Entre 2003 e 2010, per�odo de alta do real, o Brasil ganhou 16.360 novos importadores. Hoje s�o quase 39 mil empresas dedicadas a trazer produtos do exterior - boa parte bens de consumo da China. Para esses empres�rios, que atendem desde o com�rcio popular da Rua 25 de Mar�o no centro de S�o Paulo a grandes varejistas, a virada do c�mbio atingiu em cheio os neg�cios.
Os importadores contam que o impacto � praticamente imediato, porque muitos cont�ineres com mercadorias vindas da �sia est�o chegando nos portos e precisam ser pagos. E, mesmo para aqueles que negociaram com anteced�ncia com os fornecedores, utilizando um c�mbio mais vantajoso, os impostos s�o cobrados pelo d�lar do dia, o que onera os custos das empresas imediatamente.
“Vai impactar r�pido nos pre�os”, diz Ariel Hamoui, diretor de marketing da Full Fit, importadora de utilidades dom�sticas que atende clientes como Camicado, Tok Stok e Etna. Ele conta que a empresa vinha trabalhando com o d�lar a R$ 1,70, deixando um pequeno colch�o em rela��o aos R$ 1,55 que a moeda chegou a ser negociada em agosto. Com o d�lar acima de R$ 1,80, a margem de manobra acabou. “A concorr�ncia � muito grande. N�o d� para trabalhar com um n�vel de prote��o ainda maior.”
A Satyam � uma importadora que atende pequenas lojas em todo o Brasil, especializada em produtos de �poca como enfeites de Natal, brinquedos para o Dia da Crian�a e material escolar para a volta �s aulas. O dono da empresa, Delpak Shizlani, tamb�m afirma que vai ser imposs�vel n�o repassar pre�os, dada a magnitude da varia��o da moeda brasileira neste m�s. “J� recebemos os enfeites de Natal, mas depois disso n�o tem como segurar os reajustes”, disse.
“Estamos no pior dos dois mundos agora que o c�mbio virou”, conta um importador que preferiu n�o se identificar. Outro fator que contribui para os estoques baixos � a falta de reposi��o nas f�bricas da China, que enfrentam escassez de m�o de obra nas regi�es costeiras.
De acordo com Gustavo Dedivitis, presidente da Associa��o Brasileira de Importadores, Produtores e Distribuidores de Bens de Consumo (Abcon), o �nico ponto favor�vel da desvaloriza��o do real � desestimular os importadores “aventureiros”. “Qualquer um abria uma empresa de importa��o e, �s vezes, nem pagava impostos prejudicando a imagem do setor. Com o real mais fraco, v�o sobrar apenas os importadores profissionais”, afirmou.