A "ca�a ao tesouro" dos piratas por combust�vel na Amaz�nia chegou a refinarias e terminais de distribui��o da Petrobras e de outras empresas que atuam na regi�o. O modus operandi desses ataques � o mesmo dos assaltos a embarca��es nos rios: os piratas usam barcos pequenos e r�pidos para chegar ao local e, com armas pesadas, rendem os vigilantes. Na sequ�ncia, chega um barco maior para onde � transportado o combust�vel e os equipamentos roubados.
Os assaltos ocorrem, principalmente, na �poca das cheias, quando o n�vel alto dos rios facilita o acesso dos bandidos � refinaria. Eles fazem uma liga��o com mangueiras de uma polegada para bombear combust�vel dos dutos diretamente para os tanques das embarca��es usadas para o roubo, que ocorre sempre de madrugada, em uma �rea pouco iluminada, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas.
"O perigo existe e � iminente. J� fizemos v�rias den�ncias, que est�o sendo investigadas pela dire��o da refinaria", afirma Roberto Pinheiro, diretor do Sindipetro-AM. "Isso ocorre h� uns 20 anos, mas se intensificou nos �ltimos anos. Recentemente, houve duas ou tr�s ocorr�ncias seguidas."
Em Manaus, os piratas tamb�m est�o atacando o Porto de Encontro �s �guas, onde tem sido roubado desde corda, tubula��es, material de geologia at� equipamentos car�ssimos de perfura��o e de explora��o, como pedra diamantada.
Outro ponto cr�tico � o Terminal Aquavi�rio de Coari, usado para escoamento de petr�leo e g�s produzido na regi�o de Urucu pela Petrobras. Pinheiro relata den�ncias de troca de tiros h� dois meses entre vigilantes e piratas que, al�m de combust�vel, roubam tamb�m material el�trico da unidade. "Aqui j� � rota de tr�fico, rota de piratas. Estamos perto da Col�mbia e da Venezuela. Se n�o tiver gente suficiente para fiscalizar, a bandidagem corre solta", afirma Lourival J�nior, diretor secret�rio do Sindipetro PA, AM, MA e AP e diretor da Federa��o Nacional de Petroleiros (FNP).
Perdas
Como o jornal publicou, o trecho do Rio Solim�es entre as cidades de Coari e Tef�, no Amazonas, � dominado por piratas e � o mais violento entre os rios da Amaz�nia, por causa dos carregamentos de drogas que v�m da Col�mbia e do Peru.
A FNP diz ter relatado os problemas para a Petrobras na mesa de negocia��es e culpa os ataques piratas � dr�stica redu��o do n�mero de funcion�rios da estatal desde 2014, sobretudo em opera��es nos terminais e aferi��o dos tanques de combust�vel.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combust�veis e Lubrificantes estima que mais de 10 bilh�es de litros de combust�vel foram roubados na Amaz�nia em 2016, sendo que o maior volume ocorreu em balsas de transporte. No primeiro trimestre deste ano, foram 2,4 bilh�es. Roubos de piratas na Amaz�nia causam perdas de cerca de R$ 100 milh�es por ano em mercadorias, segundo a Federa��o Nacional das Empresas de Navega��o Aquavi�ria (Fenavega).
Procurada pelo jornal, a Petrobras n�o se pronunciou. Uma fonte ligada � empresa, no entanto, confirmou uma tentativa de roubo na Reman.
Segundo a fonte ligada � seguran�a da Amaz�nia, h� den�ncias tamb�m de ataques de piratas na �rea de explora��o da petroleira russa Rosneft. Por meio da assessoria, a Rosneft negou a ocorr�ncia dos crimes.
'Terra dos piratas'
A cidade de Barcarena, no Par�, � conhecida como "terra dos piratas". Localizada pr�ximo ao Estreito de Breves, canal fluvial de acesso ao Arquip�lago do Maraj�, no Par�, a cidade � considerada o centro dos piratas, pois � ali que os bandidos se re�nem para fazer as incurs�es.
A maioria das ocorr�ncias � de roubo de combust�vel. O problema na regi�o � t�o grave que j� est� provocando falta de energia em algumas cidades, onde a gera��o de energia � feita por meio de termoel�tricas.
(Karla Mendes, especial para a AE)
