamente responsabilizado pela extin��o dos dinossauros. Mas, se os mam�feros e as aves conseguiram lidar com isso, por que n�o os dinossauros do �rtico?

� medida que as evid�ncias dos dinossauros do �rtico come�aram a acumular-se nos anos 1980, os cientistas j� percebiam que eles poderiam precisar de outra explica��o.

Atualmente, acredita-se que o motivo real da extin��o da maioria deles tenha sido seu tamanho, que significava que eles simplesmente precisavam de mais alimento do que havia dispon�vel. A exce��o � o maniraptor ("m�os de captura").

Os membros menores deste grupo emplumado chegavam a pesar cerca de 1 kg e conseguiram resistir e adaptar-se. Sua linhagem resultou nas aves atuais.

A cada nova descoberta, esses dinossauros quase polares trazem indica��es sobre a diversidade e a resili�ncia dos seus parentes em todo o planeta — e nos mostram que eles eram muito mais do que apenas lagartos gigantes.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-63828474


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)