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Estado de Minas AQUECIMENTO GLOBAL

A onda de calor no mar que preocupa cientistas

As ondas de calor n�o s�o um fen�meno apenas sentido em terra. O oceano tamb�m sofre efeito semelhante, com graves consequ�ncias para o clima do planeta.


25/07/2023 09:17 - atualizado 25/07/2023 11:09
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Flórida
Temperaturas da �gua na Fl�rida subiram em junho (foto: Getty Images)

O m�s de junho e os primeiros dias de julho foram os mais quentes j� registrados, segundo a Organiza��o Meteorol�gica Mundial.

Moradores do sul dos Estados Unidos e do sul da Europa enfrentaram temperaturas sufocantes, in�meros alertas sobre o perigo do calor, inc�ndios florestais e grave deteriora��o da qualidade do ar.

Os recordes, no entanto, n�o foram quebrados apenas em terra, mas tamb�m na �gua.

As temperaturas globais da superf�cie dos oceanos foram mais altas do que em qualquer outro m�s de junho, de acordo com um relat�rio do Copernicus Climate Change Service, da Uni�o Europeia, que registrou leituras de sat�lite particularmente altas no Atl�ntico Norte.

O m�s passado tamb�m estabeleceu um recorde nos dados coletados pelo Escrit�rio Nacional de Administra��o Oce�nica e Atmosf�rica (NOAA). Foi a maior diferen�a entre as temperaturas esperadas e verificadas j� registrada.

As temperaturas da �gua na Fl�rida t�m sido especialmente quentes. E os pesquisadores tamb�m t�m monitorado uma grande onda de calor marinho em andamento na costa oeste dos EUA e do Canad�, que se formou em maio.

Enquanto a onda de calor j� diminuiu no Atl�ntico Nordeste, de acordo com a ONG cient�fica Mercator Ocean International, outra no Mediterr�neo Ocidental parece estar se intensificando, especialmente em torno do Estreito de Gibraltar.


Costa vista de cima
Pesquisadores t�m monitorado uma grande onda de calor marinho em andamento na costa oeste dos EUA e do Canad� (foto: Getty Images)

Temperaturas extremas do mar tamb�m foram observadas na Irlanda, no Reino Unido e no Mar B�ltico, bem como em �reas pr�ximas � Nova Zel�ndia e Austr�lia. Mais recentemente, os cientistas passaram a suspeitar da exist�ncia de uma poss�vel onda de calor ao sul da Groenl�ndia, no Mar do Labrador.

“Estamos tendo essas enormes ondas de calor marinho em diferentes partes do oceano que evoluem inesperadamente cedo no ano, muito fortes e em grandes �reas”, diz Karina von Schuckmann, ocean�grafa da Mercator Ocean.

'Sem precedentes'

Carlo Buontempo, diretor do Copernicus Climate Change Service da Uni�o Europeia, diz que cientistas esperam grandes varia��es de temperatura no Oceano Pac�fico, associadas ao padr�o clim�tico do El Ni�o.

Segundo ele, essa nova fase do aquecimento global est� apenas come�ando, embora a NOAA esteja monitorando uma grande onda de calor no Golfo do Alasca desde 2022.

Mas o que estamos vendo atualmente no Atl�ntico Norte � realmente "sem precedentes", diz Buontempo.

Os cientistas ainda est�o tentando desvendar todas as causas.

Mudan�as de curto prazo nos padr�es regionais de circula��o oce�nica e atmosf�rica podem fornecer as condi��es para per�odos de intenso calor do mar por semanas, meses e at� anos.

Mas o aumento de longo prazo nas temperaturas dos oceanos, impulsionado por um aumento nas emiss�es de gases de efeito estufa, � um fator-chave nas recentes ondas de calor.


Mapa
O Oceano Atl�ntico Norte e o Mar Mediterr�neo experimentaram temperaturas recordes nos �ltimos meses (foto: Uni�n Europea/Copernicus )

Cerca de 90% do excesso de calor gerado pela mudan�a clim�tica causada pela atividade humana foi armazenado no oceano, e a taxa de ac�mulo de calor no sistema clim�tico da Terra dobrou nas �ltimas duas d�cadas.

Um relat�rio de 2021 do Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas (IPCC) descobriu que as ondas de calor marinhas dobraram de frequ�ncia entre 1982 e 2016 e se tornaram mais intensas e mais longas desde a d�cada de 1980.

Outro fator que possivelmente contribuiu � o volume de aeross�is na atmosfera, que t�m um leve efeito de resfriamento, mas parece ter diminu�do como resultado das tentativas de conter a polui��o emitida pela ind�stria naval.

Mais recentemente, registrou-se uma diminui��o incomum nas nuvens de poeira do Saara, que normalmente causam resfriamento.

