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Mais do que ruas e quarteir�es: BH ter� semana das culturas ind�genas

Projeto de lei que tramita na C�mara Municipal pretende dar visibilidade aos cerca de 4 mil ind�genas que vivem na Capital e regi�o metropolitana


14/09/2021 11:20 - atualizado 14/09/2021 15:08

Indígenas protestam por direitos na Praça Sete no Centro de BH
Ind�genas protestam por direitos na Pra�a Sete no Centro de BH (foto: Arquivo pessoal)

O mapa de Belo Horizonte passa pela Rua dos Tupis, Rua dos Tupinamb�s, Rua dos Carij�s, Rua dos Caet�s. No Centro, povos ind�genas tamb�m nomeiam lugares importantes. A Pra�a Sete � formada pelos quatro quarteir�es: Maxacali, Xacriab�, Krenak e Patax�. E entre os pr�dios hist�ricos, temos o Edif�cio Acaiaca.
 
Mas embora d� nome aos lugares da capital mineira, com o passar dos anos, a cultura desses povos foi apagada. Os ind�genas que vivem no contexto urbano s�o desconsiderados, muitas vezes, nem vistos como tal.
 
Com objetivo de dar visibilidade a esses povos, foi elaborado com a participa��o de alguns povos, o projeto de lei, de autoria da vereadora Duda Salabert (PDT), que cria a Semana Municipal dos Povos Ind�genas. Aprovada em primeiro turno, a proposta prop�e que a semana seja comemorada de 9 a 15 de agosto. Nove de agosto � Dia Internacional dos Povos Ind�genas.
 

O projeto tem como objetivo que as reivindica��es dos povos ind�genas possam figurar nas pol�ticas p�blicas da cidade. Para al�m da data comemorativa, eles querem ser vistos como sujeitos de direito.

"Quem n�o � visto n�o � lembrado. Toda a popula��o ind�gena e de Belo Horizonte n�o recebeu sequer o direito � imuniza��o, o direito a andar com seu traje, direito de ter categoria ra�a e cor identificada nos formul�rios", afirma Avelin Buniac� Kambiw�, do povo kambiw�, que ajudou na elabora��o do projeto apresentado por Duda Salabert.
 
A invisibilidade, inclusive, tem dificultado aos ind�genas que possam expor o artesanato feito por eles. "A Semana Municipal dos Povos Ind�genas quer mostrar que essa popula��o existe', destaca Avelin, que coordena o Comit� Mineiro de Aapoio �s Causas Ind�genas. 
 
O projeto foi apresentado � Prefeitura de Belo Horizonte que se posicionou de forma favor�vel � semana. A prefeitura e Duda estudam a cria��o de uma nova feira de artesanato ind�gena na cidade.
 
"Uma parcela da sociedade acredita que as pautas ind�genas devem ser discutidas na esfera federal, quando debate demarca��o, por exemplo. Mas � um equ�voco. Estados e munic�pios t�m que se engajar na luta pela garantia dos direitos dos povos ind�genas e origin�rios. Nesse sentido, nosso projeto busca combate o racismo como dar visibilidade �s reivindica��es dos ind�genas em �mbito municipal", defende a vereadora.

A semana dar� visibilidade aos ind�genas em contexto urbano, que costumam ser alvos de preconceito como se n�o fossem mais ind�genas por viverem fora de aldeias. "H� um apagamento muito grande. A semana tem o objetivo de lutar contra o apagamento e silenciamento da realidade ind�gena no contexto urbano".
 
"Os ind�genas em Belo Horizonte n�o s�o apenas nomes de ruas e quarteir�es. Temos ruas Tupinamb�s, Caet�s, dos Guaranis. Os ind�genas ajudaram e ajudam a construir a cidade", diz Duda, lembrando que essa popula��o foi apagada da hist�ria.

A presen�a dos ind�genas se tornou algo quase invis�vel n�o s� na capital mineira, mas nas cidades brasileiras para onde migraram. "H� uma vis�o equivocada de que os ind�genas s�o restritos ao contexto de aldeia", afirma Duda. Mas, ao contr�rio do que se possa imaginar, um n�mero representativo de ind�genas vivem nas cidades. No Brasil, cerca de 42% da popula��o ind�gena est�o no contexto urbano.
 
