Washington – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou ontem, em um debate no Fundo Monet�rio Internacional (FMI) sobre pol�tica fiscal, que o Brasil est� tomando decis�es dif�ceis e fazendo um arrocho das contas p�blicas de modo a garantir uma base para o crescimento. “O Brasil est� tomando decis�es dif�ceis porque as pessoas confiam. Tivemos que colocar o ajuste fiscal em pr�tica de modo que voc� tenha uma base s�lida para alcan�ar o crescimento. As pessoas entenderam isso, o Congresso entendeu. H� legitimidade, h� transpar�ncia”, afirmou o ministro.
O ministro destacou ainda o peso da infla��o e do descontrole das contas p�blicas sobre a popula��o. “Muitas vezes, as pessoas pobres pagam um pre�o alto por um alto d�ficit – pela infla��o ou pela pol�tica fiscal”, disse o ministro respondendo uma pergunta da plateia sobre os efeitos da pol�tica fiscal para os mais pobres. “Ter uma responsabilidade fiscal � muito bom, uma prote��o para as pessoas pobres”, acrescentou.
Levy lembrou que, no p�s-crise financeira de 2008, o Brasil tomou medidas antic�clicas que, em seguida, se esgotaram. “O pa�s mudou para pol�ticas menos acomodat�cias”, disse durante o debate. O ministro ressaltou a necessidade de os fundos de pens�o investirem mais em ativos reais e n�o apenas em d�vida. E muitos desses ativos reais podem estar no exterior, disse o ministro, ressaltando tamb�m o papel do mercado de capitais de mobilizar recursos para financiar a infraestrutura.
D�vida No debate, o ministro da Fazenda lembrou que a d�vida bruta caiu no Brasil nos �ltimos dez anos, para abaixo de 60%, enquanto subiu na Europa para acima de 80%. “A d�vida � �til. O segredo � que seja bem administrada e sustent�vel”, disse. Levy falou no debate de encerramento da reuni�o de primavera do FMI, em um painel que tamb�m contou com a participa��o da diretora-gerente da institui��o, Christine Lagarde.
“� uma coisa ruim ter d�vida? Depende da natureza dessa d�vida”, afirmou Lagarde, destacando que h� significativos efeitos colaterais em se ter um d�ficit elevado. O Brasil construiu um arcabou�o fiscal que impediu um aumento da d�vida do governo, disse Levy, citando a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Em alguns lugares (da economia mundial), esse arcabou�o n�o foi forte o suficiente ou o choque foi muito grande”, destacou.
Segundo Levy, o d�ficit fiscal precisa ser do tamanho certo para que transmita confian�a. Ainda de acordo com ele, uma d�vida bem administrada e sustent�vel pode ajudar a estabilizar o sistema financeiro. “Se voc� explicar para a sociedade o que � a d�vida, porque n�o deve ir al�m de certos limites, voc� pode ter sucesso”, disse ele, ao frisar que uma coisa positiva sobre o Brasil nos �ltimos anos foi o fato de o pa�s n�o ter bolha imobili�ria.
J� o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil est� dando continuidade ao fortalecimento do arcabou�o de pol�ticas econ�micas na prepara��o para o momento em que os Estados Unidos elevarem os juros. Essa foi uma das mensagens que Tombini deu a investidores e economistas durante os encontros da reuni�o de primavera do FMI, que terminou ontem, de acordo com informa��es da assessoria de imprensa do BC.
Infla��oUm dos pontos para o fortalecimento do arcabou�o de pol�tica econ�mica � a ancoragem das expectativas de infla��o, ressalta o BC. Tombini deixou claro nos encontros que a inten��o � que a infla��o possa convergir para a meta oficial de 4,5% em dezembro de 2016. Tombini ficou tr�s dias em Washington e se reuniu nesse per�odo com um conjunto de 150 pessoas, entre investidores estrangeiros e brasileiros e reuni�es bilaterais. O �ltimo encontro foi ontem, com o diretor do Departamento de Hemisf�rio Ocidental do FMI, Alejandro Werner.