

S�o Paulo – Enquanto muitos setores ainda sentem dificuldades em deixar para tr�s a recess�o, que comprometeu o crescimento nos �ltimos anos, outros j� d�o sinais de terem deixado a fase ruim, como o da constru��o civil. Os financiamentos imobili�rios com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupan�a e Empr�stimo (SBPE) chegaram a R$ 5,1 bilh�es em janeiro de 2019 (dados mais recentes divulgados pela Associa��o Brasileira das Entidades de Cr�dito Imobili�rio e Poupan�a, a Abecip). Esse foi o melhor resultado para o m�s nos �ltimos quatro anos.
Na compara��o entre o desempenho desse m�s em 2019 e 2018, o crescimento foi de 32,2%. O acumulado em 12 meses mostrou que foram aplicados R$ 58,6 bilh�es na aquisi��o e na constru��o de im�veis com recursos do SBPE – alta de 33,6% na compara��o.
''Essa modalidade est� em alta e a tend�ncia � que aproveitemos a boa fase para surfar tamb�m. Temos metas ousadas para este ano''
Marco T�lio Guimar�es, vice-presidente comercial do Banco Inter, sobre a op��o de financiamento que envolve o im�vel como garantia de empr�stimo, ou home equity
Essa volta do interesse pelo setor imobili�rio tem refletido n�o s� no crescimento dos valores contratados com recursos do SBPE e na recupera��o dos pre�os de venda e de loca��o, como tem mostrado o acompanhamento feito pelo �ndice Fipe Zap, mas tamb�m tem levado os bancos e fintechs a reavaliarem suas expectativas de ganhos com financiamentos para habita��o em 2019.
Potencial
Em parte, as institui��es s�o motivadas pela participa��o pequena dessa modalidade de empr�stimo em rela��o ao PIB, que nos Estados Unidos chega a 80% e que por aqui ainda n�o alcan�a 10%.
O Banco Inter � uma das institui��es financeiras que espera n�meros bem melhores no segmento de empr�stimos imobili�rios neste ano, segundo Marco T�lio Guimar�es, vice-presidente comercial. Hoje sua carteira � de R$ 1,946 bilh�o e representa o maior segmento de atua��o. A atua��o se divide entre a modalidade de cr�dito imobili�rio (R$ 1,1 bilh�o no financiamento imobili�rio tradicional) e R$ 874 milh�es na modalidade que envolve o im�vel como garantia de empr�stimo, ou home equity.
“Essa modalidade est� em alta e a tend�ncia � que aproveitemos a boa fase para surfar tamb�m. No ano passado, nossa carteira cresceu 30%, por isso, temos metas ousadas para este ano, com a previs�o de uma expans�o ainda maior”, diz Guimar�es. Segundo o executivo, os produtos t�m caracter�sticas diferentes. Um � op��o para quem est� adquirindo um patrim�nio. J� no caso do refinanciamento, o cliente oferece o pr�prio im�vel, quitado ou financiado (com d�vida pequena), e d� como garantia para tomar um empr�stimo. Ambos servem de lastro para emiss�o de Letra de Cr�dito Imobili�rio (LCI).
Capilaridade digital
Para acelerar o crescimento, o Banco Inter deve aproveitar a capilaridade que tem como institui��o financeira digital para levar esses produtos a clientes de outros segmentos de neg�cio. Como a capta��o de novos clientes e a oferta de produtos � feita pela plataforma on-line, o custo tende a ser menor do que o de concorrentes com estrutura f�sica. Al�m disso, a institui��o aposta na internet, por meio de a��es em redes sociais, para ampliar o volume financiado. Hoje j� s�o 1,5 milh�o de clientes e a proje��o � chegar a 3,5 milh�es at� o fim do ano, diz o vice-presidente.
“Fazemos a triagem desse cliente para ver se ele tem o perfil para contratar, por exemplo o refinanciamento imobili�rio. A partir da� � que se faz o contato pessoal. O consultor vai at� ele e explica como � a opera��o. N�o somos um banco que est� vendendo todos os produtos, n�s temos foco nesses produtos da �rea imobili�ria”, conta o executivo.
