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Estado de Minas BBB22

BBB: o que o Jogo da Disc�rdia revela sobre viol�ncia contra a mulher negra

A mineira Nat�lia foi a participante que recebeu o maior n�mero de plaquinhas dos participantes durante din�mica na noite de segunda (15/2)


15/02/2022 09:17 - atualizado 15/02/2022 15:29

Naty durante Jogo da discórdia
Naty recebeu oito placas dos colegas de confinamento (foto: TV Globo/Reprodu��o)

Uma mulher negra sendo acusada de arrog�ncia, de ser agressiva, de mudar de humor o tempo todo. Baldes de �gua suja para punir o comportamente e, numa altura do jogo, uma batida violenta com o balde na cabe�a dela. As cenas da mineira Nat�lia Deodato no Jogo da Disc�rdia do BBB 22, na noite de segunda-feira (14/2), chocaram quem viu o ao vivo, devido � agressividade direcionada � jovem de 22 anos natural de Sabar�.

 

 

 

No entanto, para as mulheres negras, a situa��o se tornou "gatilho", um termo muito usado para descrever situa��es que remetem a momentos e situa��es negativas de viol�ncia, humilha��o e preconceito contra algu�m.

 

No Jogo da Disc�rdia, Nat foi a jogadora que recebeu mais plaquinhas, oito no total. Recebeu a placa de "arrogante", dada por Vini e Eli�zer; "se faz de v�tima", por Tiago Abravanel; "sem personalidade", por Brunna Gon�alves; "fraca no jogo", por Lucas Bissoli; "desagrad�vel", por Maria, que ainda foi agressiva com ela ao jogar �gua sobre Nat�lia e bater com o balde na cabe�a da participante; e "sem personalidade", por Larissa Tom�sia. Nat disputa o terceiro pared�o, desta vez contra Arthur Aguiar e B�rbara. 



 

A situa��o de Nat na casa do BBB 22 foi lida por parte do p�blico como a representa��o do tratamento dado � mulher negra no dia a dia e reflete o racismo di�rio vivido por elas no Brasil. As cenas, mais do que "fogo no parquinho", como as disc�rdias no BBB s�o denominadas, demonstram a viol�ncia f�sica, psicol�gica e simb�lica imposta �s mulheres negras na vida real. As cenas, transmitidas ao vivo, foram angustiantes.

 

A solid�o da mulher negra 

� mulher negra est� associada toda a forma de preconceito e desumaniza��o. Entre os estere�tipos est� a sexualiza��o do corpo, como se ela fosse apenas um objeto de desejo e nunca de afeto e considera��o. A pr�pria Nat passou por situa��es semelhantes dentro da casa nas quais essa condi��o ficou evidenciada.

 

Numa festa, paquerou Rodrigo, mas o brother n�o quis beij�-la. Depois, teve uma aproxima��o com Lucas, com quem trocou carinhos, mas na hora de escolher com quem "namorar" na casa, o brother escolheu Eslov�nia. O preterimento gerou uma crise de choro e de revolta em Nat e jogou luz sobre a discuss�o em torno da "solid�o da mulher negra".

 

O conceito n�o diz apenas do preterimento nos relacionamentos amorosos, mas de toda uma carga simb�lica simb�lica imposta. Ela � acusada de ser raivosa, de ser forte, de aguentar o tranco. A ela n�o se destina o afeto, o respeito e a admira��o.


Viol�ncias f�sicas e simb�licas 

Essa luta pela humaniza��o vem de longa data e, no Brasil, essa situa��o foi teorizada e apresentada pela intelectual L�lia Gonzalez (1935-1994). Tamb�m foi tema do pensamento da escritora norte-americana bell hooks (1952-2021).

 

Outros nomes de express�o tematizam as viol�ncias f�sicas e simb�licas contra a mulher negra. A m�dica Jurema Werneck, cofundadora da organiza��o governamental Criola, de defesa e prote��o das mulheres negras. Outra refer�ncia importante � a fil�sofa Sueli Carneiro, criadora do Geled�s, Instituto da Mulher Negra. 

 

Na literatura, a voz � da escritora Concei��o Evaristo apresenta a viv�ncia das mulheres negras que aparecem como personagens de seus romances, um deles � "Olhos d'�gua" ( Pallas Editora, 2014). Al�m de revelar essa viv�ncia, Concei��o reivindica o lugar delas como intelectual, como escritora. Como a mulher negra costuma ser reduzida ao corpo sexualizada � retirado dela a dimens�o de produ��o simb�lica.


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