(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ENTREVISTA /JOS� VELLOSO

Pol�tica de pre�os da Petrobras est� equivocada", diz presidente-executivo da Abimaq

Representante das empresas de m�quinas diz que 93% do setor foi afetado pela greve


postado em 30/05/2018 06:00 / atualizado em 30/05/2018 09:06

(foto: Divulgação)
(foto: Divulga��o)

S�o Paulo – Em seu nono dia de paralisa��o, o movimento dos caminhoneiros conseguiu a proeza de afetar negativamente todos os setores da economia, que contabilizam bilh�es em preju�zos. “Temos relatos de nossas associadas de que v�rias mat�rias-primas e componentes n�o est�o chegando nas f�bricas, al�m da dificuldade de obter combust�veis e lubrificante por causa da paralisa��o dos caminhoneiros”, diz Jos� Velloso, presidente-executivo da Abimaq, associa��o que re�ne as fabricantes de m�quinas e equipamentos do pa�s.

A entidade realizou uma pesquisa com mais de 250 empresas do setor para saber como elas estavam sendo afetadas pela greve dos caminhoneiros. O resultado � espantoso: 93% das empresas que foram consultadas responderam que est�o com problemas de desabastecimento.

"Fizemos uma pesquisa e descobrimos que 93% do setor foi afetado pela paralisa��o dos caminhoneiros, com dificuldades no recebimento de insumos de toda a ordem%u201D


“Isso � bastante s�rio. Esperamos que haja um acordo entre os envolvidos e a greve termine logo para que a ind�stria volte a produzir como antes”, declarou Velloso. Segundo ele, o maior erro nessa hist�ria toda � da Petrobras, e da pol�tica de reajuste autom�tico de pre�os de seu presidente, Pedro Parente.

Segundo ele, Parente s� olhou para os problemas da estatal e para a remunera��o de seus acionistas, esquecendo-se de seu maior ativo – os consumidores. Velloso se declara um defensor da Petrobras e do reajuste de pre�os que remunere a petroleira, mas diz que � preciso trazer previsibilidade para seus clientes.

Al�m disso, considera que varia��es di�rias de pre�os est�o fora da realidade das empresas que atuam em mercados extremamente concorridos. “No mundo real n�o funciona assim. Sabemos que a Petrobras precisa se recuperar, mas precisamos de previsibilidade para continuar trabalhando”.

Qual foi o impacto das paralisa��es dos caminhoneiros na ind�stria de m�quinas e equipamentos?
Fizemos uma pesquisa online com pouco mais de 250 empresas e descobrimos que 93% do setor foi afetado, com dificuldades no recebimento de insumos de toda a ordem, mat�rias-primas, componentes e at� problemas na entrega de alimentos aos restaurantes que servem alimenta��o para os funcion�rios. Cada empresa tentou uma solu��o que ameniza os problemas � sua maneira.
 

Que solu��es?

Algumas anteciparam o feriado de Corpus Christi, outras negociaram com os funcion�rios e os sindicatos a antecipa��o de f�rias e tem quem j� est� pensando em demiss�o. De uma forma geral, o setor est� parando, porque n�o tem mat�ria-prima para tocar a produ��o. Outro problema s�o os artigos que est�o prontos, mas a empresa n�o consegue despachar o produto da f�brica por falta de transporte. Isso come�a a atrasar o faturamento.

Como a Abimaq avalia o movimento dos caminhoneiros e transportadores?
Nossa avalia��o � que houve um erro da Petrobras. Tem v�rios setores, inclusive o nosso, que consomem commodities, e h� varia��es de pre�os. Quando se fala em gasolina e diesel, est� se falando de ind�stria e n�o de produ��o mineral. Petr�leo � ind�stria mineral, mas na hora que a Petrobras est� transformando em �leo, ela � uma ind�stria de transforma��o. O que acontece � que, de uma forma geral, as empresas-clientes n�o conseguem repassar os aumentos das commodities, porque est�o em um mercado com v�rios concorrentes. Como a empresa vai ficar repassando pre�o todo dia? A ind�stria de transforma��o n�o tem condi��es de ficar reajustando pre�o diariamente conforme a varia��o dos insumos, mesmo que seja uma commoditie. No mundo real n�o funciona assim.

