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Estado de Minas PROTAGONISMO NEGRO

'A Pequena Sereia' e a import�ncia da representatividade no cinema

Trinta e quatro anos ap�s a anima��o, a hist�ria de Ariel volta �s telas, e desta vez, de forma especial


30/05/2023 15:31 - atualizado 30/05/2023 18:29
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A Pequena Sereia
Halle Bailey interpreta Ariel no live action de A Pequena Sereia (2023) (foto: Divulga��o/Reprodu��o: Disney Enterprises, Inc.)
O cl�ssico da Disney voltou �s grandes telas brasileiras na �ltima quinta-feira (25), mas desta vez, trata-se de um live action. Estrelado pela atriz Halle Bailey, o filme acabou por incentivar discuss�es acerca da import�ncia da representatividade no cinema. 

A Pequena Sereia conta a hist�ria de Ariel (Halle Bailey), a rebelde e curiosa ca�ula do Rei Trit�o (Javier Bardem), que sonha em ir al�m do mar e conhecer o mundo humano. Em suas idas � superf�cie, acaba conhecendo o pr�ncipe Eric (Jonah Hauer-King), por quem se apaixona. Ariel faz um acordo com �rsula (Melissa McCarthy) e troca sua voz por pernas, para poder viver na superf�cie. 

Os cabelos da princesa continuam vermelhos, mas, desta vez, est�o tran�ados. As tran�as s�o muito mais que simples penteados, elas s�o o reflexo de uma cultura marcada por lutas:
“Acho que a gente tem uma dificuldade imensa, enquanto sociedade, de aceitar cabelos que fogem da estrutura capilar europeia at� hoje. Ent�o, para crian�as, jovens e at� mulheres mais velhas assumirem seus cabelos naturais � um processo dif�cil. Muitas vezes acabamos n�o aceitando nosso cabelo e recorrendo � utiliza��o de produtos qu�micos para alisar. A tran�a entra como uma alternativa n�, voc� mant�m suas ra�zes e seu contato com a cultura negra e pode manter seu cabelo natural sem precisar fazer muito esfor�o. Ent�o a tran�a � uma das express�es de resist�ncia mais not�veis dos �ltimos anos”, explica a trancista Sarah Maria.

“Vejo muitas mulheres que nunca conseguiram usar seu cabelo natural aderindo ao uso de tran�as para estimular o crescimento do cabelo e facilitar o processo de transi��o. Ent�o, al�m de ser um instrumento de resist�ncia, � uma forma de aderir a diferentes estilos sem danificar seu cabelo ou perder a ess�ncia”, acrescenta Sarah.

Al�m das tran�as, outros elementos foram adaptados: o filme desta vez se passa no mar caribenho, n�o mais no dinamarqu�s, e com isso, elementos europeus foram adaptados para a realidade caribenha.


A repercuss�o pr�-estreia


Desde que foi anunciada como a Ariel no live action, Halle Bailey teve que lidar com coment�rios agressivos e racistas. Al�m disso, quando o primeiro teaser do filme foi lan�ado, o v�deo recebeu uma onda de ‘dislikes’, chegando a atingir a marca de 1 milh�o. A atriz afirmou que consegue ignorar esses coment�rios. “Como uma pessoa negra, j� esperava por isso”, disse Halle � revista brit�nica The Face.

Jodi Benson, dubladora que deu voz � sereia na vers�o em ingl�s da anima��o, saiu em defesa de Halle Bailey: “N�s precisamos ser contadores de hist�rias. E n�o importa a nossa apar�ncia externa, n�o importa nossa etnia, nossa na��o, a cor da nossa pele, nosso dialeto”, disse Jodi durante um painel de uma conven��o na Fl�rida.

Bailey sabe da import�ncia do local que ocupa ao interpretar Ariel: “O fato de eu representar todas essas meninas e meninos negros que est�o por vir � muito especial para mim, porque sei que se eu tivesse isso quando era mais jovem, teria mudado toda a minha perspectiva de vida”, disse Halle em bate-papo com a Hollywood Reporter.

O que � representatividade e por que ela � importante?


A representatividade refere-se � inclus�o e participa��o equitativa de diferentes grupos sociais em diversas �reas da sociedade. � sobre garantir que todas as pessoas, independentemente de sua origem �tnica, racial, cultural, religiosa, de g�nero, orienta��o sexual, idade ou classe social, tenham voz, visibilidade e oportunidades iguais. Al�m disso, promove o combate contra estere�tipos prejudiciais.

Os desenhos e filmes infantis s�o a grande fonte de imagina��o das crian�as, entretanto, na maioria das produ��es est�o personagens brancos interpretando pap�is os quais as crian�as negras e de outras etnias n�o se veem representadas.

“A representatividade acende em todas as pessoas negras a esperan�a de que n�s estamos tendo a possibilidade de reescrever a hist�ria com protagonismo negro. Vemos no cinema a hist�ria negra sendo retratada sempre por uma �tica de muita viol�ncia contra os corpos negros”, explica Vitor Bedeti, professor do curso de cinema da PUC Minas.
As crian�as negras sempre cresceram tendo poucos referenciais positivos nas grandes telas. Das 12 princesas da Disney, somente uma delas � negra, Tiana do filme A Princesa e o Sapo (2009). 

“Para o p�blico infantil, a representatividade ainda ganha uma import�ncia maior, porque dialogar� diretamente com a autoestima das crian�as. Imagine que uma crian�a negra vai poder agora olhar para um corpo negro protagonizando filmes, comerciais, novelas e produ��es. Ela crescer� sabendo que ela pode ocupar espa�os que s�o considerados de prest�gio e destaque na sociedade. � bonito demais de ver as crian�as saindo do cinema encorajadas e fortalecidas”, comenta Bedeti.

Em rela��o aos filmes de super-her�is na Marvel, que pertence � Disney, a representatividade e protagonismo negro vem conquistando cada vez mais espa�o, com Pantera Negra (2018) e Homem-Aranha no Aranhaverso, tamb�m do mesmo ano.

“Sou um homem quilombola, e a� quando completei 15 anos, minha fam�lia e o quilombo juntaram dinheiro para eu realizar meu sonho de ir ao cinema. Foi um super evento porque, para nossa realidade, era algo muito distante. O primeiro filme que assisti foi Homem-Aranha. Passaram-se os anos, fui ao cinema assistir Pantera Negra e quando eu estava assistindo o filme, que tamb�m � de super-her�i, voltei no tempo e me vi com 15 anos assistindo Homem-Aranha e pensei que se eu tivesse assistido Pantera Negra naquela �poca, a minha vida seria completamente diferente, sem sombra de d�vidas. Eu sa� de l� forte, encorajado”, relatou o professor.
 
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie. 


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