
No Brasil, uma mulher � estuprada a cada 10 minutos, 30 mulheres sofrem agress�o f�sica a cada hora e tr�s mulheres s�o v�timas de feminic�dio por dia. Esses dados s�o da plataforma do Instituto Patr�cia Galv�o “Viol�ncia contra as Mulheres em Dados”, que re�ne pesquisas, fontes e s�nteses sobre o tema no pa�s. Segundo a Secretaria de Estado e Justi�a e Seguran�a P�blica, em Minas Gerais, 33.848 casos de viol�ncia dom�stica e familiar contra a mulher foram registrados somente nos tr�s primeiros meses desse ano.
Al�m disso, o Instituto Avon promove anualmente o “Workshop de Acesso � Justi�a”, que discute a��es e planos de atua��o para prote��o a mulheres em situa��o de viol�ncia por todo o Brasil. O evento re�ne equipamentos p�blicos que comp�e a rede de apoio a mulheres v�timas de viol�ncia, como delegacias, CREAS, Policia Civil e Militar, Promotoria P�blica e Tribunal de Justi�a, assim como organiza��es da sociedade civil, como ONGs e organiza��es comunit�rias.
“O objetivo do workshop � passar tr�s dias juntos para entender que as solu��es eficazes s� podem ser co-constru�das dentro de uma l�gica sist�mica, dentro de uma l�gica de integra��o, de sinergia, de complementariedade e de v�nculo entre as pessoas que comp�em essa rede”, conta Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
Daniela ainda explica que o problema da viol�ncia contra a mulher s� pode ser compreendido como um problema complexo, sist�mico e que permeia todas as institui��es da sociedade: as fam�lias, as comunidades de f�, as escolas e at� as empresas. “Tem pesquisas que mostram que as empresas juntas tem um custo de mais de R$ 1 bilh�o por ano, apenas do absente�smo decorrente da viol�ncia dom�stica. Portanto, a resposta � responsabilidade de todos os setores da sociedade.”
Minas no combate � viol�ncia contra a mulher
A diretora-executiva do Instituto Avon conta que Minas Gerais tem o diferencial de j� contar com uma lideran�a local engajada e comprometida, que criou o “Justi�a em Rede”. O programa, criado pela Coordenadoria da Mulher em Situa��o de Viol�ncia (Comsiv) do TJMG, tem como objetivo incentivar e apoiar os ju�zes e ju�zas de todo o estado a formarem redes compostas por servi�os que atendam a mulher em situa��o de viol�ncia, de modo a oferecer �s v�timas um atendimento integral unindo esfor�os de �rg�os e institui��es p�blicas e assistenciais, organiza��es governamentais, n�o governamentais e pela sociedade civil.
“O fato de que a metodologia (do Whorkshop) ter encontrado no estado de Minas Gerais uma rede previamente articulada, com lideran�as genu�nas e claramente comprometidas, de certa forma � o territ�rio perfeito para a metodologia que a gente tr�s”, afirma Daniela. “Quando a gente fala de assimetria de recursos, por exemplo, quem sai perdendo � a mulher do interior, sem d�vida. Ent�o, quando o Tribunal de Justi�a e o Minist�rio P�blico se unem para fazer esse movimento em dire��o ao interior, para que nenhuma mulher mineira seja exclu�da da rede de apoio, eu vejo isso com muita esperan�a e com muito reconhecimento”, completa.
O maior obst�culo hoje no combate � viol�ncia contra a mulher � conscientizar as mulheres da situa��o de abuso em que se encontram, e proporcionar a seguran�a necess�ria para que os agressores n�o busquem retaliar a v�tima. Por�m, dados da Patrulha de Preven��o da Viol�ncia Dom�stica (PPDV) que acompanharam 17 mil mulheres que buscaram a rede de prote��o de 2018 at� 2021 mostram que, dessas mulheres que foram acompanhadas, apenas um caso teve o desdobramento de feminic�dio. Dentre os casos de feminic�dio, 90% das v�timas n�o buscaram uma rede de prote��o.
“A mulher, por causas que s� ela compreende e a gente precisa legitimar, precisa validar, ela tem receio de fazer a den�ncia. Mas a den�ncia pode ser o in�cio de uma jornada de liberta��o”, declara Daniela.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.
Ou�a e acompanhe as edi��es do podcast DiversEM
O podcast DiversEM � uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.
O que � relacionamento abusivo?
Os relacionamentos abusivos contra as mulheres ocorrem quando h� discrep�ncia no poder de um em rela��o ao outro. Eles n�o surgem do nada e, mesmo que as viol�ncias n�o se apresentem de forma clara, os abusos est�o ali, presentes desde o in�cio. � preciso esclarecer que a rela��o abusiva n�o come�a com viol�ncias expl�citas, como amea�as e agress�es f�sicas.
A viol�ncia dom�stica � um problema social e de sa�de p�blica e, que quando se fala de comportamento, a raiz do problema est� na socializa��o. Entenda o que � relacionamento abusivo e como sair dele.
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Como denunciar viol�ncia contra mulheres?
- Ligue 180 para ajudar v�timas de abusos.
- Em casos de emerg�ncia, ligue 190.
O que � viol�ncia f�sica?
- Espancar
- Atirar objetos, sacudir e apertar os bra�os
- Estrangular ou sufocar
- Provocar les�es
O que � viol�ncia psicol�gica?
- Amea�ar
- Constranger
- Humilhar
- Manipular
- Proibir de estudar, viajar ou falar com amigos e parentes
- Vigil�ncia constante
- Chantagear
- Ridicularizar
- Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em d�vida sobre sanidade (Gaslighting)
O que � viol�ncia sexual?
- Estupro
- Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto
- Impedir o uso de m�todos contraceptivos ou for�ar a mulher a abortar
- Limitar ou anular o exerc�cio dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher
O que � viol�ncia patrimonial?
- Controlar o dinheiro
- Deixar de pagar pens�o
- Destruir documentos pessoais
- Privar de bens, valores ou recursos econ�micos
- Causar danos propositais a objetos da mulher
O que � viol�ncia moral?
- Acusar de trai��o
- Emitir ju�zos morais sobre conduta
- Fazer cr�ticas mentirosas
- Expor a vida �ntima
- Rebaixar por meio de xingamentos que incidem sobre a sua �ndole
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