
Nos 20 mil hectares de terra que formam a Associa��o dos Produtores de Cana-de-a��car do Vale do S�o Sim�o, localizada em Santa Vit�ria, na ponta do Tri�ngulo Mineiro, s�o plantadas anualmente 1,4 milh�o de toneladas de cana. Ali, 42 produtores que atuam como fornecedores das usinas de produ��o de �lcool e a��car esperam pelo pagamento de uma d�vida de cerca de R$ 10 milh�es referente � produ��o das safras 2012 e 2013. Eles trabalham para o Grupo Energ�tico do Vale do S�o Sim�o, pertencente ao Grupo Andrade. Outros 30 agricultores que atuam na regi�o aguardam receber aproximadamente R$ 12 milh�es pelo trabalho desenvolvido no mesmo per�odo para a mesma usina. Com a inadimpl�ncia, a colheita da safra de 2014, que deveria come�ar em maio, est� amea�ada. � que os produtores se recusam a entrar em campo sem o dinheiro no bolso. O clima � tenso.
O drama vivido pelos produtores de cana de Santa Vit�ria vem se repetindo Minas e Brasil afora. Segundo a Associa��o das Ind�strias Sucroenerg�ticas de Minas Gerais (Siamig), s� no estado, entre 2009 e 2013, seis usinas foram fechadas: Planalto (Arax�), Fronteira (Fronteira), Cepar (S�o Sebasti�o do Para�so), Alcana (Nanuque), Santo Hip�lito (Santo Hip�lito) e Alpha (Cl�udio). Juntas, essas usinas somavam 5 mil empregados e eram respons�veis por uma moagem de 3 milh�es de toneladas de cana. Outras quatro usinas est�o enfrentando s�rias dificuldades em Minas. No Tri�ngulo Mineiro, duas passam por recupera��o judicial. Outras duas, uma no Sul de Minas e uma tamb�m no Tri�ngulo, tentam refinanciamento junto aos bancos. As quatro correm o risco de n�o moer cana nessa safra, o que significa uma perda de 6 milh�es de toneladas de cana. Entre elas, est� o Grupo Energ�tico do Vale do S�o Sim�o.
No Brasil, no mesmo per�odo, 44 usinas foram fechadas e, neste ano, outras 12 n�o ter�o condi��o de moer cana. De acordo com a presidente da Uni�o da Ind�stria de Cana-de a��car (Unica), Elizabeth Farina, a crise que se abateu sobre o setor foi iniciada em 2008, com o tsunami financeiro que come�ou nos Estados Unidos e, de l� para c�, apesar do avan�o na produ��o de cana no pa�s, a situa��o nunca mais voltou ao normal e as empresas passaram a registrar um endividamento crescente.
Endividadas Estudo do Banco Ita� BBA mostra que o endividamento do setor n�o para de crescer e atingiu a m�dia de R$ 104 por tonelada de cana mo�da em 2012 e 2013, sendo o maior n�vel da hist�ria do setor. O autor do estudo, Alexandre Figliolino, diretor comercial para o agroneg�cio da institui��o financeira, diz que a situa��o do setor � cr�tica. Al�m do impacto da estiagem, Figliolino aponta que a pol�tica de segurar os pre�os da gasolina, agravaram a crise do setor. “Os pre�os est�o praticamente est�veis desde 2005.” Entre 2006 e 2007, o etanol voltou a se tornar grande promessa brasileira, recebendo fortes aportes de investimentos, mas muitos n�o se concretizaram na medida do esperado.
Dividindo o setor pelo endividamento, Figliolino diz que um ter�o do segmento, formado por empresas de pequeno e grande portes, est� em situa��o complicada de endividamento. “Em acelerado processo de deteriora��o.”
Em Santa Vit�ria, munic�pio de 19,6 mil habitantes, o prefeito Gen�sio Franco Neto conta que desde a paralisa��o das atividades da Usina S�o Sim�o, no ano passado, a cidade amargou a demiss�o de 1.350 funcion�rios, quase 7% de sua popula��o. “O maior passivo tem sido o social”, diz o prefeito, que tamb�m ressalta a queda da arrecada��o do ISS. Segundo ele, as contas p�blicas com a sa�de municipal dobraram, uma vez que foram despejados no sistema grande contingente que antes fazia uso dos planos de sa�de. “A usina est� tentando um empr�stimo. Nossa expectativa � de que ela volte a operar.”
PRE�OS M�rio Campos, presidente executivo da Siamig, lembra que os efeitos da crise de 2008 no setor foram agravados pela pol�tica do governo federal de manuten��o dos pre�os da gasolina nas bombas. “Em 2011, a Cide (Contribui��o de Interven��o no Dom�nio Econ�mico) era de R$ 0,28 por litro de gasolina. E hoje � zero. O governo deu aumento de gasolina na Petrobras e desonerou a Cide para que n�o houvesse eleva��o dos pre�os na bomba. Isso foi at� 2012, quando a Cide foi efetivamente zerada”, lembra. Por isso, segundo ele, o real impacto de pre�o da gasolina no setor sucroalcooleiro s� ocorreu em janeiro de 2013 e depois em dezembro do ano passado. Segundo ele, como o pre�o da gasolina � est�vel, o do etanol acabou sendo fixado por tabela.
A reportagem do Estado de Minas tentou contato com o Grupo Andrade, mas n�o obteve retorno.