(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Recess�o barra repasse da alta do d�lar para produtos do Natal

Compras feitas antes da disparada da moeda e demanda em baixa v�o conter aumento dos pre�os de itens das festas de fim de ano, apesar da desvaloriza��o de 48% do real em 2015


postado em 26/09/2015 06:00 / atualizado em 26/09/2015 07:50

Gerente de loja no Mercado Central, Alexandre Cândido reclama da forte oscilação no valor dos produtos(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Gerente de loja no Mercado Central, Alexandre C�ndido reclama da forte oscila��o no valor dos produtos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Apesar da forte desvaloriza��o do real frente a outras moedas, o impacto da oscila��o cambial deve ser mais contido em produtos da cesta natalina. Com a proximidade do per�odo festivo, a maior parte das encomendas j� foram feitas. Detalhe: em agosto, quando o d�lar estava ainda abaixo de R$ 3,50. Al�m disso, com o consumo em baixa, comerciantes dizem n�o ter espa�o para repassar os novos valores do d�lar integralmente, sob o risco de encalhe das mercadorias.
Desde o primeiro dia do ano, o d�lar valorizou-se 47,58% ante o real. Apesar do avan�o, de R$ 2,69 para R$ 3,97, o s�cio da Casa do Vinho Andr� Martini afirma que o repasse foi bem menor, “de 10%, 15%, mas bem longe de 50%”. Com o corte da margem de lucro, alguns produtos, segundo Martini, est�o com pre�os similares aos de lojas de Miami. “Se aumentar o pre�o, n�o consegue vender. Fosse para repassar o impacto cambial deste ano, os pre�os estariam insustent�veis”, afirma. A oscila��o do euro, para ele, chega a ser t�o ou mais relevante, devido � encomenda de vinhos europeus. Em janeiro, a moeda era cotada a R$ 2,94. Nessa semana, o c�mbio comercial estava em R$ 4,45.


As encomendas de produtos com enfoque natalino ca�ram 40% no provedor log�stico Kuehne-Nagel no comparativo com igual per�odo do ano passado, reflexo da baixa demanda. Frutas secas, brinquedos e objetos de casa (copos, pratos, talheres e outros itens decorativos) tiveram cortes consider�veis. Segundo o diretor da empresa, Frederico Martini, os pedidos foram quase todos feitos ainda em agosto, com o d�lar distante de R$ 4. Mas faz uma ressalva: tanto o frete quanto os impostos de importa��o foram pagos com a moeda norte-americana em n�vel mais elevado. “� a possibilidade de o comerciante dividir com o cliente o ‘ganho’ que ele teve na importa��o. Se n�o fizer, pode ficar com o produto estocado”, afirma.

Varejo

Na ponta da cadeia de importa��o, os varejistas ficam sem muita alternativa de planejamento. O vaiv�m do d�lar dificulta a tentativa de se fazer previs�es. “A mercadoria est� com um pre�o hoje, outro amanh�”, reclama o gerente do Imp�rio dos Cocos, no Mercado Central, Alexandre Pereira C�ndido, sobre os valores cobrados pelos importadores de damasco, nozes, avel�, am�ndoas e outros itens t�picos do Natal.


Ao longo da semana, alguns importadores inclusive suspenderam suas tabelas de pre�os devido �s r�pidas eleva��es do c�mbio. “Fosse para usar o valor m�ximo que o c�mbio atingiu essa semana, teria que remarcar alguns produtos em at� 25%”, afirma. Mesmo com a perda de valor do real, a banca tem mantido os pre�os. “O bacalhau ainda est� com pre�o da Semana Santa”, afirma C�ndido.


Logo ao lado, no Emp�rio Ananda, a alta de alguns pre�os induz o cliente a considerar que o aumento abrupto � generalizado. O quilo da am�ndoa custava R$ 74,80 no Natal passado, segundo o site Mercado Mineiro. Hoje o mesmo produto custa R$ 99 (32,35% a mais). Por outro lado, o damasco que custava R$ 44,80 sai por R$ 47 (4,91% de alta). Segundo o propriet�rio da loja, Geraldo Henrique Campos, o comportamento do cliente � de questionar os pre�os, mas, ao pesquisar, acaba por retornar para comprar. “Todo o pre�o que se p�e o fregu�s fala que subiu muito”, afirma o empres�rio, pouco esperan�oso com as vendas de fim de ano.

Especula��o

Outra possibilidade para os importadores seria aguardar mais tempo para fazer o pedido em vista da perspectiva de recuo da moeda norte-americana. “Especular � um risco”, diz Martini. Ele cita o exemplo de um cliente que comprou todos os itens de Natal ainda em junho. Com 90 dias para pagar, ele esperou at� o �ltimo dia para quitar o d�bito. Por azar, no dia (quinta-feira), o d�lar atingiu o maior patamar da hist�ria frente ao real, o que for�ou a pagar R$ 4,17. “N�o � poss�vel saber para onde o d�lar vai. N�o h� uma diretriz por parte do governo”, afirma o empres�rio.


No caso do setor de bebidas alco�licas, essa n�o era uma oportunidade. Isso porque, em dezembro, entra em vigor a nova f�rmula de cobran�a do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A expectativa � de aumento do custo desse tipo de produto. Portanto, mesmo em caso de queda do d�lar, o ganho poderia ser absorvido pelo aumento da tributa��o.



Cota��o recua mais

A a��o conjunta do Banco Central e do Tesouro para dar liquidez aos mercados de c�mbio e de juros conseguiu trazer os pre�os e taxas de volta � "normalidade", na avalia��o de analistas ouvidos pela reportagem. Segundo eles, por�m, a tend�ncia de alta continua, pressionada pelas incertezas pol�ticas e a crise fiscal e econ�mica no pa�s. O d�lar � vista, refer�ncia no mercado financeiro, fechou ontem em baixa de 3,49%, para R$ 3,974 na venda. Na semana, no entanto, a moeda acumulou alta de 1,46% – a sexta semana seguida de avan�o. J� o d�lar comercial, utilizado em transa��es de com�rcio exterior, recuou 0,39% no dia e subiu 0,35% na semana, para R$ 3,976.

O BC realizou ontem dois leil�es de novos contratos cambiais, que movimentaram juntos cerca de US$ 1,971 bilh�o. A opera��o equivale a uma venda futura de d�lares. A autoridade tamb�m deu sequ�ncia � sua atua��o di�ria para estender o prazo de pap�is j� existentes, que girou US$ 443,1 milh�es. A interven��o teve refor�o de empr�stimos de at� US$ 1 bilh�o com compromisso de recompra em 4 de janeiro de 2016. O objetivo � dar liquidez aos mercados: ou seja, mostrar que haver� compradores e vendedores a qualquer pre�o que os ativos atingirem, reduzindo a volatilidade das cota��es.
A autoridade monet�ria tem atuado em conjunto com o Tesouro, que anunciou na quinta-feira o lan�amento de um programa de leil�es di�rios de t�tulos p�blicos. “A a��o coordenada do BC com o Tesouro trouxe o mercado de volta � 'normalidade', corrigindo distor��es no pre�o do d�lar e das taxas de juros futuros, que foram alvo de muita especula��o nos �ltimos dias”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

“Apesar da a��o conjunta do BC e do Tesouro ter ajudado a corrigir distor��es do mercado, o cen�rio continua o mesmo: sem melhora nos cen�rios econ�mico, fiscal e pol�tico. Por isso, d�lar e juros devem voltar a subir, embora as interven��es inibam um movimento especulativo t�o forte quanto est�vamos vendo”, afirmou Rostagno.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)