O desempenho do Brasil em 2015 pode determinar o destino dos mercados emergentes como um todo, aponta relat�rio do Morgan Stanley. De acordo com o banco, se o Pa�s conseguir atravessar a maior parte do ajuste fiscal prometido pelo governo antes que as press�es externas aumentem de maneira significativa, os emergentes devem se tornar muito mais resilientes.
Isso acontece porque o Brasil � visto como um dos dois grandes emergentes (o outro � a China) onde um ajuste nas pol�ticas dom�sticas poderia ter forte impacto na economia, tornando-o uma fonte de cont�gio para outros mercados em desenvolvimento. Na outra ponta, juntamente com R�ssia, �frica do Sul e, em menor extens�o a Turquia, o Brasil � visto como um dos que t�m "maiores desafios estruturais" e s�o "mais externamente expostos", o que implica uma grande tend�ncia de "importar" crises.
"O pior caso n�o seria o Brasil n�o avan�ar com seu ajuste macroecon�mico, mas se fizer isso ao mesmo tempo em que muitos ventos contr�rios externos se manifestem. A alta nos pre�os dos ativos em fun��o do ajuste fiscal anunciado sugere que os investidores parecem ter esquecido as li��es da austeridade na Europa. A mistura de austeridade e obst�culos externos pode significar um golpe para os mercados e economias emergentes", diz o relat�rio, cuja parte sobre Brasil � assinada pelos economistas Manoj Pradhan e Patryk Drozdzik.
Estados Unidos
Segundo eles, al�m dos desafios estruturais, os emergentes enfrentam outras dificuldades, como a normaliza��o da pol�tica monet�ria nos EUA, a desacelera��o da China e um crescimento menor do cr�dito nesses mercados, ap�s anos de expans�o excessiva. Os efeitos desses fatores s� n�o foram maiores at� agora por conta da queda na infla��o e nos yields dos b�nus de muitos pa�ses desenvolvidos, as interven��es do governo chin�s e a pol�tica monet�ria acomodat�cia de muitos BCs emergentes.
Como a China tem uma boa capacidade de "auto-seguro", a �ndia se estabilizou e os investidores j� vinham evitando a R�ssia h� algum tempo, o Brasil � a principal fonte de risco entre os grandes emergentes, segundo a equipe do Morgan Stanley. Os pesados investimentos estrangeiros no Pa�s colaboram para essa percep��o. Os autores do relat�rio citam um estudo da Organiza��o para a Coopera��o e o Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) que sugere que a possibilidade de uma crise banc�ria ou uma interrup��o repentina nos fluxos de capital aumenta quatro vezes ap�s um epis�dio de forte entrada de recursos no pa�s. Se esse dinheiro � direcionado para t�tulos de d�vida, a probabilidade � ainda maior.
"Os retornos reais excepcionalmente elevados e o redirecionamento de fluxos que iriam para a R�ssia ajudaram a aumentar a entrada de recursos para os instrumentos de d�vida brasileiros", explica o texto. "Esses influxos s� s�o sustent�veis se o retorno real de 6% que o Brasil oferece puder gerar oportunidades de investimento com retorno de mais de 6%. N�s n�o vemos evid�ncias contundentes de tais retornos na economia dom�stica, o que significa que bancar as necessidades de financiamento do Brasil � uma transa��o bastante cara", argumentam os economistas.
O documento aponta que a elevada participa��o de estrangeiros na d�vida p�blica interna � o calcanhar de Aquiles dos emergentes. No Brasil essa participa��o ainda � pequena, mas tem crescido bastante nos �ltimos anos, o que � "preocupante". Isso porque se as taxas de juros reais subirem nos EUA, "os mercados de renda fixa emergentes se tornam il�quidos muito rapidamente".
Citando o famoso m�gico h�ngaro Harry Houdini, os analistas do Morgan Stanley dizem que se os emergentes conseguirem passar com poucos ferimentos pela normaliza��o da pol�tica monet�ria dos EUA e a desacelera��o da China, eles deixariam Houdini orgulhoso. "A queda nos pre�os do petr�leo est� ajudando, mas n�s acreditamos que a possibilidade dos emergentes consolidarem 'a grande escapada' depende do Brasil conseguir atravessar seu ajuste macroecon�mico ileso".