� frente do Pirex, Isabela Rocha incentiva que mais mulheres ocupem lugares de comando em bares (foto: Hugo Cordeiro/Divulga��o)
Quatro jovens decidiram mudar de profiss�o. E escolheram trabalhar na cozinha. Willian Oliveira, Isabela Rocha, Kalinka Campos e Eberton Borodinas s�o nomes da nova gera��o da gastronomia belo-horizontina. No dia da estreia desta p�gina de gastronomia, nada melhor do que apresentar quem estreou como chef no �ltimo ano.
De estagi�rio a cozinheiro, subchef e chef. Aos 25 anos, Willian Oliveira conquistou o mais alto posto de uma cozinha profissional. � ele quem comanda, h� noves meses, a equipe do restaurante O Jardim. “Sabia que isso viria como consequ�ncia do meu trabalho, mas n�o imaginava que seria t�o r�pido e em um restaurante desse tamanho. Aqui tem 120 lugares”, comenta.
Will nasceu em Alto Paraguai (MT) e cresceu vendo a m�e cozinhar. Veio para BH em 2015 para estudar engenharia civil, mas sua vida deu uma reviravolta quando decidiu se distanciar dos n�meros para se envolver com as panelas. E n�o saiu mais da cozinha.
Respeito � a palavra que rege a cozinha de Will. Tanto pelas pessoas quanto pelos ingredientes. “Passei por situa��es que prometi nunca levar para as cozinhas onde trabalhasse.”
Will Oliveira trocou engenharia por gastronomia e, em seis anos, virou chef do restaurante O Jardim (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Aos poucos, ele quer deixar o menu mais a sua cara, incluindo pratos com influ�ncias do Mato Grosso. Seu plano � trabalhar com peixes de rio, mandioca, carne seca e frutos do cerrado, como pequi, tamarindo e seriguela.
Ser chef n�o era uma possibilidade para Isabela Rocha, de 30. Ela estudou matem�tica na UFMG e j� trabalhava no financeiro de uma empresa quando, no �ltimo per�odo do curso, insatisfeita, lembrou-se do que mais gostava de fazer desde crian�a: cozinhar.
Conseguiu uma vaga de est�gio no Alma Chef e, em um m�s, foi contratada como auxiliar de cozinha. Brinca que implementou o Plano 50 anos em 5 de JK: trabalhava 16 horas por dia para aprender o m�ximo que pudesse. At� chegar ao Pacato.
Rochinha, como � conhecida, estava de f�rias quando recebeu um convite inesperado: assumir a cozinha do Bar Pirex, onde est� h� sete meses.
“Gest�o de pessoas � muito mais dif�cil do que cortar cebola ou cenoura. N�o falo que estou pronta, mas estou melhor do que era e continuo aprendendo. Consigo cobrar da equipe sem gritar, s� conversando, e consigo ensinar tamb�m.”
A ideia do Maria Cozinha Brasileira veio de um sonho em que Eberton Borodinas cozinhava com a m�e (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O novo desafio de Rochinha tem reflexos na gastronomia de BH. Primeiro, chega como um incentivo para que mais mulheres ocupem lugares de comando em bares. Al�m disso, a chef mostra que a cozinha de onde saem petiscos pode e deve se basear em t�cnica. “N�o fazemos nada novo, mas entregamos o convencional bem-feito e surpreendente”, resume.
Kalinka Campos, de 31, era a respons�vel pelo comercial da Fermentaria Lambe Lambe. Quando a marca planejava a abertura da loja da Galeria S�o Vicente, no Centro, e decidiu servir algo de comer para acompanhar as bebidas fermentadas, seu lado cozinheira entrou em cena. H� cinco meses, ela comanda a cozinha do bar.
Os s�cios buscavam um lanche r�pido, mas que n�o fosse �bvio como hamb�rguer ou cachorro-quente. Queriam inovar, como fizeram com a bebida. Kak�, ent�o, desenvolveu os sandu�ches cacetinho e cacet�o, com brioche crocante e recheio cremoso. Os nomes remetem ao p�o em Portugal, mas s�o inspirados no brasileir�ssimo p�o de alho. Tudo � produzido na loja semanalmente.
“Acho uma responsabilidade muito grande ser chef, principalmente pensando nos nomes de mulheres brilhantes que tenho como refer�ncia em BH. Isso traz para mim o compromisso de estudar e honrar o lugar dessas mulheres dentro da cozinha.”
H� seis meses, al�m do comercial, Kalinka Campos comanda a cozinha da Fermentaria Lambe Lambe (foto: Yury Oliveira/Divulga��o)
Kak� vem de uma fam�lia que sempre se reuniu para cozinhar. Sua m�e chegou a ter um restaurante de comida mineira em Pitangui (MG) e uma tia � descrita como quitandeira “de m�o cheia”. No bar, s� trabalham mulheres.
