"Quando eu abordo esse assunto, eu n�o estou falando s� de mim, estou falando de uma comunidade que � reprimida", conta Lu Silva, diretora do espet�culo (foto: Divulga��o)
O desdobramento de um epis�dio de racismo religioso foi a inspira��o para Lu Silva criar “Lembran�a de um Corpo Ancestral”, um espet�culo da Cia. Motumb� que apresenta a religiosidade de matriz africana e a diversidade por meio da dan�a, do canto e do ritmo marcante da percuss�o. A apresenta��o conta, ainda, com a participa��o especial de Tavinho Leoni, destaque no Voice Kids 2016, no viol�o.
A v�tima da intoler�ncia foi a filha de Lu, Drica Silva. Ela foi iniciada no candombl� aos sete anos, em 2017, e, ao ir para a escola paramentada com contas e touca, sofreu diversos epis�dios de racismo. A partir disso, a Cia. Motumb�, levou para os palcos a celebra��o a Exu e aos elementos da natureza para alertar sobre as consequ�ncias que o racismo causa no corpo e na mente.
“Quando eu abordo esse assunto, eu n�o estou falando s� de mim, estou falando de uma comunidade que � reprimida, discriminada e que n�o tem voz, onde os nossos orix�s s�o demonizados, e n�o � isso, a gente cultua os elementos da natureza, n�o s�o dem�nios”, conta Lu Silva, diretora geral do espet�culo.
Na apresenta��o, Drica Silva se junta � sua m�e, Lu, e �s bailarinas Elba Santos e B�rbara Martins para performar coreografias compostas por ritmos e movimentos ancestrais que influenciam a comunidade negra brasileira e reafirmam os la�os identit�rios entre �frica e Brasil. Os movimentos inspirados no cotidiano e no candombl� permeiam cenas de acolhimento, di�logos e aconselhamentos chegando � conclus�o que as viv�ncias ancestrais s�o maiores que o racismo e sobre a import�ncia de n�o abaixar a cabe�a.
Ensaio do espet�culo "Lembran�as de um Corpo Ancestral" (foto: Reprodu��o)
Lu Silva conta que m�sicas que dialogam com a juventude como ‘Rito de Pass�’ de Mc Tha e ‘Breu’ de X�nia Fran�a ser�o interpretadas por Lu Silva e por Sergio Diaz. “� atrav�s da m�sica que o espet�culo traz a comunh�o entre �frica e Brasil. � a ancestralidade do que veio do passado e est� no presente” explica.
Apesar de n�o ser uma den�ncia, “Lembran�a de um Corpo Ancestral” circula pela capital desde 2017, inclusive por escolas da capital, e se prop�e a convidar os espectadores � reflex�o sobre o racismo, a diversidade das culturas, a ecologia do sagrado, a for�a da natureza e seus elementos.
Ao apresentar em escolas, Lu percebe que o espet�culo abre espa�o para que outras crian�as se vejam representadas de forma aberta, gerando representatividade. Al�m disso, a arte toca e sensibiliza pessoas de todas as idades, sendo mais eficiente que outras formas de conscientiza��o.
Do sonho para a realidade
A Cia Motumb� nasceu em 2015 do sonho da artista e core�grafa de dan�a popular Lu Silva, juntamente com a vontade de artistas do aglomerado Morro das Pedras e de outras regi�es de Belo Horizonte em construir um coletivo que dialogasse com a cultura de raiz.
Lu Silva ao lado do, tamb�m idealizador, R�mulo Dinn, percussionista, arte-educador e morador do aglomerado Morro das Pedras, iniciam interven��es art�sticas com oficinas de dan�a e percuss�o reunindo crian�as, jovens e mulheres da comunidade. Na companhia, s�o todos gestores: Elba Santos � professora e pesquisadora da dan�a de matriz africana, Barbara Martins atua como professora, Ogan Jacson � percursionista na companhia, Daniel e Romulo atuam na capoeira como mestre e instrutor, respectivamente.
Servi�o:
Lembran�a de um Corpo Ancestral (on-line e gratuito)