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Estado de Minas BALNE�RIOS FANTASMAS

Falta de chuva reduz volume de �gua nos lagos e espanta turistas em Furnas e Tr�s Marias

Queda no movimento chega a 50% nos hot�is na regi�o das represas


postado em 02/11/2015 11:01 / atualizado em 02/11/2015 12:59

Em Areado, no Sul de Minas, a terra e o mato tomaram conta de área da Pousada do Porto, antes às margens do Lago de Furnas. Turismo e pesca na região têm perdas com terceiro ano de estiagem(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Em Areado, no Sul de Minas, a terra e o mato tomaram conta de �rea da Pousada do Porto, antes �s margens do Lago de Furnas. Turismo e pesca na regi�o t�m perdas com terceiro ano de estiagem (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Alfenas, Aerado, Fama e Tr�s Marias – Embaixo da plataforma constru�da para receber pescadores, vacas, bodes e galinhas tomam lugar de peixes. Sem barcos, lanchas nem jet skis atracados, p�eres mais se parecem esqueletos ao ar livre. Na �rea usada para banho, s� restaram as orienta��es para evitar acidentes e afogamentos. J� n�o h� mais tanta �gua naquele que j� foi considerado o “Mar de Minas” e, enfrentando o terceiro ano consecutivo de seca, o Lago de Furnas, que est� 12 metros abaixo do n�vel m�ximo, retoma a paisagem pastoril e vai se despedindo de turistas.

No segundo dia da s�rie de reportagens Seca + Crise, o Estado de Minas mostra o impacto da estiagem em balne�rios tradicionais do estado e na piscicultura, que est�o entre as principais atividades econ�micas nas regi�es de Furnas e Tr�s Marias. Na Regi�o Central do estado, o mar de �gua doce vai sendo ocupado pelas grandes margens de lama e terra seca, espantando o turismo n�utico, que desde a d�cada de 60 movimenta o balne�rio. A represa de Tr�s Marias est� com 14% de sua capacidade e at� o fim do ano a expectativa � que o volume do lago atinja 8%. No entorno do lago, a estiagem espanta tamb�m o tradicional turismo da pesca. Todos os c�rregos, riachos e veredas secaram.


Criado em 1963 para gerar energia el�trica, Furnas, o maior lago de Minas, banha 34 munic�pios, mas o impacto � sentido principalmente no Sul do estado. “O turismo foi muito sacrificado e reduziu em mais de 50% no Sul de Minas. V�rias pessoas tiveram que mudar de atividade”, afirma o secret�rio-executivo da Associa��o dos Munic�pios do Lago de Furnas (Alago), Fausto Costa, que tamb�m preside o Comit� de Bacia Hidrogr�fica de Furnas.

Foi a proximidade da �gua que levou o ga�cho Severino Martini a comprar, h� 30 anos, o Restaurante do Juquinha, �s margens do lago, em Alfenas. De 2013 para c�, o reservat�rio afastou 2,5 quil�metros do estabelecimento, deixando uma paisagem �rida e preju�zo. “Antes era um mar de �gua, hoje � um mar de mato”, resume o comerciante, que desconfia que o problema tamb�m tem rela��o com a gest�o da hidrel�trica de Furnas. Os turistas sumiram e o faturamento caiu de 60% a 70%, segundo o comerciante, que tamb�m teve que fechar seu pesqueiro, onde recebia at� 100 clientes por dia para pegar til�pia e tucunar�.

O preju�zo de Val�ria Vieira, dona da Pousada do Porto, em Areado, chega a 80%. A pousada era procurada principalmente por estar na beira do lago. Este ano, a �gua secou de vez. “Em 2010, foi a primeira vez que secou. Agora est� repetindo mais forte. O turismo aqui n�o tem incentivo, seria interessante, por exemplo, fazer um turismo do caf�”, afirma a empres�ria. Em Varginha, as �guas do lago tamb�m secaram e sobrou apenas o leito do Rio Verde. O novo ambiente levou os barcos e turistas. “As not�cias que a gente ouve n�o s�o animadoras. � rezar para chover e economizar energia e �gua”, diz Fausto.

Mar de preju�zo
Dono de uma n�utica em Fama, Kl�ber Val�rio � o �nico que permanece no ramo de barcos no munic�pio, um dos principais balne�rios do Sul do estado. “Tinha 118 embarca��es. Agora, s�o 32 e este fim de semana foi o �ltimo do ano para descer barco, pois a �gua est� quase no leito do rio”, conta Kl�ber. Junto com a �gua, o dinheiro sumiu e a renda da fam�lia caiu 60%. “Agora, � botar os dois p�s no ch�o. Pelo menos eu tenho dois tratores para encarar uma ro�a”, diz, j� tra�ando alternativas. Em nota, a usina de Furnas informou que o n�vel do reservat�rio � definido pelo Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) e que o objetivo priorit�rio da represa � a gera��o de energia el�trica.

