
Mesmo com o fim da recess�o, a pobreza continuou crescendo no ano passado. De 2016 para 2017, 2 milh�es de pessoas passaram para baixo da linha de pobreza do Banco Mundial, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Conforme a S�ntese de Indicadores Sociais (SIS) 2018, pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 54,8 milh�es de brasileiros estavam abaixo dessa faixa, ou seja, tinham renda domiciliar por pessoa inferior a R$ 406 por m�s.
Na pr�tica, cerca de um quarto da popula��o (26,5%) est� abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial, que, para pa�ses com renda m�dia-alta, como o Brasil, considera a linha de corte de US$ 5,50 por dia por pessoa - em valores de 2011, atualizados na pesquisa do IBGE. Em 2016, 52,8 milh�es de brasileiros, ou 25,7% da popula��o, estavam nessas condi��es.
Os dados do IBGE confirmam que a pobreza est� regionalmente localizada no Brasil. No Nordeste, 44,8% dos 57 milh�es de habitantes est�o abaixo da linha de pobreza. S�o 25,6 milh�es de pessoas - a metade do total nacional - vivendo com menos de R$ 406 mensais por pessoa. Enquanto isso, no Sul, 12,8% da popula��o de 29,6 milh�es de habitantes est� abaixo dessa linha. S�o 3,8 milh�es de pessoas.
A linha de pobreza do Banco Mundial equivale a menos de um ter�o da renda m�dia dos brasileiros em 2017 - R$ 1.511, considerando o rendimento m�dio mensal domiciliar per capita. Tamb�m h� grandes desigualdades regionais. Enquanto no Nordeste a renda m�dia foi de R$ 984, no Centro-Oeste foi de R$ 1.776, com destaque para o Distrito Federal, com rendimento m�dio de R$ 3.087.
O contingente de extremamente pobres tamb�m cresceu em 2017, com 1,7 milh�o de brasileiros a mais nesse grupo. No ano passado, eram 15,2 milh�es de pessoas, ou 7,4% da popula��o, vivendo abaixo da linha de extrema pobreza do Banco Mundial, equivalente a apenas R$ 140 por m�s na renda domiciliar por pessoa. Em 2016, 13,5 milh�es, ou 6,6% da popula��o, estavam nessa condi��o.
Transfer�ncia
Com a transfer�ncia de cerca de R$ 10,2 bilh�es por m�s seria poss�vel tirar os 54,8 milh�es de brasileiros que est�o abaixo da linha de pobreza dessa condi��o, conforme c�lculos do IBGE. O valor equivale a R$ 122,4 bilh�es ao ano, mais ou menos quatro vezes o tamanho do or�amento anual do Bolsa Fam�lia.
O c�lculo parte do "hiato de pobreza", indicador do Banco Mundial criado para medir a dist�ncia dos indiv�duos da linha de pobreza. Na m�dia, os brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza precisariam ampliar suas rendas em R$ 187 por m�s para sair da pobreza. Em 2016, essa diferen�a era menor, de R$ 183 mensais.
No caso dos 15,2 milh�es de brasileiros que estavam abaixo da linha de extrema pobreza em 2017, seria necess�ria uma transfer�ncia de renda de R$ 1,2 bilh�o ao m�s (R$ 14,4 bilh�es por ano) para tirar todo esse contingente dessa situa��o. Na m�dia, cada brasileiro extremamente pobre precisaria ampliar sua renda em R$ 77 por m�s para sair dessa condi��o.
O IBGE alertou que esse c�lculo � aproximado, "pois considera que h� perfeita identifica��o das pessoas abaixo da linha e aloca��o de recursos, sem custos operacionais e sem eventuais efeitos inflacion�rios desse investimento".