Educa��o sexual, planejamento de vida e di�logo sobre autoestima e autocuidado com o jovem s�o formas de combater a gravidez na adolesc�ncia, explicam especialistas. Nesta �ltima reportagem da s�rie especial "Antes da Hora", do Estado de Minas, mostramos como a educa��o e o di�logo s�o a base dessa luta e tamb�m contribuem para a forma��o fomentar o desejo de crescer na vida de jovens.
A m�dia de idade para a vida sexual no Brasil � de 14 anos. "Nada impede da garota engravide na primeira rela��o", afirma a ginecologista e obstetra Ligia Santos, que � assessora da �rea T�cnica da Sa�de da Popula��o Negra da Prefeitura de S�o Paulo. Este foi o caso da jornalista e escritora Renata Veneri, que engravidou do primeiro namorado aos 14 anos. A hist�ria dela foi o foco do quarto epis�dio do podcast "Antes da Hora".
A m�dica explica que os jovens t�m acesso a preservativos e outros m�todos contraceptivos. Mas, a falta de negocia��o com o parceiro faz com que, muitas vezes, o adolescente tenha uma rela��o sexual sem prote��o, o que pode resultar em uma gravidez ou infec��es. "A quest�o da educa��o sexual n�o � s� usar camisinha. � mostrar para o jovem que ele pode fazer escolhas", afirma.

Especialistas dizem que a principal solu��o para essa quest�o sociocultural seria trabalhar a autoestima e amor pr�prio do jovem. Assim, teriam mais argumentos para resistir �s press�es externas e negociar uma rela��o sexual segura. Para fazer isso, deve-se conversar abertamente com o adolesc�nte: sem tabus, julgamentos ou imposi��es.
"O di�logo faz com que o adolescente tenha mais no��o do limite. No caso das meninas, j� que a gente foca a quest�o reprodutiva nas meninas, voc� empodera a mulher para saber a forma com que ela quer lidar com a gravidez ou n�o", diz a m�dica. Ela explica que a educa��o sexual tamb�m incentiva a garota a procurar anticoncepcionais, como p�lulas ou o DIU, que � colocado gratuitamente pelo Sistema de Sa�de �nico (SUS) para garotas a partir dos 14 anos ou quando a menstrua��o se regulariza.
'Alfabetiza��o de emo��es'
A estrat�gia do di�logo como forma de combater a gravidez na adolesc�ncia tem resultados em S�o Paulo com o trabalho da ‘Casa do Adolesc�nte’, organizado pela ginecologista Albertina Duarte. A m�dica conta que de 1998 at� 2022, a gesta��o jovem caiu 69%.
Ela defende o que chama de "alfabetiza��o de emo��es", que � a educa��o sexual dos jovens e o empoderamento por meio do autoconhecimento e amor pr�prio. A m�dica completa que o governo deve criar medidas para promover este di�logo. "Seja nas escolas ou nos espa�os de sa�de, temos que discutir a ‘vacina��o’ contra a baixa estima, agress�es e outras viol�ncias", disse.
A ginecologista Ligia Santos diz que a sociedade deveria pressionar os pol�ticos que est�o no poder para criar esse espa�o de conversa com adolescentes. "O governo tem que se apropriar dessa responsabilidade e tem que treinar. Sa�de n�o � s� n�o ficar doente, � bem-estar. Bem-estar � um conjunto de fam�lia e governo. O governo vai fazer a parte dele, com treinamento de pessoas e leis, mas nada impede a fam�lia de participar tamb�m", comenta.
"Minha m�e n�o estudava por causa do meu pai"
A gesta��o no Brasil est� concentrada nas cortes mais baixas, conforme J�nia Quiroga, assistente representante do Fundo de Popula��o das Na��es Unidas (UNFPA). Cerca de 40% dos nascidos vivos brasileiros em 2021 eram filhos de m�es de at� 24 anos, sendo que o percentual de at� 19 anos foi de 14% dos beb�s. O problema � que muitas dessas gesta��es n�o s�o planejadas, conforme explica J�nia Quiroga, representante do Fundo de Popula��o das Na��es Unidas (UNFPA) no Brasil.
J�nia diz que a mudan�a na perspectiva de futuro dessas m�es afeta diretamente a decis�o de continuar ou n�o os estudos, trazendo consequ�ncias nas perspectivas socioecon�mica da fam�lia. Caso a adolescente seja de classe social baixa, a crian�a pode entrar num ciclo de pobreza, que � quando os pais n�o conseguem dispor de ferramentas para os filhos ascenderem de classe social e ter melhor qualidade de vida.
O Centro de Excel�ncia Dr. Edelzio Vieira de Melo, em Santa Rosa de Lima (SE), oferece aos estudantes aulas de projeto de vida, disciplina do Ensino M�dio Integral para a qual os professores recebem qualifica��o especial. A professora Nadja Rezende diz que a iniciativa � valorizada pelos alunos, que sempre fazem quest�o de participar.
J�nia diz que a mudan�a na perspectiva de futuro dessas m�es afeta diretamente a decis�o de continuar ou n�o os estudos, trazendo consequ�ncias nas perspectivas socioecon�mica da fam�lia. Caso a adolescente seja de classe social baixa, a crian�a pode entrar num ciclo de pobreza, que � quando os pais n�o conseguem dispor de ferramentas para os filhos ascenderem de classe social e ter melhor qualidade de vida.
O Centro de Excel�ncia Dr. Edelzio Vieira de Melo, em Santa Rosa de Lima (SE), oferece aos estudantes aulas de projeto de vida, disciplina do Ensino M�dio Integral para a qual os professores recebem qualifica��o especial. A professora Nadja Rezende diz que a iniciativa � valorizada pelos alunos, que sempre fazem quest�o de participar.
"Minha m�e n�o estudava por causa do meu pai"
"� uma disciplina em que os professores ajudam a entender quem � voc�. O primeiro passo � entender quem voc� �, para depois ir para o projeto profissional. Se um aluno j� tem a ideia do profissional, que ele tenha as bases, as teorias para concretizar. Se ele n�o tiver, que ele tenha for�a para sonhar. Mas n�o s� sonhar, mas que ele tenha as ferramentas para fazer o sonho se tornar realidade", explica Nadja.Professores s�o refer�ncia de di�logo
O col�gio de Santa Rosa de Lima � a casa do projeto Beb� a Bordo, criado em 2019 pela professora Gleide Leandro e que acolhe m�es adolescentes e os filhos para a sala de aula. Iniciativa que tem evitado casos de evas�o escolar. Al�m disso, a escola � um ponto de refer�ncia e seguran�a para outros estudantes que querem um futuro mais pr�spero do que o dos seus pais. �dila n�o pensa em ser m�e por enquanto e casos como o dela entre as alunas do Dr. Ed�lzio t�m sido mais comuns.O professor Alex de Jesus, que d� aulas de biologia na escola da cidade, afirma que conversas sobre sexualidade n�o devem ser feitas para gerar medo nos jovens. "As pessoas t�m essa cultura de falar que vai pegar uma doen�a e morrer. Mas � melhor sempre conversar e explicar do que os jovens fazerem a coisa errada", diz.
Aluna do terceiro ano do Dr. Ed�lzio, Emily F�lix � uma das estudantes que elogiam o di�logo mantido na escola com os professores. "Acho essa liberdade t�o ‘um m�ximo’, porque eu vejo que em outros lugares n�o tem isso. � s� uma rela��o professor e aluno. Aqui a gente tem essa rela��o de amizade", comenta. Ela e um grupo de colegas est� com um projeto para que a escola distribua nos banheiros absorventes e preservativos.
O especial "Antes da Hora"
