Eles j� foram a aposta do governo para estimular o crescimento do pa�s. Tomaram cr�dito, compraram carro, trocaram a geladeira e a televis�o. Agora, n�o conseguem arcar com as pr�prias d�vidas. Um levantamento do Data Popular mostra que 69% da classe C est� com dificuldades para pagar as contas. Para 32% est� extremamente complicado.
A aposentada Dalva Rodrigues, de 73 anos, por exemplo, tomou um empr�stimo para terminar de construir a casa. Sem conseguir quitar o montante em raz�o dos juros altos, pediu dinheiro emprestado em outro banco e pagou a d�vida. Como n�o havia terminado a constru��o ainda, tomou outro empr�stimo. Com isso, mais da metade da renda de cerca de R$ 1 mil � abocanhada pelas institui��es financeiras.
“As pessoas s� se assustam quando veem que vai faltar, que n�o vai dar para pagar. N�o conseguem olhar um pouco para frente. O cr�dito f�cil levou a esse desequil�brio: o cart�o, o boleto, o credi�rio. Muitas vezes o problema n�o est� no que a pessoa est� consumindo todo m�s, mas no passivo das presta��es que ela vem acumulando”, observou o educador financeiro Reinaldo Domingos.
O economista F�bio Bentes, da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), atribui a dificuldade em arcar as contas � infla��o e ao encarecimento do cr�dito. A taxa m�dia de juros est� no n�vel mais alto desde abril de 2009. “A tend�ncia � a inadimpl�ncia ficar cada vez maior. A previs�o da CNC � de que passe de 6,5% para 6,9% at� o fim do ano”, pontuou. Ele explica que o cr�dito est� 10% mais caro este ano do que em 2013, segundo c�lculos da confedera��o. “Uma pessoa que tomava R$ 1.000 emprestado h� um ano, pagava uma presta��o de R$ 36. Hoje, essa parcela � de R$ 40. Se descontarmos a infla��o, o cr�dito est� 3,5% mais caro, praticamente o mesmo que o sal�rio tem aumentado, em termos reais. Isso tem tomado o or�amento das pessoas”, completou.