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Estado de Minas

Falta de planejamento pune idoso e fam�lia

Poupan�a evita rombo nas contas quando pais necessitam de cuidados. � preciso tamb�m guardar para a pr�pria maturidade


postado em 13/12/2015 06:00 / atualizado em 13/12/2015 09:59

Ana Francisca, que sofreu um AVC e é cadeirante, e o marido, Agostinho Sales, contam com a ajuda da filha Francisca e de outros familiares(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Ana Francisca, que sofreu um AVC e � cadeirante, e o marido, Agostinho Sales, contam com a ajuda da filha Francisca e de outros familiares (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
O r�pido envelhecimento da popula��o trar� desafios extras �s fam�lias. O mais desafiador deles: cuidar de pais e av�s sem colocar em risco o patrim�nio. A maior parte das pessoas com 60 anos ou mais n�o se preparou para o futuro. Ou seja, v�o depender de filhos e parentes para viver com dignidade. Portanto, ainda que o tema n�o seja o mais agrad�vel, � hora de enfrent�-lo. N�o basta apenas carinho e compaix�o. Ser� preciso uma conta-corrente recheada para arcar com as despesas. Somente um cuidador profissional pode custar mais de R$ 2 mil por m�s, sem incluir os encargos trabalhistas.

A dica dos especialistas � clara: comece a poupar desde j�. E n�o se acanhe em falar com pais e av�s sobre como eles se prepararam para a velhice. A organiza��o do or�amento dom�stico � vital. Quando se aposenta, os rendimentos despencam. A renda complementar, que pode vir da tradicional caderneta de poupan�a, de um plano de previd�ncia ou de t�tulos p�blicos, dar� seguran�a de que coisas b�sicas, como alimentos e medicamentos, n�o faltar�o.

O planejamento financeiro n�o tem idade. Quanto mais cedo se come�ar a poupar, melhor ser� a condi��o de vida quando a inevit�vel velhice chegar. E � bom lembra que cuidar dos pais n�o significa a garantia de que se poder� ser cuidado com a mesma preocupa��o por parte dos filhos, pois esses costumes e o sentido de responsabilidade est�o mudando.
Os custos s�o sempre maiores do que se espera. “Cuidar de idosos � diferente de cuidar de uma crian�a. Com os pequenos � poss�vel fazer planilha de custos b�sicos. Com os mais velhos, n�o se sabe se ele precisar� de medicamentos de R$ 10 ou de R$ 1 mil, se necessitar� de uma cadeira de rodas”, diz o educador financeiro Jurandir Sell Macedo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que enfrenta o desafio de cuidar do sogro, com Alzheimer, e da sogra, que teve um acidente vascular cerebral (AVC).

As contas s�o pesadas, diz Macedo. “Os filhos gastam quase R$ 30 mil por m�s com estrutura, empregada, cuidador, m�dico, fisioterapeuta”, ressalta. Essa fatura fica mais pesada quanto menor for a fam�lia. “No passado, as pessoas tinham muitos filhos. Hoje, t�m um ou dois”, afirma. Macedo.

Os dados sobre envelhecimento da popula��o s�o alarmantes. Em 2050, haver�, no mundo, 3,2 milh�es de centen�rios (eram 210 mil em 2013) e 2 bilh�es de pessoas com 60 anos ou mais (eram 629 milh�es h� dois anos), segundo o relat�rio do Departamento de Assuntos Econ�micos e Sociais das Na��es Unidas (ONU). “No Brasil, o aumento do n�mero de idosos ser� bem mais r�pido que a m�dia mundial”, ressalta Macedo. Ele lembra que, nos anos 1940, a expectativa de vida dos brasileiros era de 50 anos. Hoje, est� em 75,2 anos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Entre 2004 e 2014, a propor��o de idosos com 60 anos ou mais foi o grupo populacional que mais cresceu, passando de 9,7% para 13% do total. Em 2030, ser�o 18,6%, e, em 2060, 33,7%.

