
S�o Paulo – O conceito de fast-fashion, de produ��o de moda r�pida e cont�nua, tem conseguido com o passar do tempo aumentar a oferta de pe�as de vestu�rio a pre�os mais competitivos. O problema � que cada vez mais os recursos renov�veis perdem espa�o nesse novo perfil de consumo para mat�rias-primas sint�ticas, como o petr�leo.
Recentemente quem entrou nesse mercado foi a atriz Rooney Mara, indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar, que atuou em filmes como Millenium – Os homens que n�o amavam as mulheres, Carol e Her. Vegana h� sete anos, Rooney decidiu se unir a Sara Schloat, sua amiga de inf�ncia, e Chrys Wong, para o lan�amento da marca Hiraeth. A decis�o foi tomada depois dela perceber que n�o era coerente ser vegana, mas continuar a usar animais no guarda-roupa. Em entrevista recente, a atriz confessou se sentir desconfort�vel ao ver pe�as de couro em seu arm�rio.
Algumas marcas j� t�m flertado com esse tipo de produ��o. � o caso da estilista e ativista Stella McCartney, que em abril lan�ou uma cole��o com o apelo de ser livre de qualquer tipo de crueldade animal. Outros estilistas, como Donatella Versace e Tom Ford, anunciaram que v�o usar cada vez menos pele animal em suas cria��es.
TECNOLOGIA AJUDA
Quem tamb�m aderiu ao movimento foi a grife Hugo Boss, que h� poucos meses apresentou um t�nis vegano feito de “couro de abacaxi”, ou Pi�atex. A tecnologia dever� ser uma aliada importante nesse aumento de produtos. Stella McCartney j� usou uma seda desenvolvida a partir de levedura, obtida com uso da biotecnologia. Tamb�m j� � poss�vel encontrar v�rias alternativas para o couro vegano, como o material obtido do fungo, da nat-2, outro produzido � base de casca de ma��, da VEERAH, e o de levedura, da Modern Meadow.
Essas novas tecnologias s�o um item importante na composi��o de custos de grifes veganas como a Hiraeth – al�m do pr�prio valor intang�vel da marca e todo o processo de produ��o. Uma jaqueta estilo motociclista da nova aposta de Rooney Mara, por exemplo, � vendida no site por US$ 1.540, algo como R$ 6,3 mil no c�mbio de ontem.
BRASIL
Dados divulgados em maio mostram que o Brasil tem 30 milh�es de veganos, ou cerca de 14% da popula��o, segundo pesquisa do Ibope feita sob encomenda da Sociedade Vegetariana Brasileira. Ao serem perguntados sobre aumentar o consumo de produtos aliment�cios veganos, 55% disseram que fariam essa ades�o ao novo h�bito se houve uma indica��o mais adequada na embalagem.
Apesar desse contingente, o Brasil tem poucas marcas de moda que escolheram o veganismo como plataforma, como a Insecta, fabricante ga�cha de cal�ados, a paulista King55 e a carioca Svetlana – as duas �ltimas dedicadas � produ��o de roupas.
Rooney Mara tem falado da dificuldade em encontrar materiais que substituam os obtidos a partir de animais. “Tantas coisas diferentes usadas em nossas vidas t�m couro ou l�, mas as pessoas est�o desconectadas do que isso significa ou o que foi necess�rio para colocar aquele item no arm�rio, no carro ou em qualquer outro lugar”, declarou em entrevista � W Magazine.
Ainda segundo a atriz e agora empres�ria, o universo da moda est� atrasado na preocupa��o em desenvolver alternativas veganas quando se compara ao que vem acontecendo com o setor de alimentos. Mas a pr�pria Rooney conta que quando come�ou no veganismo, h� sete anos, encontrava apenas um tipo de queijo. Hoje s�o pelo menos 50 marcas quando vai ao supermercado.
BILH�ES EM COSM�TICOS
Outro segmento de neg�cio vegano que est� avan�ado � o de cosm�ticos. Pesquisa divulgada em maio passado pela Grand View Research aponta que em 2025 esses produtos v�o movimentar globalmente algo em torno de US$ 29,8 bilh�es, apresentando at� l� uma taxa m�dia anual de crescimento de 6,3%.
A mat�ria-prima usada pela Hiraeth vem do Reino Unido, Fran�a, Jap�o e It�lia. A marca est� instalada em Los Angeles e os itens s�o vendidos pelo e-commerce pr�prio e em duas lojas da rede Barneys. Apesar de a marca estar h� pouco tempo no mercado, j� conseguiu emplacar um de seus modelos no tapete vermelho. A atriz Sadie Sink, de Stranger Thinsgs, usou uma das cria��es da Hiraeth em mar�o passado.
Ao criar a Hiraeth, Rooney Mara � mais uma atriz a se tornar empreendedora a partir de uma necessidade pessoal. Foi assim com Jessica Alba, que acumulou uma fortuna com a The Honest Company. A ideia que surgiu quando ela viu seu primeiro filho, ainda beb�, sofrer com alergia a um produto de limpeza da pele. Hoje a empresa � apontada como uma das pr�ximas a entrar para o clube dos unic�rnios – startups avaliadas acima de US$ 1 bilh�o – e j� atraiu a cobi�a at� mesmo de multinacionais interessadas em ficar com o controle do neg�cio.