A liberaliza��o do mercado de voos entre o Brasil e os Estados Unidos pelo acordo de “c�us abertos” firmado em 2010 est� abrindo caminho para o avan�o das companhias a�reas americanas no Pa�s. Embora tenham come�ado a reagir com mais for�a � atua��o agressiva das estrangeiras, as empresas brasileiras t�m ficado para tr�s.
De setembro de 2011 - um m�s antes do in�cio da liberaliza��o - para c�, as companhias nacionais ampliaram em 26% as frequ�ncias nessas rotas, ante uma alta de 32,6% por parte das americanas. Em n�meros absolutos, a diferen�a � maior. As companhias brasileiras acrescentaram 18 voos por semana nessas rotas, menos da metade do crescimento das internacionais.
Antes do acordo, havia um limite de 154 opera��es semanais para cada pa�s. Agora, com frequ�ncias adicionais autorizadas em 2011 e 2012, as americanas j� mant�m 179 voos por semana entre os dois pa�ses. A TAM e a Gol, que come�aram a voar para os Estados Unidos no fim do ano passado, t�m apenas 69 frequ�ncias semanais nem metade do permitido antes dos “c�us abertos”, conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nas informa��es da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac). A abertura total do mercado est� prevista para 2015.
Para especialistas, com a liberaliza��o, o Pa�s desistiu de ter companhias a�reas fortes internacionalmente, mas garantiu que haja oferta de voos em rotas em que existe forte demanda, caso do corredor Brasil- Estados Unidos. Isso evita que os pre�os subam. “Liberalizar � uma decis�o pol�tica do governo, que adota discurso protecionista, mas, na pr�tica, � liberal. Com isso, estamos abrindo m�o da ind�stria de empresas a�reas”, diz o professor Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ.
Nos �ltimos anos, a Anac vem atuando para abrir o mercado. Em 2009, acabou com o piso para o pre�o das passagens a�reas em voos internacionais de longa dist�ncia, medida que, na �poca, contrariou a TAM, �nica brasileira que voava para fora da Am�rica do Sul. Na regi�o, as tarifas j� estavam liberadas desde 2008.
Uma sinaliza��o contr�ria, por�m, foi dada recentemente pelo governo Dilma Rousseff. Com um acordo de “c�us abertos” praticamente acertado com a Uni�o Europeia desde 2011, o Pa�s voltou atr�s e decidiu n�o assin�-lo. A justificativa foi evitar uma concorr�ncia maior das europeias, que s�o mais competitivas que as a�reas brasileiras.
Um dos fatores que d�o mais for�a �s concorrentes americanas e europeias � a escala. O consultor Nelson Riet, ex-diretor da Varig, explica que as rotas entre a Am�rica do Sul e Am�rica do Norte representam uma pequena parte do mercado da American Airlines, enquanto t�m um peso maior para a TAM frente ao total de suas opera��es. “Isso significa que a American Airlines aguenta perder dinheiro nesse mercado por muito mais tempo que a TAM”, diz.
Segundo ele, os custos mais elevados para o setor no Pa�s tamb�m jogam a competitividade das empresas brasileiras para baixo. “Nosso custo em rela��o ao americano � muito maior. Temos que trabalhar com um pre�o de passagem no limite”, explica Riet.
O principal motivo do interesse das empresas americanas e nacionais nesse mercado est� na forte procura dos brasileiros por viagens para os Estados Unidos. Com o d�lar mais barato nos �ltimos anos, ficou mais em conta, em alguns casos, viajar para Miami do que para o Nordeste.
Nem mesmo a alta da moeda americana no ano passado desencorajou os brasileiros a viajar para o exterior. De acordo com dados do Banco Central, em 2012, os brasileiros gastaram US$ 3,9 bilh�es em passagens nas companhias a�reas estrangeiras, ante R$ 3,7 bilh�es em 2011. “Mesmo com o d�lar mais alto (que em 2011), a viagem para o exterior est� mais barata que dentro do Brasil”, afirma Fernandes, da UFRJ.
American Airlines
De olho nessa demanda, a American Airlines � a companhia que tem puxado para cima a oferta de voos desde a assinatura do acordo de “c�us abertos”. Gra�as �s 56 frequ�ncias extras para fora do eixo Rio-S�o Paulo liberadas nos �ltimos dois anos, a companhia conseguiu ampliar o n�mero de voos para 102 por semana.
Com a elimina��o das barreiras, o plano da companhia � seguir crescendo no Pa�s, afirma o diretor da American Airlines no Brasil, Dilson Ver�osa Jr. Mesmo com o processo de recupera��o judicial em curso nos Estados Unidos, a American seguiu adiante com uma forte expans�o nos voos para o Brasil. Hoje, a companhia voa para S�o Paulo, Rio, Bras�lia, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Manaus. O plano � alcan�ar mais dois destinos este ano com voos di�rios: Porto Alegre e Curitiba. Com isso, a empresa ter� voos em todas as regi�es do Pa�s.
“O c�us abertos, que entra em vigor plenamente em 2015, � uma nova dimens�o. O Brasil ainda est� no in�cio dessa era da avia��o comercial. H� muito para crescer em v�rios lugares em que operamos e at� em outras localidades em que n�o estamos”, avalia Ver�osa Jr. Outras empresas americanas tamb�m est�o apostando no Pa�s, como Delta Airlines, United Airlines e US Airways.
As companhias nacionais n�o ficaram paradas. A TAM ganhou for�a com a associa��o com a chilena LAN na Latam e a Gol tamb�m est� demonstrando maior apetite pelo mercado. A empresa controlada pela fam�lia Constantino arrumou um meio de entrar nesse segmento sem comprar avi�es com mais autonomia: faz uma parada em S�o Domingos, na Rep�blica Dominicana, para levar passageiros do Rio e S�o Paulo � Fl�rida.
“Identificamos uma grande demanda de clientes para os EUA e, com foco neste mercado, j� tivemos sucesso com as opera��es exclusivas aos clientes Smiles”, disse, por e-mail, o diretor comercial da Gol, Eduardo Bernardes, sobre os primeiros voos, vendidos apenas para os passageiros membros do programa de fidelidade da Gol.
Procurada, a TAM disse, em nota, que concorda com a pol�tica de “c�us abertos” e acrescentou que a fus�o com a LAN foi a forma encontrada para atuar nesse ambiente mais competitivo.