
Mais que um item da gastronomia mineira, o ora-pro-n�bis � um patrim�nio cultural. Especialmente em Sabar�, a folha verde-escura tem uma import�ncia hist�rica t�o significativa que faz parte da identidade dos moradores.
Para valorizar e perpetuar o saber e a tradi��o que envolve o ingrediente, a empresa de minera��o de ouro AngloGold Ashanti acaba de lan�ar um caderno de receitas que ensina a preparar a verdura com costelinha e at� transform�-la em pudim.
Segundo a gerente de patrim�nio cultural e mem�ria empresarial da AngloGold Ashanti, Rivene de Oliveira, o caderno de receitas vem somar ao que j� se faz em Sabar� para divulgar o ora-pro-n�bis.
O modo de fazer de pratos com ora-pro-n�bis est� registrado como bem imaterial no livro dos saberes do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). A cidade realiza o Festival do Ora-pro-n�bis em maio, quando serve as mais diferentes receitas com o ingrediente. Al�m disso, os restaurantes atraem visitantes o ano inteiro interessados em experimentar pratos t�picos.

Ao evocar cheiros, sabores e mem�rias, a empresa, que tem uma opera��o na cidade, quer aproximar um p�blico ainda maior das nossas tradi��es. “Quanto mais as pessoas entenderem o ora-pro-n�bis como patrim�nio cultural, maior a possibilidade de se fortalecer essa identidade e perpetuar esse saber na nossa hist�ria”, analisa.
Cinco mulheres que moram em Sabar� participam da publica��o com suas hist�rias e receitas. S�o cozinheiras de m�o cheia, de gera��es diferentes, que lidam diariamente com o ora-pro-n�bis, seja em casa ou em restaurantes.
Reconhecidas pela comunidade
A escolha tamb�m levou em considera��o quem valoriza essa cultura e � reconhecida na comunidade pelo que faz. “Al�m de saber cozinhar, era importante que essas personagens transmitissem o saber e mantivessem vivo o ora-pro-n�bis no dia a dia das pessoas”, completa Rivene.
As receitas selecionadas mostram a diversidade da verdura. O caderno ensina a fazer desde a tradicional costelinha com ora-pro-n�bis at� o inusitado pudim que ganha cor e sabor com a folha. Outro prato que foge do comum � a panqueca com recheio de carne mo�da e ora-pro-n�bis.
Duas receitas trazem a cl�ssica combina��o com frango, entre elas o rasgado de ora-pro-n�bis, que ainda tem milho verde em espiga e como angu.

“Selecionamos um conte�do bem diversificado, porque nem todo mundo tem habilidade na cozinha, mas tem curiosidade de aprender”, explica Rivene. “Essas mulheres mostram que, na simplicidade, d� para ter um prato com sabor maravilhoso.”
A fam�lia de Maria da Fonseca, mais conhecida como Dona Maria do Pomp�u, t�m tradi��o de cozinhar com ora-pro-n�bis. Tudo come�ou quando a matriarca abriu o restaurante Dona Maria do Pomp�u, h� 24 anos, depois do sucesso do seu prato marreco com ora-pro-n�bis. De l� para c�, a cozinheira nunca deixou de transmitir seu conhecimento.
No caderno, enquanto ela ensina a fazer a costelinha, a filha Regina Fonseca Reis apresenta o pudim e a neta (e chef do seu restaurante) Sandra Alves assina a receita da panqueca.
Regina diz que aprendeu tudo com a m�e. H� sete anos, ela deixou o Dona Maria do Pomp�u para abrir o seu pr�prio restaurante, Ouro Verde. “Muita gente vem procurando o ora-pro-n�bis. Quem n�o comeu quer provar e quem j� comeu com certeza quer comer de novo porque � muito gostoso.” A cozinheira at� plantou um p� na porta para deixar o ingrediente bem em evid�ncia.
Inven��o de receitas
L� no restaurante, ela usa ora-pro-n�bis em tudo. A procura maior � por pratos tradicionais, com costelinha e frango, mas ela gosta de inventar receitas. J� fez tapioca, lasanha e pudim, servido todo fim de semana de sobremesa.
“Muita gente tem receio de provar um doce com verdura, mas fica muito gostoso”, garante a cozinheira, que tem passado esse conhecimento para os filhos.

O ora-pro-n�bis alimentou toda a fam�lia de Maria da Concei��o Marques. A aposentada conta que sua m�e criou os oito filhos com a verdura, numa �poca em que n�o dava para comer carne.
Ao longo do tempo, ela trabalhou em restaurantes e casas de fam�lia e foi criando pratos diferentes, guiando-se pelo que aprendeu com a m�e (que, por sua vez, aprendeu com a av�). “D� para criar o que voc� quiser. Tudo o que me d� na telha eu fa�o”, diz a cozinheira, que colhe as folhas no muro de casa.
Maria da Concei��o ficou conhecida na cidade pelo rasgado, receita que ela inventou e agrada a todo mundo. O prato tem esse nome porque as folhas de ora-pro-n�bis s�o rasgadas e se juntam ao frango caipira, espiga de milho verde e angu. A sugest�o � servi-lo com arroz, feij�o e torresmo.
“O chef � o ora-pro-n�bis, ele que d� dire��o. Vejo o que d� para combinar com ele e vou fazendo”, explica. A cozinheira costuma servir o rasgado quando a casa est� cheia com os tr�s filhos, cinco netos e quatro bisnetos.
Servi�o
Acesse o caderno de receitas pelo site www.anglogoldashanti.com.br/orapronobis/