Formado em biologia, o paulista Eberton Borodinas, de 29, direcionava a carreira para a �rea acad�mica. Com a morte da m�e, ele resgatou lembran�as de quando a acompanhava nos afazeres de um bar, onde pegou gosto pela cozinha, e mudou a rota da vida.
Dois anos depois de vir para BH, onde trabalhou em v�rias cozinhas, Beto inaugurou o seu primeiro restaurante, Maria Cozinha Brasileira.
A ideia veio de um sonho em que cozinhava com a m�e em um fog�o vermelho. A decora��o do restaurante reproduz exatamente essa cena. O card�pio prop�e uma viagem por v�rias regi�es do Brasil.
“Somos um ponto de divulga��o da gastronomia brasileira e de democratiza��o do acesso a uma comida mais elaborada. Muita gente, infelizmente, n�o conhece ingredientes como maxixe e tucupi e come mais risoto do que bai�o de dois”, comenta.
Para mudar isso, h� sete meses ele oferece um menu degusta��o de cinco tempos por R$ 99,90. Semanas atr�s, serviu, por exemplo, pastel de vento com vatap� de camar�o, bai�o de dois e banana caramelizada com calda de tapereb�, creme de requeij�o moreno e telha de queijo coalho com canela. Beto est� feliz de servir a comida que sempre esteve nos seus sonhos.
Will Oliveira (O Jardim)
Steak tartar em chips de batata com picles de pepino, cebola roxa, crispy de alcaparras e ervas frescas do restaurante O Jardim
(foto: Victor Schwaner/Divulga��o)
O menu do restaurante O Jardim combina refer�ncias internacionais e t�cnicas brasileiras. De entrada, destaque para o steak tartar apoiado em chips de batata com picles de pepino, cebola roxa, crispy de alcaparras e ervas frescas (R$ 44).
Depois, a sugest�o � a costela bovina braseada na cerveja preta com molho roti acompanhada de aligot feito com queijo minas e parmes�o, cebola tostada e folhas de agri�o (R$ 98). Se quiser um prato para compartilhar, n�o deixe de pedir a suculenta paleta de cordeiro com chimichurri de hortel� e pasta de berinjela defumada (R$ 340). Serve tr�s pessoas.
>> Avenida C�nsul Ant�nio Cadar, 117, Santa L�cia
(31) 3318-7787
Isabela Rocha (Pirex)
Vinagrete de cora��o do bar Pirex (foto: Victor Schwaner/Divulga��o)
A estufa do Pirex re�ne uma infinidade de petiscos quentes e frios. Para facilitar a escolha, vamos falar logo do “inigual�vel” torresmo de barriga (R$ 28). No tempero, s� alho, sal e pimenta, mas a receita envolve muita t�cnica e paci�ncia.
Outras boas pedidas s�o o frango a passarinho desossado com pasta de alho assado (R$ 32) e a l�ngua cozida na cerveja preta com vinagrete de ma�� verde (R$ 32).
Da estufa fria, a indica��o � o encantador vinagrete de cora��o de galinha (R$ 28) e a “marmitinha” de berinjela em duas vers�es: caponata e babaganoush (R$ 20).
Frango caipira, polenta, quiabo e arroz de alho do restaurante Maria Cozinha Brasileira (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O tour pelo Brasil pode come�ar pelo interior de S�o Paulo, com o frango caipira, polenta, quiabo e arroz de alho (R$ 45,90), receita da m�e do chef. Aproveite para dar um pulo no Nordeste com o arroz de leite com carne de sol da casa, raspas de puxuri e telha de queijo coalho (R$ 49,90 ), t�pico da Para�ba.
Do Sul, tem a polenta brustolada com frango desfiado e picles de quiabo (R$ 29,90). J� a Amaz�nia � homenageada com o carbonara de palmito pupunha, bacon e camar�o, finalizado com a pimenta ind�gena baniwa, gema de ovo curada e queijo mineiro (R$ 52,90 ).
S�o quatro op��es de recheios para os sandu�ches da Fermentaria Lambe Lambe (foto: Victor Schwaner/Divulga��o)
O brioche e o creme de alho com queijo s�o comuns �s quatro op��es de cacetinho (R$ 18) e cacet�o (R$ 25). Mudam apenas os recheios, pensados para se lambuzar. Entre eles, costela cremosa com cubos de requeij�o em barra e frango ao molho de tomate com mix de pimentas, maionese de bacon e crispy de cebola.
O card�pio � enxuto, mas ainda tem espa�o para o sandu�che de cora��o de galinha com maionese de chimichurri e o de ragu de cogumelos com amendoim e sementes de girassol no lemon pepper. Todos s�o servidos com a maionese verde da casa.