Mas a Petrobras alega que precisa desses ajustes para n�o ter perdas.
Sabemos que a Petrobras tem que se recuperar. Foi um desastre o que o governo e a diretoria anteriores fizeram com a empresa. Precisamos recuperar a Petrobras, porque ela � uma empresa monopolista. Mas sendo dona de um monop�lio, ela usou essa musculatura para ficar repassando pre�os todo o dia. S� que empresas do mundo real n�o conseguem fazer o mesmo.

 

"Como dona de um monop�lio, a Petrobras usou a sua musculatura para ficar repassando pre�os todo dia. S� que empresas do mundo real n�o conseguem fazer o mesmo%u201D


Mas essa � a nova pol�tica de pre�os adotada pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, como forma de recuperar a companhia e voltar a remunerar seus acionistas.

Mas � equivocada. N�o estou criticando o fato do Pedro Parente estar trabalhando para recuperar a Petrobras, mas sim a sua pol�tica de reajuste de pre�os. O problema � ele colocar os aumentos sem previsibilidade. Os clientes da Petrobras, n�o s� os caminhoneiros, mas todos que consomem combust�veis, precisam ter previsibilidade. Discordo que a companhia repasse automaticamente o pre�o da commoditie petr�leo para a gasolina e o diesel, porque na planilha de custos da Petrobras tem sal�rios que s�o em reais e n�o variam como o petr�leo. Al�m disso, existem os compostos e servi�os, que s�o pagos em reais e que tamb�m n�o variam de acordo com a commoditie.
 
Poucos empres�rios t�m sido t�o contundentes nas cr�ticas ao repasso autom�tico do reajuste do petr�leo.
N�o se justifica o repasse autom�tico do reajuste do petr�leo em d�lar para os pre�os dos combust�veis. O Parente deveria repassar o percentual correspondente � commoditie que influencia nos custos da Petrobras, e n�o tudo que est� na planilha de custos dele. Essa quest�o de repassar integralmente os reajustes dos pre�os o tempo todo n�o est� certa. At� porque deixa o mercado sem previsibilidade. Nenhuma empresa que est� em um mercado concorrencial consegue repassar automaticamente aumentos de pre�os como Parente est� fazendo.

 

 Ent�o qual � a sa�da?
A Petrobras precisa ter uma pol�tica de pre�os mais adequada ao mercado e n�o pensar s� no resultado da empresa e de seus acionistas. Tem que pensar no resultado da Petrobras, mas tem que pensar tamb�m nos seus clientes, que enfrentam dificuldades para se manter no mercado. N�o � s� a Petrobras que tem dificuldades. N�o podemos resolver os problemas que a administra��o anterior causou � Petrobras, causando um dano maior para as empresas e para o pa�s.
 
O senhor quer dizer que a pol�tica de pre�os da Petrobras s� beneficia a ela mesma e seus acionistas, e n�o a sociedade brasileira?
N�o estou criticando a Petrobras por recompor seus pre�os. Ela precisa reajustar seus pre�os. Ela tem que ter lucro, remunerar seu neg�cio e seus acionistas. A quest�o � a pol�tica de reajuste de pre�os, que tem que ser mais est�vel. Por exemplo, agora, em fun��o das paralisa��es, o governo tomou a medida de reajustar o diesel dentro de 60 dias. � uma decis�o que, apesar de atender os caminhoneiros, vai dar maior previsibilidade para o mercado. A palavra-chave � previsibilidade. A Petrobras � monopolista e deveria dar maior previsibilidade para o mercado e, tamb�m, rever a sua planilha de custos, porque n�o � s� o petr�leo que faz parte dos custos da Petrobras.
 

