
Para H�lio, o destino da estrada de trem reflete o que ocorreu com a pr�pria fam�lia. “Cinco de meus seis filhos adotivos foram procurar emprego em outros lugares. Dois foram para Campinas (SP), outro para S�o Paulo, mais um para Angra dos Reis (RJ) e outro para Te�filo Otoni (MG).” H�lio ficou com a esposa e duas netas. Eles moram numa das casas constru�das pela Bahia-Minas, na d�cada de 1920, quando a oficina de trens foi montada. O local foi projetado para construir desde pequenos parafusos a complexas pe�as. O maquin�rio era um dos mais modernos para a �poca.
O fim da Bahia-Minas tamb�m ganhou o lamento do meio art�stico. Dois dos integrantes do Clube da Esquina, Milton Nascimento e Fernando Brant, contaram a saga da linha f�rrea na m�sica Ponta de areia: “Ponta de Areia, ponto final / da Bahia-Minas, estrada natural / que ligava Minas ao porto, ao mar / caminho de ferro mandaram arrancar”. O im�vel onde funcionou a importante oficina, desde 2000, foi modificado para abrigar o gin�sio poliesportivo do munic�pio. A imponente fachada, contudo, continua preservada, sugerindo o quanto o endere�o foi importante para a regi�o. Parte do lugar atualmente � ocupado por um posto da Pol�cia Militar. A outra parte funciona como uma minirrodovi�ria, onde tr�s empresas de �nibus levam passageiros para o interior de S�o Paulo, da Bahia e de Minas.
Longe de l�, em Ara�ua�, onde era o fim da linha da “Baiminas”, a esta��o local abriga um centro cultural. O interior do im�vel foi melhorado, mas a parte externa precisa de revitaliza��o: vidra�as est�o quebradas, a parede foi pichada e parte do passeio foi arrancada. “Quando crian�a, andei demais nesse trem. Me divertia bastante. Quem sabe, um dia, o trem n�o volta?”, deseja Jos� M�rio Ferreira, de 52, vendedor de aguardente de boa qualidade na regi�o.
Transnordestina
Projetada para ser a mais importante ferrovia de integra��o dos estados do nordeste, a Nova Transnordestina deveria ser inaugurada este ano, mas o impasse financeiro entre a concession�ria controlada pela Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), e o governo federal praticamente paralisaram a constru��o nos �ltimos seis meses. Especialistas indicam que se prevalecer o ritmo atual, o trem s� entrar� nos trilhos em 2036.
O ponto da disc�rdia � o or�amento aprovado em 2005. Inicialmente previsto em R$ 4,5 bilh�es, foi acrescido de R$ 900 milh�es em 2008. Mesmo assim, a CSN, vencedora do leil�o para construir e operar a ferrovia, garante que a verba n�o � suficiente e pressiona para novo acr�scimo de R$ 2,8 bilh�es. O governo resiste. Caso resolva ceder, o custo vai praticamente dobrar, chegando a R$ 8,2 bilh�es.