A cantora Majur e o core�grafo Josu� Amazonas consolidaram seu amor em cerim�nia privada na Praia do Flamengo, em Salvador (BA), na tarde de segunda-feira (26/09). De acordo com a artista, todos os detalhes da celebra��o foram pensados para as prefer�ncias do casal, que est� noivo desde 28 de junho de 2021, Dia do Orgulho LGBTQIAP+, e que se casou no civil em agosto deste ano.
Na cerim�nia que reuniu amigos e familiares, estiveram presentes personalidades como Gaby Amarantos, Urias, T�ssia Reis e Xam�, al�m de Liniker e Erica Malunguinho, madrinhas do casal. “Eu queria estar abra�ada, envolvida em emo��o ao lado de pessoas que se relacionam diariamente comigo. Os convidados vieram de Salvador, onde eu nasci, do Rio de Janeiro, a segunda cidade onde morei, e S�o Paulo, onde moro atualmente”, afirmou Majur.
Em suas redes sociais, ela comemora a felicidade de ter compartilhado a celebra��o com pessoas queridas. “O momento mais incr�vel das nossas vidas foi de amizade, afeto, amor e troca. N�o � s� um casamento, mas � o in�cio de grandes hist�rias daqui pra frente. Que todes possam amar e ser amades e, se quiserem celebrar, estejam juntos e fa�am tudo acontecer”, escreveu na legenda de um v�deo que resumiu os acontecimentos mais marcantes das celebra��es. Emocionada, tamb�m afirma que foi “um dos momentos mais fant�sticos que a gente j� viveu, uma bomba de amor que o Brasil precisa nesse momento".
Estilista mineiro
A cantora, que foi capa da Vogue Noiva de 2021, tamb�m conta sobre como foi a organiza��o da festa, que teve uma cerim�nia de matrizes africanas. “Essa foi uma das maiores experi�ncias da minha vida. Todas as pessoas que est�o trabalhando com a gente para fazer esse momento acontecer tiveram interesse em descobrir exatamente o que gostamos. O sonho foi para o papel e, agora, vira realidade”, disse ela.
O vestido usado por Majur no casamento, feito pelo estilista mineiro Luiz Cl�udio, da grife Apartamento 03, tamb�m fez parte de um processo em que a cantora quis priorizar suas ra�zes. “Eu trabalho com marcas internacionais e nacionais, mas neste momento, quando se fala de uma constru��o que � nossa, que � brasileira, n�o tinha como n�o ser um designer da nossa terra. E trazendo um recorte maior, uma pessoa preta; um homem preto brasileiro”, conta.
Quem � Majur
Nascida na periferia de Salvador, a cantora preta trans n�o-bin�ria – identidade que n�o � masculina, nem feminina – j� chegou a passar fome durante a inf�ncia, mas teve a m�sica como divisor de �guas. Aos 5 anos j� participava da Orquestra Sinf�nica da Juventude de Salvador, se apresentou na Janelinha do Natal (espet�culo tradicional do Pelourinho), aprendeu violino e foi selecionada do Festival Anual da Can��o Estudantil.
J� adulta, come�ou a tocar em bares � noite e, durante o dia, a trabalhar como atendente de marketing e a estudar Design, curso que a ajudou a compor can��es a partir do aprendizado sobre semi�tica. Em uma noite de 2018, emprestou seu viol�o para Liniker, cantora trans e ativista pelos direitos da comunidade LGBTQIAP, e acabou terminando o show cantando a m�sica “Tua” ao lado dela. “Tudo come�ou exatamente a�. Essa visibilidade do show da Liniker me levou a lugares muito maiores”, conta ela.
A performance, que foi filmada e publicada por v�rias pessoas que estiveram presentes, acabou chegando a grandes artistas, como Caetano Veloso, que elogiou a voz de Majur em algumas ocasi�es. “Majur � voz e certeza de si. � beleza baiana demais para eu n�o me abalar”, comentou ao jornal O Globo em 2019. Atualmente, a cantora � empresariada por Paula Lavigne, companheira e empres�ria de Caetano.
Tamb�m em 2019, participou da grava��o de AmarElo, de Emicida, ao lado de Pabllo Vittar e, desde ent�o, segue fazendo sucesso. Esteve no palco do Carnaval de Salvador com Daniela Mercury; se uniu a Caetano em um show no Circo Voador durante a Semana do Meio Ambiente e cantou no Baile da Vogue. Tamb�m foi a primeira pessoa trans a desfilar com roupas ditas femininas na hist�ria do Afro Fashion Day, e a primeira brasileira a ser divulgada pela Gucci nas redes sociais da marca.
Majur conta que aos quatro anos de idade come�ou a n�o se identificar com o que enxergava no espelho. Aos 13, percebeu que tinha uma conex�o maior com meninos do que com meninas, ent�o passou a se definir como um homem gay. Somente aos 16 come�ou a se questionar mais sobre a pr�pria imagem, at� que aos 18, p�de se encontrar na defini��o de n�o-bin�ria. No entanto, ela ainda refor�a que � importante n�o se prender a r�tulos.
“Eu me sinto muito bem e feliz em ser Majur. Acho que pertencer a si mesmo � a melhor coisa, e a melhor sensa��o do mundo. Perten�am a si mesmas, acreditem na sua exist�ncia, sejam verdadeiramente quem voc�s s�o para voc� e para o mundo. Isso faz toda a diferen�a e a gente consegue ser realmente feliz nesse mundo que a gente j� enfrenta tantos problemas”, afirma.
Ao se expressar publicamente como uma artista n�o-bin�ria, Majur j� carrega em si muita representatividade, mas afirma que sua m�sica � feita para todos. “Canto o amor entre pessoas, tento fugir ao m�ximo da rela��o de g�neros nas minhas m�sicas. Minha representatividade j� est� clara no visual. N�o quero restringir nas letras, minha inten��o � atingir diversos p�blicos de diversas idades”, explica ela.
Em maio deste ano, Majur lan�ou seu primeiro �lbum de m�sicas in�ditas, “Ojunif�” – “olhos do amor” em Iorub�, idioma da fam�lia lingu�stica n�gero-congolesa –, que conta com 12 faixas sobre viv�ncias da cantora.
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