Congelar os reajustes do pre�o do diesel por 60 dias � a melhor solu��o para garantir a previsibilidade?

Para quem consome diesel, sim. Agricultura, caminh�es, fornos industriais e todo mundo que consome �leo diesel, todos eles v�o dispor de maior previsibilidade. Pelo menos por enquanto. Mas continua o problema da varia��o de pre�os da gasolina. O que eu acho � que todos os derivados de petr�leo da Petrobras teriam que ter uma previsibilidade de reajuste para os seus consumidores.

Parece que a proposta do governo para conter a greve dos caminhoneiros n�o foi suficiente, porque boa parte deles continua sem trabalhar.
Eu acho que o governo est� fazendo tudo que os caminhoneiros pediram e eles deveriam ter voltado a rodar. A�, entro naquela tese de que talvez n�o sejam s� os caminhoneiros que est�o por tr�s desse movimento, mas n�o tenho como provar isso. � tudo especula��o. Mas voltando � pergunta: acho, sim, que � suficiente e os caminhoneiros t�m que voltar a trabalhar. O governo tomou duas decis�es que ele pr�prio n�o queria ter tomado: o tabelamento de frete e a quest�o do subs�dio aos acionistas da Petrobras, que ser� pago pela sociedade.
 
O sr. considera que o governo fez a sua parte?
O governo j� negociou, j� fez a parte dele. Agora � uma quest�o de pol�cia, da �rea de intelig�ncia, da Defesa e do Ex�rcito. Eles t�m que botar ordem no pa�s. N�o acredito que o governo tenha mais espa�o para negociar. Acho que ele j� cedeu bastante.
 

"Eu espero do pr�ximo governo reformas, reformas e reformas. As da Previd�ncia e Tribut�ria s�o imperativas. O Brasil n�o sobrevive mais sem elas%u201D


As paralisa��es devem afetar o resultado do setor neste ano?

N�s est�vamos com uma expectativa de crescer em torno de 8% este ano. No primeiro trimestre, crescemos quase nada. Com esse resultado, mais essas paralisa��es, vamos reduzir o crescimento para cerca de 5%. Com essa crise dos combust�veis, as f�bricas est�o h� dez dias sem faturar, ou seja, um ter�o de um m�s sem entrar dinheiro no caixa. Apesar disso tudo, vamos manter uma previs�o de crescimento, mas menor, de 5%, neste ano. Al�m das vendas n�o estarem acontecendo, ainda tem essa paralisa��o dos caminhoneiros, que vem somar negativamente.
 
Qual � a sua expectativa em rela��o ao novo governo que ser� eleito neste ano?
Esperamos que na hora do voto o brasileiro ponha a m�o na consci�ncia e vote da melhor maneira poss�vel. 
 
Mas, objetivamente, o que o setor espera do novo governo?
Reformas, reformas, reformas. Qualquer que seja o vencedor, ou vencedora, n�o ter� vida pr�pria nos primeiros dois anos. Ele, ou ela, ser� empurrado para as reformas. Reformas da Previd�ncia e Tribut�ria s�o imperativas. O Brasil n�o sobrevive mais sem essas duas. Para fazer a reforma tribut�ria, quem estiver na Presid�ncia ter� que discutir bastante a quest�o fiscal, a responsabilidade dos gastos. Passa tamb�m pelo pacto federativo.
 
O governo Temer vai deixar que legado para o setor produtivo?
A reforma trabalhista. Foi fant�stica, o melhor legado deste governo. Ajudou muito o nosso setor. Acho que foi bom para todo mundo, porque na hora que se faz uma reforma, com a expectativa de aumentar a possibilidade de gerar emprego, est� se ajudando o trabalhador.
 
Mas a gera��o de emprego prometida ainda est� muito abaixo do que se previa.
Muito por conta da crise, n�o por causa da reforma.










 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)