Os ind�genas que vivem nas cidades costumam ser atacados, como se essa sa�da do territ�rio fizesse com que eles deixassem de pertencer a um povo. "Apagamento que h� dos povos ind�genas em contexto urbano � uma das formas de negar direito a essa popula��o", diz.
 
Um exemplo foi a luta para que eles fossem inclu�dos no Plano Nacional de Imuniza��o contra a COVID-19. A inclus�o de popula��o ind�gena n�o-aldeada precisou ser garantida por decis�o do Supremo Tribunal Fedeeral (STF).
 

Povos na Regi�o Metropolitana de BH
 

De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), mais de 7 mil pessoas se declararam ind�genas. No entanto de acordo com o historiador Pablo Matos Camargos, da organiza��o Centro de Documenta��o Ferreira da Silva (Cedefes), que trabalha com a popula��o ind�gena, boa parte n�o tem conex�o direta com o coletivo e com o territ�rio.
 
"Calculamos que h� cerca de 4 mil ind�genas na Regi�o Metropolitana". As etnias s�o bem definidas: Aran�, povo que n�o tem territ�rio e vive em regi�es urbanas, est�o na regi�o do Barreiro. Tamb�m h� outros ind�genas que vivem nas ocupa��es na regi�o do Barreiro. 
 
Parte do grupo xacriab�, maior grupo de ind�gena em Minas, vive em Vespasiano. Outros dois grandes grupos Patax�s, oriundos extremo Sul da Bahia, est�o nos aglomerados e periferias, como Taquaril, e Patax� h�h�h�e, oriundos da regi�o de Ilh�us, est�o tamb�m espalhados na cidade. "Esses dois grupos formaram duas aldeias em S�o Joaquim de Bicas". Ainda h� grupos menores da Amaz�nia (Tikuna e Kambeba) e Kamakan.  

 
' Fazemos nosso territ�rio onde estamos'

 
Kandu Puri paramenta Sol Tuschahi
Kandu Puri paramenta Sol Tuschahi (foto: Arquivo pessoal)
 
 
Parte do povo Puri vive em Belo Horizonte. Sol Tuschahi, que � um deles, destaca que mesmo vivendo fora das aldeias os ind�genas n�o deixem de fazer parte de um povo. Ela, inclusive, destaca a luta do povo Puri para resgatar a pr�pria identidade, uma vez que foram considerados extintos por Dom Pedro II na �poca do Imp�rio. "O que aconteceu com o povo Puri reflete o que pode ocorrer com outros povos, uma tentativa de apagamento. 
 
Os Puri lutam para o reconhecimento do territ�rio. A chegada aqui na capital � investigada, mas o ind�cio da presen�a s�o as sapucaias, �rvores sagradas para esse povo, que s�o centen�rias na capital. 

"Belo Horizonte encontra muita sapuca�a, n�o s�o jovens, s�o bem velhas. Est� no afluxo dos rios que a gente percorria. N�o somos ind�genas de Minas Gerais, somos ind�gena de abyaya-la", diz em refer�ncia ao nome que significa Terra Madura e faz refer�ncia a todo ao territ�rio da Am�rica Latina antes da chegada dos portugueses e espanhois. Ela destaca a presen�a do povo Puri em Araponga, Caragonla, Muria�, Erv�lia popula��o Puri e n�o somos considerados aldeados.

  
Vacina��o contra a COVID- 9

 
Mulheres Puri participam da Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília
Mulheres Puri participam da Marcha das Mulheres Ind�genas em Bras�lia (foto: Arquivo pessoal)
Os ind�genas n�o-aldeados em Belo Horizonte n�o entraram no grupo priorit�rio da vacina contra a COVID-19. Avelin Buniac� kambiw�  tamb�m n�o foi incluida no grupo priorit�ria. Embora tenha sido vacinada por idade, ela foi contaminada com o novo coronav�rus nesta semana, tendo que ir ao hospital.

Sol, por exemplo, s� foi vacinada por idade quando chegou a vez de sua faixa et�ria. Ela acredita que essa situa��o foi gerada por brechas deixadas na determina��o do STF. 

"Fui vacinada pela idade, como qualquer outro cidad�o de Belo Horizonte. Nosso direito foi reconhecido", diz. Ela lembra, por�m, que viver nas cidades n�o foi uma escolha dos ind�genas, mas que foram levados a essa migra��o.
 
No entanto, Sol e Avelin destacam que viver no contexto urbano n�o faz com que ela deixe de ser ind�gena.   


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