O economista do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) Mansueto Almeida disse que o problema da ind�stria n�o � falta de demanda, j� que as vendas continuam subindo, apesar da produ��o estagnada, e as importa��es de manufaturados tamb�m crescem. Segundo ele, a quest�o � que o Brasil se tornou um Pa�s caro, com a ind�stria pagando sal�rios altos, mas sem a produtividade correspondente.
Segundo Mansueto, que participou do F�rum Estad�o Brasil Competitivo, apesar de tr�s grandes pol�ticas industriais nos �ltimos dez anos, a fatia da ind�stria no PIB s� cai. Um dos motivos � que, ao contr�rio do setor de servi�os, para a ind�stria � mais dif�cil repassar aumentos de custos para os pre�os, o que significa queda das margens, em meio ao mercado de trabalho ainda aquecido. "O grande desafio n�o � reduzir sal�rio, � elevar produtividade", comentou.
Com o crescimento muito baixo da produtividade nos �ltimos anos, o Brasil tem dependido cada vez mais da poupan�a externa para investir. Entretanto, segundo Mansueto, essa situa��o n�o � sustent�vel. "Confiar demais no resto do mundo significa que vai entrar muito dinheiro aqui e o c�mbio continuar� valorizado, um ambiente que n�o � positivo para a ind�stria."
O economista tamb�m apontou que, com o super�vit recorrente muito provavelmente no campo negativo este ano, a d�vida brasileira deve crescer, o que � prejudicial, j� que tem um custo muito elevado. Mansueto afirma que o pr�ximo governo tem o grande desafio de cortar gasto p�blico no curto prazo. Por isso mesmo, o analista cr� que qualquer ajuste fiscal deve vir por aumento de impostos.
"A �nica forma de cortar gastos no curto prazo � reduzir investimentos, como se fez em 1999 e 2003. Mas tudo indica que o ajuste vir� por aumento da carga tribut�ria. A Dilma j� falou que n�o vai fechar nenhum minist�rio, ent�o n�o vai economizar nada", disse o economista, que foi um dos principais assessores econ�micos da campanha de A�cio Neves (PSDB) pela Presid�ncia. "Em quatro anos de governo Dilma a despesa prim�ria vai crescer a mesma coisa que nos 12 anos antes", afirmou.
Infla��o
Mansueto avaliou ainda que neste ano e em 2015 o controle de infla��o deve ser de dif�cil solu��o. Para ele, o cen�rio � mais complexo do que na �poca da elei��o do ex-presidente Lula, em 2002. "Naquele momento ela (infla��o) era atrelada ao c�mbio, mas agora temos um impacto muito grande de servi�os", disse. O economista acrescentou que a corre��o dos pre�os de energia deve alimentar ainda mais os �ndices no pr�ximo ano.