
O barista brasileiro de renome mundial, Boram Um, de 32 anos, se encontra em uma encruzilhada. Depois de anos dedicando-se intensivamente a competi��es, ele alcan�ou o auge em 2021, ao vencer o Campeonato Mundial de Barista. Este feito, in�dito para o Brasil desde a cria��o do torneio, em 2000, interrompeu a rotina incessante de treinos de Boram. Agora, o desafio � definir o pr�ximo passo.
De ascend�ncia sul-coreana e formado em administra��o pela Universidade de Boston, Boram ingressou no mercado financeiro, mas em 2014 decidiu mudar de ares. Ele se juntou ao pai, que cultivava caf� em Minas Gerais desde 2009, e come�ou a trabalhar com controle de qualidade e exporta��o. Em suas viagens por feiras e eventos do setor, Boram percebeu que o caf� brasileiro n�o era bem visto na ind�stria de caf�s especiais. "As pessoas diziam que o Brasil produzia caf� comercial, n�o especial", relembra.
Por�m, em 2015, Boram teve um momento revelador ao assistir ao Campeonato Mundial de Barista em Seattle, EUA. Inspirado pelo australiano Sasa Sestic, o campe�o daquele ano, Boram decidiu que queria ser o melhor barista do mundo. Ele come�ou a competir em 2019 e, ap�s vencer o campeonato brasileiro no mesmo ano, representou o pa�s na etapa mundial, mas caiu na semifinal. O mesmo aconteceu no ano seguinte.
Em 2021, Boram estava confiante de que seria diferente. E estava certo. Em junho, ele triunfou em Atenas, onde ocorreu o World Barista Championship. O an�ncio dos vencedores foi feito pelo brasileiro Edgard Bressani, autor do "Guia do Barista" e respons�vel por trazer os campeonatos de barista para o Brasil no in�cio dos anos 2000.
Boram, descrito como "dedicado" e "focado", treinava at� 12 horas por dia para as competi��es. Agora, com o t�tulo mundial em m�os, ele planeja usar sua influ�ncia para promover o caf� brasileiro.
O campe�o tamb�m pretende se concentrar no trabalho na cafeteria da fam�lia, a Um Coffee Co., em S�o Paulo. "Quero ajudar a elevar a qualidade do caf� brasileiro", afirma Boram.
No campeonato mundial, Boram apresentou tr�s bebidas: um espresso, uma bebida com leite e um coquetel. Para o espresso, ele usou um caf� da variedade geisha do Panam�. Para a bebida com leite, ele usou uma mistura de gr�os do Panam� (70%) e do Brasil (30%). Seu coquetel era 100% caf� brasileiro.
A partir de agosto, Boram embarcar� numa s�rie de compromissos internacionais como parte de suas responsabilidades de campe�o. Ele espera mudar a percep��o negativa do caf� brasileiro que encontrou em suas viagens de 2015. "Quero que o Brasil seja reconhecido como produtor de caf� de qualidade", conclui Boram.