Uma sa�da, no entender de Macedo, � criar no Brasil a hipoteca reversa, mecanismo que j� existe nos Estados Unidos. O idoso pode vender a sua casa para um banco e continuar morando nela, recebendo um valor mensal. Esse dinheiro pode ser usado para cobrir as despesas da casa, inclusive com o cuidador. “Heran�a, hoje em dia, n�o faz sentido. �s vezes, o idoso tem tr�s filhos e dois somem quando ele mais precisa. S� um cuida. Depois, a heran�a � dividida igualmente”, critica Macedo. Ele tamb�m acha importante reformular o conceito de casamento com comunh�o total de bens. “Se um dos dois morre, os bens ficam bloqueados para invent�rio. Na hora que mais precisa, o idoso n�o pode usar o que construiu ao longo da vida”, emenda.

Maria das Dores Alves, de 59 anos, � respons�vel pela m�e Eul�lia, de 83, que tem renda mensal de R$ 1,6 mil com alugu�is e � sua dependente. “Gastamos cerca de R$ 1,4 mil apenas com medicamentos e consultas m�dicas”, diz. Dona Eul�lia s� n�o enfrenta dificuldades porque a filha, funcion�ria p�blica, recebe R$ 10 mil mensais e consegue cobrir o excedente. Para isso, no entanto, Maria e a filha, de 18, se mudaram para a casa da idosa, h� oito anos, desde a morte do pai. Ele, comerciante, e a mulher nunca contribu�ram para a Previd�ncia Social. A servidora abriu m�o de viagens e do lazer em geral.

Ana Francisca, de 79, e o marido, Agostinho Ricardo de Sales, de 77, tamb�m tiveram sorte. Agostinho foi do setor de administra��o civil no Ex�rcito. Ela sempre tomou conta das crian�as e administrou uma mercearia. Com o dinheiro do com�rcio, construiu dois pr�dios para reunir a fam�lia. Ana parou de trabalhar h� 19 anos, quando teve um AVC e passou a viver em uma cadeira de rodas. “Fiz de tudo para ningu�m pagar aluguel”, diz.

Seu Agostinho tem uma aposentadoria de R$ 3 mil e dona Ana, de um sal�rio m�nimo. Gastam aproximadamente R$ 2 mil com medicamentos. “Meus filhos me ajudam. N�o nos falta nada”, orgulha-se o patriarca ao lado da filha, Francisca Salles. Ele conta que faz quest�o de saber constantemente onde toda a prole est�. “Almo�amos e jantamos juntos”, afirma. Apesar de Ana estar em uma cadeira de rodas, o casal viaja para o Nordeste uma vez por ano para visitar a fam�lia.

Previd�ncia e pouco para o futuro

Mesmo para quem paga a Previd�ncia Social, o futuro est� longe de ser garantido. O educador financeiro Reinaldo Domingos v� com preocupa��o o futuro dos idosos no pa�s. "O d�ficit hoje est� estimado em R$ 88,9 bilh�es, com previs�o de crescer 40,5% em 2016, para R$ 124,9 bilh�es". Ele destaca que, atualmente, a mensalidade de uma casa de repouso est� entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. "N�s, da ativa, teremos em breve um novo filho para cuidar chamado pai ou m�e. Ou nos preparamos ou faremos grandes sacrif�cios, com risco de mergulhar no endividamento", destaca.

Alguns idosos, destaca Domingos, acabam tamb�m sendo enganados pela pr�pria fam�lia. “Soube de muita gente que assina contrato pelos pais, falsifica assinaturas. Uns agem de boa-f�, na tentativa de evitar que o idoso passe pelo sacrif�cio do deslocamento. Outros se aproveitam. Criam senha e gastam os recursos.”

Para treinar as crian�as para o futuro, Silvana Iunes, professora de matem�tica da Universidade de Bras�lia (UnB), desenvolve um projeto de educa��o financeira. "Nossa preocupa��o � que os pequenos comecem a guardar dinheiro desde cedo", diz. Em alguns casos, a situa��o dos pais serve de exemplo. O objetivo � mostrar que n�o se pode repetir a pr�tica de n�o se planejar a longo prazo.


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