(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ACESSO � SA�DE

P�blico LGBTQIA+ com mais de 50 anos tem pior acesso � sa�de, diz pesquisa

De acordo com o estudo, 53% das pessoas LGBTQIA+ acreditam que os profissionais de sa�de n�o est�o preparados para lidar com as suas particularidades


30/03/2023 18:12 - atualizado 30/03/2023 18:12

Montagem com duas fotos: à esquerda, a mão de um idoso branco segurando uma bengala; e à direita, uma grande bandeira LGBTQIA+ segurada por uma multidão
Resultado do estudo revelou que orienta��o sexual e identidade de g�nero s�o determinantes para um pior acesso aos servi�os de sa�de (foto: Alexandre Guzanshe e Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A pesquisa "Transformando o invis�vel em vis�vel: disparidades no acesso � sa�de em idosos LGBTs", realizada pelo Hospital Albert Einstein, pela Faculdade de Medicina da USP e pela Universidade de S�o Caetano do Sul, mostrou que, entre as pessoas com mais de 50 anos, o p�blico LGBTQIA+ � o que tem o pior acesso ao sistema de sa�de – p�blico e privado – no Brasil.

O resultado principal do estudo revelou que, al�m de idade e ra�a, orienta��o sexual e identidade de g�nero s�o determinantes para um pior acesso aos servi�os de sa�de no pa�s: 41% do p�blico LGBTQIA negro e 28% da popula��o negra, heterossexual e cisg�nero (cuja identidade de g�nero corresponde ao que lhe foi atribu�do no nascimento) apontou que o acesso � sa�de � ruim, enquanto apenas 29% dos brancos LGBTQIA e 17% das pessoas brancas, hetero e cis fizeram a mesma pontua��o.

De acordo com a pesquisa, que entrevistou 6.693 pessoas acima de 50 anos que usam a rede p�blica e privada de sa�de – dentre as quais 1.332 se identificam como LGBTQIA –, 53% das pessoas LGBTQIA acreditam que os profissionais n�o est�o preparados para lidar com as suas particularidades de sa�de.

Perfil dos entrevistados

Dentre os entrevistados para a pesquisa, 96% s�o pessoas cisg�nero e 4% s�o transg�nero – dentre os quais, 3 s�o homens trans; 6 s�o travestis; 29 s�o mulheres trans; 68 s�o n�o-bin�rios; e 100 pertencem a outras identidades.
 

Em rela��o � orienta��o sexual, do total de 6.693, 939 afirmaram ser gays ou l�sbicas; 217 afirmaram ser bissexuais; 80 afirmaram ser heterossexuais; e 50 afirmaram ser pansexuais.

De acordo com o estudo, 74% das mulheres cisg�nero e heterossexuais relataram ter realizado pelo menos uma mamografia na vida. O n�mero cai para 40% entre pessoas LGBTQIA .

O n�mero de pessoas LGBTQIA que realizaram triagem preventiva para c�ncer de colo de �tero tamb�m foi menor: 73% das mulheres cis hetero afirmaram ter realizado exames de rastreamento para c�ncer de colo de �tero, enquanto apenas 39% das pessoas LGBTQIA fizeram tais procedimentos.
 

Um dos motivos para a discrep�ncia s�o os baixos �ndices de confian�a da comunidade LGBTQIA na presta��o de servi�os de sa�de, sobretudo, por experi�ncias negativas no passado. � o que mostra um outro estudo da empresa farmac�utica Sanofi, lan�ado em fevereiro deste ano.

De acordo com o levantamento, 86% da comunidade LGBTQIA � capaz de relatar ao menos uma experi�ncia negativa com o atendimento m�dico.

“Falta compreens�o e acolhimento por parte da equipe m�dica em rela��o � identidade de g�nero do paciente”, explica Luciana Landeiro, oncologista e organizadora de um dos primeiros pain�is especializados no tratamento de pacientes transg�nero com c�ncer no Brasil.

“H�, tamb�m, quest�es relacionadas ao pr�prio indiv�duo, traumas psicossociais decorrentes de situa��es diversas, como falta de acolhimento nas unidades de sa�de, ou a necessidade de realizar procedimentos relacionados ao sexo atribu�do ao nascimento, que contradizem sua identidade de g�nero”, completa.
 

Em rela��o � satisfa��o diante dos servi�os prestados, a diferen�a entre membros da comunidade LGBTQIA (77%) e p�blico geral (86%) � de 9%. A disparidade � ainda maior se o paciente pertencer a dois ou mais grupos marginalizados. No caso brasileiro, minorias �tnicas figuram nas categorias que se sentem desprezadas pela presta��o de servi�os de sa�de. “N�o se sentir ouvido” (37%), “ser julgado” (20%) e “estar inseguro” (19%) s�o algumas das queixas mais comuns.

Velhices LGBTQIA

Para Milton Crenitte, geriatra do Hospital Albert Einstein e um dos autores da pesquisa “Transformando o invis�vel em vis�vel: disparidades no acesso � sa�de em idosos LGBTs”, a produ��o de dados sobre o tema � importante para conhecer e aprimorar a realidade do p�blico idoso e LGBTQIA na �rea da sa�de.

“O acesso � sa�de vai muito al�m do paciente entrar pela porta do nosso servi�o. � necess�rio um atendimento humanizado, um acolhimento, especialmente desse grupo, que sofre com dupla invisibilidade [por ser LGBTQIA e idoso]”, explica o m�dico.

“Para todo mundo envelhecer, � preciso ter perspectiva de futuro. Envelhecer no Brasil n�o � um direito, � um privil�gio. Temos que garantir que envelhecer seja um direito”, complementa.

De acordo com Lu�s Baron, presidente da ONG EternamenteSou, a popula��o LGBTQIA idosa no Brasil tem um hist�rico de exist�ncia complexo que n�o pode ser comparada com as experi�ncias de pessoas cis e hetero.

“As velhices LGBTQIA passaram pela epidemia do HIV/Aids, por ditaduras militares, deixaram seus n�cleos familiares para existir. � um direito da pessoa LGBTQIA estar no espa�o de tratamento e ser respeitada em sua integridade”, afirma ele.

Belo Horizonte

Pensando nas perspectivas da terceira idade LGBTQIA em Belo Horizonte, o projeto “Longeviver”, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), se prop�e a pesquisar como vive essa popula��o na capital mineira para realizar um diagn�stico que possa resultar em pol�ticas p�blicas.

A soci�loga e uma das coordenadoras do projeto Cyrana Veloso afirma que o foco da pesquisa � dar visibilidade a um grupo muitas vezes deixado de lado quando se pensa em projetos voltados para a popula��o.

“� um p�blico pouco estudado por v�rios motivos, o que tem a ver, tamb�m, com a falta de interesse da sociedade em rela��o � sa�de f�sica e mental dos idosos LBGTQIAP ”, explica.

"Al�m disso, muitas pessoas ‘voltam para o arm�rio’ na velhice, por quest�es familiares, para serem aceitas em institui��es de longa perman�ncia, por medo da viol�ncia, da dupla discrimina��o”, completa.

A iniciativa � do Programa de Extens�o Diverso UFMG, da Faculdade de Direito UFMG, e da Diretoria de Pol�ticas para a Popula��o LGBT da Prefeitura de Belo Horizonte, que teve in�cio em 2021, al�m de ser a primeira pesquisa realizada em Belo Horizonte que contempla este grupo.
 

Ou�a e acompanhe as edi��es do podcast DiversEM




podcast DiversEM ï¿½ uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)