Como o refinanciamento imobili�rio ainda � pouco disseminado no Brasil, o Banco Inter aposta na prepara��o de especialistas para fazer a aproxima��o com os potenciais contratantes. Nesses contatos, o funcion�rio do banco explica, por exemplo, que � poss�vel continuar morando no im�vel refinanciado. “Deixamos muito claro que o banco est� emprestando recursos e n�o quer retomar o im�vel do cliente de volta, esperamos que ele fique conosco por muitos anos, que essa rela��o tenha vida longa.”
Linha verde
A tecnologia dever� ser uma aliada relevante no processo de crescimento do Banco Inter no setor imobili�rio. Recentemente, a institui��o criou uma esp�cie de “green line”, ou linha verde, nos mercados de S�o Paulo e Minas Gerais. Com o avan�o do processo de registro eletr�nico nos cart�rios desses dois estados e um trabalho feito em conjunto com o banco, a aprova��o dos financiamentos ganhou mais agilidade na sua tramita��o.
“Desenvolvemos uma facilidade de contrata��o do produto e essa rapidez ser� importante para ajudar para ter menos fric��o em um processo que costuma ser considerado desgastante, principalmente para os clientes. O cr�dito imobili�rio costuma levar muito tempo, mas tem conseguido fazer uma disrup��o”, explica.
Com a mudan�a de alguns procedimentos internos, o banco j� consegue aprovar um financiamento imobili�rio em at� cinco dias, enquanto a m�dia de mercado � de pelo menos 20 dias. No caso do home equity, o processo que levava at� 12 dias hoje � feito em cinco dias. Agora, a expectativa � chegar at� o final do ano com financiamentos aprovados dentro de 1 a 2 dias. “Nessa mudan�a, tem sido cada vez mais importante o uso de tecnologia e muita intelig�ncia”, completa Guimar�es.
� medida que o refinanciamento imobili�rio se tornar conhecido, Guimar�es aposta que a modalidade substituir� outros produtos, como o cr�dito pessoal e o cheque especial, que muitas vezes acabam sendo a alternativa buscada pela pessoa jur�dica para socorrer o caixa da empresa. Enquanto essas modalidades come�am com juros a partir de 5% ao m�s, para aqueles que optam pelo contrato com im�vel como garantia a taxa mensal no Inter � de 1,15%, enquanto que a m�dia de mercado � de 1,5%.
Retomada do pa�s
O aumento da concorr�ncia, principalmente com o surgimento de fintechs, n�o chega a ser um motivo de preocupa��o, garante o executivo. Segundo Guimar�es, o aumento do n�mero de competidores no segmento, especialmente para o refinanciamento imobili�rio, pode tornar o produto mais conhecido entre os brasileiros. “A gente gosta da concorr�ncia. Quanto mais players, mais o produto vai ser difundido.”
Mas o empurr�o que o vice-presidente espera na modalidade imobili�ria dever� vir mesmo � do aumento da confian�a dos brasileiros em rela��o ao futuro da economia brasileira. O Inter tamb�m opera na compra e venda de im�vel. Para Guimar�es, esse conjunto de fatores macroecon�micos deve ser o alavancador do que ele chamna de “c�u de brigadeiro” para o setor em 2019. “Todos se preparando para comprar im�vel, e o cr�dito imobili�rio vai auxiliar nisso. Da mesma forma, acreditamos que a PJ vai precisar de capital de giro para atender a uma demanda de crescimento do pa�s”, garante.
Sonho financiado
- Os empr�stimos imobili�rios com recursos da poupan�a somaram R$ 5,1 bilh�es em janeiro, o melhor resultado para o m�s nos �ltimos quatro anos
- O crescimento foi de 32,2% na compara��o com igual per�odo de 2018
- Em 12 meses, foram aplicados R$ 58,6 bilh�es na compra e na constru��o de im�veis com recursos da poupan�a
- Houve alta de 33,6% sobre o acumulado anterior
- Fonte: Associa��o Brasileira das Entidades de Cr�dito Imobili�rio e Poupan�a (Abecip)