No lago de Tr�s Marias, o n�vel da represa cai de forma assustadora. A vaz�o superior a 500 metros c�bicos por segundo forma grandes bancos de terra seca que v�o ocupando a paisagem do circuito tur�stico, famoso pelos esportes n�uticos e pela pesca. A expectativa � que at� dezembro o n�vel da represa fique abaixo dos 10%. Com a temperatura ultrapassando os 30 graus, o setor hoteleiro viu o turista sumir em uma das melhores �pocas para o lazer. “Nossa ocupa��o caiu perto de 40% desde dezembro do ano passado”, calcula Lucas Daura, dono do Hotel Grande Lago e do hotel-fazenda Mar Doce, entre os maiores empreendimentos da regi�o.

Preocupa��o No balne�rio Grande Lago, a �gua que chegava praticamente na porta agora requer do h�spede uma caminhada. Os clientes da cidade e de regi�es vizinhas que frequentavam a represa principalmente nos fins de semana tamb�m sumiram. “O que mais nos preocupa � a incerteza”, diz Lucas. No terceiro ano consecutivo de estiagem acima da m�dia hist�rica, o empres�rio decidiu pisar no freio e aguardar. Ele est� com o projeto pronto para constru��o de uma �rea de piscina em seu empreendimento, com investimentos na ordem de R$ 350 mil. “Decidi esperar.” Lucas lembra que o n�vel de �gua na represa ainda � suficiente para a pr�tica de esportes como Jet ski e pesca. “Mas quem convence o turista?”

O prefeito de Tr�s Marias, Vicente Resende, diz que a regi�o vive o seu momento mais cr�tico, pois todos os c�rregos e veredas secaram. No ano passado, o turismo na regi�o amargou queda de 70%. Agora para tentar reverter o quadro o munic�pio investe em outras vertentes. “Estamos incentivado encontros de aeromodelistas, motociclistas, criando a��es diferenciadas”, diz o prefeito.

No Country Clube, em Francisco Sá, a lagoa secou totalmente (foto: Solon Queiroz/Esp. EM )
No Country Clube, em Francisco S�, a lagoa secou totalmente (foto: Solon Queiroz/Esp. EM )
Lago vazio nos clubes

Luiz Ribeiro


Francisco S�
– O abastecimento humano, a produ��o de alimentos e a gera��o de energia s�o alguns dos setores mais conhecidos que sofrem com os preju�zos provocados pela crise h�drica. A falta d'�gua tamb�m atinge em cheio o lazer. Por conta dos efeitos da estiagem, os frequentadores de clubes recreativos constru�dos perto de reservat�rios de usinas hidrel�tricas, como as de Furnas e Tres Marias, viram a �gua ficar distante ou inacess�vel para eles. Em outros locais, lagoas em �reas de clubes secaram completamente, como se verifica no Norte de Minas.

O Country Clube Lagoa da Barra surgiu em fun��o da lagoa de mesmo nome, na regi�o de Rio Verde, Francisco S� – embora a sede administrativa do clube fique situada em Montes Claros, onde residem os seus cerca de 1,5 mil s�cios. A Lagoa da Barra ocupava uma extens�o de mais de cinco hectares (50 mil metros quadrados) e era uma das principais fontes dos s�cios e frequentadores do clube, que ali pescavam e admiravam a natureza. Em virtude da estiagem, o lago secou completamente. No espa�o seco permanece uma esp�cie de p�er, que d� uma dimens�o do volume de �gua que existia no local. Hoje, o ch�o que era coberto pela �gua est� totalmente rachado.

O presidente do Clube Lagoa da Barra, Deusdete Rodrigues Badar�, lamenta: “Hoje, infelizmente, est� tudo seco”. A lagoa � formada pelas �guas das cheias do Rio Verde Grande. Ela secou completamente no ano passado e a lagoa permaneceu vazia neste ano. “O rio n�o teve mais enchente capaz de levar �gua at� a lagoa”, diz o presidente do clube. O Rio Verde, afluente do Rio S�o Francisco, tamb�m secou completamente.

Com a estiagem prolongada, a lagoa do clube campestre Pent�urea, situada na regi�o de mesmo nome, no munic�pio de Montes Claros, tamb�m secou. A lagoa era usada como op��o de pescaria para os s�cios do clube. O presidente do clube, Altamiro Ferreira, diz que, al�m de reduzir as op��es de lazer para os s�cios, o secamento da lagoa trouxe perdas para o clube, que captava �gua no local para molhar jardins e os gramados dos seus campos de futebol.


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