
Orlando – Para�so das compras dos brasileiros no exterior, ao lado de Miami, Orlando, na Fl�rida, sofre do mal da valoriza��o recente do d�lar frente ao real para um com�rcio que sempre atraiu legi�es de consumidores tupiniquins. Antes com dinheiro de sobra no bolso, eles se mostravam �vidos n�o apenas por conhecer os badalados parques e resorts tem�ticos – como os da Universal Studios e Disney –, mas tamb�m os famosos outlets, que oferecem produtos a pre�os bem mais acess�veis em compara��o com o Brasil. Agora, combinada � redu��o do poder de compra dos turistas, a alta da moeda norte-americana mudou o perfil dos visitantes na terra do Tio Sam, hoje menos dispostos a desembolsar nas lojas.
Os gastos dos brasileiros no exterior ca�ram 47% em setembro, na compara��o com o mesmo m�s do ano passado, segundo os dados mais recentes levantados pelo Banco Central. Os turistas deixaram US$ 1,26 bilh�o fora das fronteiras do pa�s, quando em setembro de 2014 a conta foi a US$ 2,38 bilh�es. S� no m�s analisado, a moeda norte-americana subiu 9,33% e, no acumulado do ano, teve varia��o de 49,15%.
“Os brasileiros continuam vindo a Orlando, mas est�o gastando um pouco menos”, avalia Lorena Garcia, diretora de marketing e desenvolvimento de um dos mais importantes estabelecimentos comerciais da cidade, o Orlando Internacional Premium Outlets. Ela aposta na queda do d�lar, ansiosa por uma reviravolta nas compras dos brasileiros neste fim do ano. “N�s sempre vimos mais turistas brasileiros em julho e agosto, mas este ano eles est�o chegando mais tarde, talvez por causa da economia . Eu creio que veremos muitos brasileiros em novembro, dezembro e janeiro”, afirma.
As vias de acesso �s lojas nos outlets continuam com movimenta��o intensa de brasileiros, mas aquele perfil consumista deu lugar a outro bem mais conservador. Fam�lias visitam os shoppings, sob a t�nica da pesquisa de pre�os. Seguindo esse novo comportamento dos brasileiros, Gian Teixeira, a mulher Ana e os filhos vieram de Londrina com objetivos claros: passear � prioridade, consumir fica em segundo plano.
“O d�lar est� impactante, isso diminuiu o poder de compra. N�o � poss�vel comprar mais sem pesquisar pre�os nas lojas. Por isso, estamos mais passeando que comprando”, afirma Gian, enquanto controla o impulso dos filhos Tain�, 13 anos, e Guilherme, 5, de encher as bolsas e voltar para casa com muitos produtos.
Aposta na Black Friday
A advogada Vanessa Sacramento, de 36 anos, se hospedou no luxuoso Rosen Hotels & Resorts, na Universal Boulevard, com a filha Pietra, de 6 anos, a madrinha e o filho dela. A vontade da menina era levar para casa um exemplar da boneca Our Generation, mas s� teve a op��o de satisfazer o desejo de viver as emo��es de uma aventura pelos parques tem�ticos espalhados pela cidade. “Fechamos o pacote de 10 dias, com oito dias para os parques, em mar�o. Nessa ocasi�o, o d�lar estava bem mais baixo”, explica a paulistana, revelando que pagou R$12 mil pela viagem, com refei��es inclu�das na hospedagem.
Movimento importante no com�rcio varejista norte-americano, que ganhou vers�es em diversos pa�ses, entre eles, o Brasil, a Black Friday � a aposta dos lojistas para reaver lucro com os brasileiros. O evento ocorre na sexta-feira seguinte ao Dia de A��o de Gra�as nos Estados Unidos, comemorado na pr�xima quinta-feira. As lojas abrem cedo e funcionam at� meia-noite, com intensa presen�a de consumidores, motivados pelos generosos descontos ofertados nos pre�os dos mais variados produtos.
Os outlets e shopping centers j� se prepararam para a promo��o. “J� tenho um monte de grupos de brasileiros que fizeram contato em busca de reservas para a Black Friday. Durante todo o fim de semana, teremos grandes descontos a oferecer”, diz Lorena Garcia, do Orlando International Premium Outlets, que ainda anuncia outra promo��o para os turistas tupiniquins: “Se o visitante brasileiro apresentar o passaporte, receber� cupons para desconto em todas as nossas lojas”.
Nem 'jeitinho' atrai clientes
Com o grande n�mero de turistas tupiniquins em Orlando, os lojistas investiram na contrata��o de brasileiros. A facilidade de comunica��o para ‘convencer’ os compradores a gastar era a grande aposta para aumentar o faturamento. A alta do d�lar, no entanto, pegou todos de surpresa, apesar da movimenta��o nos quiosques de perfume espalhados pelo Orlando International Premium Outlets.
“Muitos brasileiros est�o vindo, mas, com o d�lar a quase R$ 4, ficou mais dif�cil vender”, atesta Itamara Braga Gon�alves, que trabalha no Perfume Outlet III ao lado das compatriotas Pollyana Gouveia e B�rbara Fran�a. “Nem mesmo as roupas para enxoval de beb� est�o vendendo bem. Os gastos com compras diminu�ram muito, pois alguns pesquisam os melhores pre�os e outros preferem ir aos parques”, acrescenta a vendedora formada em implantodontia, que trocou S�o Paulo por Orlando h� um ano.
A dificuldade para atrair os brasileiros �s compras � sentida tamb�m fora dos centros comerciais de Orlando. Em Winter Park, munic�pio vizinho de pouco mais de 27 mil habitantes e distante cerca de 8 quil�metros, o movimento nas ruas repletas de lojas diminuiu consideravelmente. � a opini�o da comerciante M�rcia Schwarte, que, desde 1994, mant�m a simp�tica Kathmandu ao lado do marido, Gary, que � norte-americano. “O consumo dos brasileiros caiu muito. H� quatro ou cinco meses, os shoppings ficavam lotados, estava at� dif�cil estacionar. Os brasileiros compravam tanto, que era preciso ter uma mala para guardar tudo. Agora est� bem mais vazio. Essa alta do d�lar foi uma loucura”, conta.
*O rep�rter viajou a convite da operadora Visit Orlando
Maratona de descontos
Black Friday � um termo criado pelo varejo nos Estados Unidos para celebrar a data de melhor desempenho do com�rcio. O evento ocorre na sexta-feira seguinte ao feriado de A��o de Gra�as, sempre comemorado numa quarta ou quinta-feira de novembro. A ideia foi seguida por outros pa�ses, como Canad�, Austr�lia, Reino Unido, Portugal, Paraguai e Brasil. As lojas abrem bem cedo e fecham por volta da meia-noite, depois de atender filas enormes de consumidores. Muitas pessoas ganham folga para ir �s compras com tranquilidade. O dia tamb�m � conhecido por dar in�cio � temporada de compras de Natal, mas os descontos s�o considerados mais atrativos que aqueles t�picos da festa natalina.