Como o pr�prio nome sugere, al�m das caracter�sticas de sabor de uma cerveja produzida em pequena escala, o r�tulo quer transmitir as mensagens do empoderamento feminino e da quebra de preconceitos. “Encontrei um outro caminho profissional, e fiz dessa paix�o algo que hoje tamb�m me faz feliz”, afirma Fernanda, que atualmente produz cerca de 1.500 litros por m�s.
Hist�rias como a de Fernanda, cada uma com suas particularidades, s�o cada vez mais comuns no mercado brasileiro de cervejas. Tanto � assim que neste ano, de janeiro a setembro, o setor evoluiu 23% no Brasil e deve continuar crescendo at� o fim deste ano, segundo levantamento do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa).
Nos �ltimos cinco anos, o mercado de cervejas artesanais avan�ou 130%. Existem, atualmente, pelo menos 835 neg�cios e quase 170 mil produtos, que respondem por 1,5% do mercado nacional. No ano passado, eram 679 microcervejarias e faturamento de R$ 130 bilh�es, de acordo com o estudo.
Em n�mero de unidades fabris no pa�s, o Sul lidera, com 369 plantas artesanais, seguido do Sudeste (328). Num outro pelot�o de empresas, o Nordeste tem 61 unidades; o Centro-Oeste, 51, e o Norte, 26. Quanto ao ranking estadual, a lideran�a � do Rio Grande do Sul (179), tanto em ranking de cervejarias quanto na densidade – propor��o de cervejarias por habitante.
Experi�ncias
S�o Paulo fica em segundo (144) e Minas Gerais (112) em terceiro, seguido de Santa Catarina (102), Paran� (88), Rio de Janeiro (56), Goi�s (25), Pernambuco (18), Esp�rito Santo (16) e Mato Grosso (12). “Ainda � um nicho do mercado, mas o consumidor � fiel”, afirma o presidente da Associa��o Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli.
Segundo Lapolli, o surpreendente crescimento do setor � alimentado pela criatividade e pela constata��o de que as pessoas inclu�ram a bebida artesanal no rol dos h�bitos familiares de consumo. “O p�blico experimenta e percebe diferen�as entre as marcas artesanais e as comerciais”, afirma Lapolli, que tamb�m ressalta que o aumento da oferta avan�a � medida em que o brasileiro procura descobrir novos sabores e experi�ncias.
N�o por acaso, o executivo prev� um total de 1 mil f�bricas da bebida artesanal em funcionamento no pr�ximo ano. Apesar da ineg�vel expans�o do setor de cervejas artesanais, Lapolli reclama de alguns obst�culos, principalmente os pesados encargos.
A tributa��o desigual sobre um mesmo produto, especialmente do Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS), que vai de 35% em uma regi�o para at� 80% em outra, faz com que a mesma cerveja custe R$15 em Santa Catarina e de R$ 25 a R$ 30 no Distrito Federal. “Sem essa disparidade, o setor poderia crescer muito mais, gerar mais impostos e empregos”, afirma.
As estat�sticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) endossam esse argumento e exp�em o impacto positivo das pequenas cervejarias artesanais na economia brasileira. No primeiro quadrimestre do ano, as empresas menores – de at� 99 funcion�rios – acumularam saldo favor�vel de 400 vagas disponibilizadas e as maiores geraram 351 oportunidades.
O destaque fica para Santa Catarina, que abriu 86 postos de trabalho. Ainda no grupo dos estados mais representativos para o setor, est�o Rio Grande do Sul (81) e Minas Gerais (37). S� Amazonas e Mato Grosso do Sul perdem na gera��o de empregos em empresas de pequeno porte. “Ainda podemos crescer muito, mas temos consci�ncia de que a demanda do consumidor vir�, por enquanto, principalmente das classes A e B”, afirma o presidente da Abracerva.