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Estado de Minas PEIXES FORA D'�GUA

Baixo n�vel do lago de Furnas e da represa de Tr�s Marias provoca morte de peixes

Redu��o no n�vel dos reservat�rios das hidrel�tricas no Sul e Centro do estado aquece ebaixa oxig�nio da �gua, matando pescados. Piscicultores migram, mas n�o evitam perdas


postado em 02/11/2015 11:01 / atualizado em 02/11/2015 13:00

Produtor em Morada Nova de Minas, Alissom Braga recolhe todos os dias até 500 quilos de tilápias mortas nos seus tanques em Três Marias, drama que está afetando toda a piscicultura(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A/Press)
Produtor em Morada Nova de Minas, Alissom Braga recolhe todos os dias at� 500 quilos de til�pias mortas nos seus tanques em Tr�s Marias, drama que est� afetando toda a piscicultura (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A/Press)

Morada Nova de Minas e Fama – Na regi�o Central do estado, �s margens do lago de Tr�s Marias, os peixes est�o morrendo de calor. A temperatura da �gua j� chegou a atingir 31 graus, bem acima dos 26 considerados ideais para os pescados. Por dia, os piscicultores medem a mortandade em toneladas. O terceiro ano consecutivo de estiagem no estado est� secando os lagos e esquentando a �gua. Em busca de �gua e oxig�nio para os peixes, piscicultores se tornam n�mades, migrando seus tanques de tempos em tempos.

O n�vel cr�tico da represa de Tr�s Marias, que at� o fechamento desta reportagem estava em 14% de seu volume, j� fez at� o porto da balsa, que leva a Morada Nova de Minas, mudar de lugar, j� que seu ponto original de embarque secou. Quem chega ao pequeno munic�pio, de 10 mil habitantes, pode atingir pontos da represa de Tr�s Marias pela ponte do Rio Sucuru�. A paisagem � um aviso do que vem pela frente. O pouco que sobrou do espelho d’�gua pode ser visto do lado direito da travessia. Debaixo da ponte, s� terra esturricada, carca�as de animais e uma paisagem des�rtica, onde a eros�o abre fendas na terra batida.

Morada Nova de Minas, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e do Parna�ba (Codevasf), � o maior produtor de peixes da regi�o de Tr�s Marias, com 214 toneladas mensais. O munic�pio concentra perto de 60% da �rea do reservat�rio e a piscicultura � uma atividade que come�ou a crescer nos �ltimos cinco anos, incentivada pelos �rg�o de assist�ncia t�cnica e at� pelo extinto Minist�rio da Pesca.

Em n�veis cr�ticos, a estiagem est� provocando a mortalidade dos pescados e atrasando o crescimento, o que faz os produtores contabilizarem preju�zos. Apontando a uma dist�ncia de aproximadamente 500 metros, o piscicultor Alisson Braga mostra onde era sua cria��o de til�pias. Acompanhando o n�vel da represa, que baixou quase 10 metros, ele precisou transferir os tanques, movimento que est� sendo repetido por praticamente todos os produtores da regi�o.

Sua marca, a Til�pia Mineira, produz cerca de 70 toneladas ao m�s e todos as manh�s ele enterra os peixes que amanhecem o dia boiando na �gua, entre 300 e 500 quilos por dia, perto de 3 toneladas por m�s. A imagem � desoladora. Nem quem vive na �gua escapa ao sol escaldante. “Os n�veis de oxigena��o caem muito com o calor”, explica o piscicultor.

Na mesma regi�o, Olimpio Dayrell, segue os mesmos procedimentos e pela manh� faz a limpeza de seus tanques recolhendo os animais que n�o sobreviveram. Geralmente a mortalidade � maior entre os peixes que est�o bem pr�ximos ao ponto de abate, pesando entre 700 gramas e 900 gramas. A situa��o da represa, faz o piscicultor repensar seus investimentos. Ele planejava contratar uma linha de financiamento para expandir o neg�cio, mas vai aguardar primeiro pelas chuvas.

Alisson Silva lembra que Morada Nova de Minas vive da piscicultura e da agricultura tocada por grandes empreendimentos. Ele comenta que quando o lago foi constru�do a cidade ficou desolada. Tinha 18 mil habitantes na d�cada de 60. De l� para c�, no caminho inverso do pa�s, a popula��o diminuiu em 8 mil habitantes. Um ensaio da retomada vem acontecendo devagar, j� que Morada Nova ficou por d�cadas esquecida no mapa. A piscicultura criou um movimento na cidade que j� conta com tr�s frigor�ficos abatedouros e j� produz seus pr�prios alevinos, filhotes de peixes.

Tanques de criação mudam de lugar com escassez de água no município que mais produz na região(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Tanques de cria��o mudam de lugar com escassez de �gua no munic�pio que mais produz na regi�o (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
“� tudo uma cadeia, quando precisamos produzir para incentivar o consumo, vem a queda no n�vel do reservat�rio, que tem mais haver com sobradinho do que com a chuva. Da� a produ��o de peixes cai em um momento que deveria aumentar, reduzindo pre�os, para abastecer o consumidor que quer comprar, mas est� apertado.” O coordenador de piscicultura da Emater, Jos� Rasguido, explica que o consumo de peixes no pa�s vem crescendo, mas tem espa�o para avan�ar. Durante a crise da �gua, ele aponta que uma alternativa encontrada � reduzir a alimenta��o para evitar a mortalidade. Em vez de tr�s ra��es di�rias, a dieta � reduzida a uma por��o. “O que atrasa o abate em aproximadamente um m�s”, calcula.

Planos adiados A crise da �gua se torna mais forte com o rev�s da economia, que encareceu e reduziu o cr�dito para investimentos. Lylia Prado, � dona do frigor�fico Minas Pescados, j� autorizado pelos servi�os sanit�rios. Este ano, ela planejava uma expans�o no pequeno abatedouro que lhe daria mais um selo de qualidade. “A essa altura do ano, eu j� precisava estar com minha �rea pronta. Preciso de um cr�dito de R$ 100 mil, mas no momento os bancos n�o t�m linhas para investimento que se adequem ao meu neg�cio.”

Carlos Junior de Faria, montou um neg�cio de cria��o de alevinos e hoje fornece para toda a regi�o de Tr�s Marias e at� para outros estados. Este ano, ele tamb�m planejava expandir o neg�cio, mas foi pego pela estiagem de um lado e do outro pela crise econ�mica. Como n�o conseguiu linha de cr�dito no sistema financeiro, usou recursos pr�prios para obras para ter �gua. Isso porque sua capta��o que acontecia a uma dist�ncia de 400 metros, com a estiagem se afastou em mais de um quil�metro, exigindo os investimentos, que acabaram empurrando para o ano que vem a expans�o da pequena empresa.

Em Fama, no Sul de Minas, piscicultores tamb�m migram para fugir da seca que amea�a os criat�rios. O pescador e piscicultor Edson Coelho cria til�pias no Lago de Furnas e j� olha para o n�vel das �guas com preocupa��o. “Se a �gua baixar mais um pouco j� come�a a ficar ruim, a dar doen�a no peixe”, afirma. No ano passado, tamb�m por causa das chuvas escassas, foi necess�rio mudar os tanques de pesca de lugar. “Eles ficavam na margem, agora est� dentro do leito do rio”, explica.



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