Pode piorar

As ondas de calor marinho registradas atualmente podem at� piorar. Embora alguns pesquisadores n�o acreditem que o pr�prio El Ni�o seja o fator que impulsiona a situa��o no Atl�ntico Norte, a OMM afirma que o fen�meno contribui para o aquecimento dos oceanos em geral.

Especialistas est�o ainda preocupados que as ondas de calor possam afetar a vida nos oceanos, a pesca e os padr�es clim�ticos.


Peixes
As ondas de calor no mar podem ter s�rio impacto na pesca, segundo pesquisadores (foto: Getty Images)

As temperaturas recordes na costa oeste da Austr�lia durante o ver�o de 2010/2011 resultaram em “devastadoras” mortes de peixes e destru�ram florestas de algas, al�m de terem mudado fundamentalmente o ecossistema costeiro.

V�rios anos depois, em 2016, uma onda de calor marinho sem precedentes causada pelas mudan�as clim�ticas e amplificada por um forte El Ni�o levou ao pior branqueamento de corais j� visto na Grande Barreira de Corais.

As ondas de calor podem desencadear eventos de branqueamento de corais e j� potencializam o estresse que os ecossistemas de recifes est�o sofrendo em todo o mundo.

As altas temperaturas podem fazer com que os p�lipos de coral expulsem as zooxantelas que vivem em seus tecidos, tornando-os brancos e mais vulner�veis %u200B%u200Ba doen�as e outras amea�as.

No Mar Mediterr�neo, temperaturas excepcionais entre 2015 e 2019 causaram repetidos eventos de morte em massa de esp�cies-chave, como corais e algas.

Um estudo recente descreveu as ondas de calor marinho desse tipo como “causadoras de estresse generalizado para os ecossistemas marinhos globais”.


Recife de corais
O calor da �gua produz branqueamento de corais (foto: Getty Images)

As ondas de calor marinho tamb�m facilitam a prolifera��o de esp�cies invasoras.

As algas japonesas, por exemplo, proliferaram na Nova Zel�ndia quando uma onda de calor de 2017 a 2018 no Mar da Tasm�nia destruiu as algas nativas da �rea.

Dan Smale, ecologista marinho da Associa��o de Biologia Marinha do Reino Unido e membro da For�a-Tarefa Internacional sobre Ondas de Calor Marinho, diz que "choque curtos e r�pidos" n�o d�o tempo para as esp�cies se redistribu�rem e aquelas que est�o no limite da capacidade de seus corpos acabam particularmente em risco.

Ao redor da costa brit�nica, que n�o � considerada um ambiente extremo e onde os cientistas esperam que os ecossistemas mudem gradualmente, uma onda de calor marinho que dure todo o ver�o pode ser mortal.

No entanto, ainda h� muito a aprender sobre o impacto das ondas de calor marinho em compara��o �s que ocorrem em terra, porque o monitoramento � mais dif�cil e faltam registros de longa data, diz Smale.

“As informa��es que os sat�lites nos fornecem desde o in�cio dos anos 1980 s�o fant�sticas…o problema � quando tentamos ir al�m”, diz ele.

Oceanos quentes por um tempo

Uma queda significativa na quantidade de fitopl�nctons j� foi observada no Atl�ntico Norte, algo que a Mercator Ocean atribui �s recentes ondas de calor.


Plantas marinhas
A onda de calor contribui para a prolifera��o de esp�cies invasoras (foto: Getty Images)

A flora��o na primavera � crucial porque fornece a maior parte da energia necess�ria para sustentar a cadeia alimentar marinha na �rea e � uma contribui��o substancial para a absor��o global de CO2 dos oceanos.

A economia da pesca regional tamb�m pode ser afetada.

Uma onda de calor no noroeste do Atl�ntico em 2012 fez com que esp�cies que preferem �guas quentes se mudassem para o norte, migrando mais cedo do que o normal e mudando quando e quanto CO2 foi capturado.

O Atl�ntico Norte tamb�m � um dos principais impulsionadores do clima extremo.

As temperaturas elevadas da superf�cie do oceano podem levar a furac�es, embora ainda n�o se saiba se o El Ni�o ir� exacerbar ou atenuar esse efeito no pr�ximo ano.

Por outro lado, o calor das �guas do Atl�ntico Norte � o fator mais importante por tr�s do ciclo alternado entre secas e chuvas abundantes na �frica Central.

No geral, os especialistas acreditam que a persist�ncia das recentes ondas de calor marinho � um sinal preocupante de como a mudan�a clim�tica est� ocorrendo ao lado de ondas de calor em terra, derretimento incomum da cobertura de neve no Himalaia e perda de gelo marinho.

Von Schuckmann diz que mesmo que os humanos parassem de emitir CO2 totalmente amanh�, os oceanos continuariam a aquecer nos pr�ximos anos.

“Como cientista do clima, estou preocupado com o fato de termos chegado mais longe do que pens�vamos.”

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.


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