(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CONSUMO

Mais regi�es de MG querem reconhecimento como produtoras de queijo artesanal

Diamantina e Entre Serras est�o entre produtores que buscam selo de origem geogr�fica do queijo minas artesanal de leite cru para se juntarem �s sete microrregi�es j� reconhecidas como fornecedoras


postado em 12/08/2019 06:00 / atualizado em 12/08/2019 14:21

Queijos da Serra da Canastra, uma das sete microrregiões identificadas como produtoras do alimento que se tornou patrimônio imaterial(foto: Franciely Eduarda/Divulgação - 18/5/15)
Queijos da Serra da Canastra, uma das sete microrregi�es identificadas como produtoras do alimento que se tornou patrim�nio imaterial (foto: Franciely Eduarda/Divulga��o - 18/5/15)
O Canastra e o Serro talvez sejam os mais famosos, ao lado dos tamb�m tradicionais Arax�, Serra do Salitre, cerrado, Tri�ngulo Mineiro e Campo das Vertentes. Mas a tradi��o do queijo em Minas Gerais, ofertado por mais de 30 mil produtores, vai muito al�m das sete microrregi�es reconhecidas pela produ��o da iguaria que se tornou patrim�nio imaterial brasileiro.

Com a valoriza��o da produ��o artesanal e o reconhecimento mundial dos queijos mineiros, multiplicam-se localidades no estado que batalham para ser vistas e ganhar atestado de identidade geogr�fica como produtora da iguaria, incluindo o Vale do A�o, polo industrial mineiro.
 
Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, quer se tornar a oitava regi�o produtora do chamado queijo minas artesanal feito do leite cru. O processo para o reconhecimento da identidade geogr�fica, que vai permitir que produtores usem essa denomina��o, est� em curso na Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG). H� propostas tamb�m vindas da microrregi�o de Entre Serras, nas proximidades de Bar�o de Cocais, na Regi�o Central de Minas.
 
“A import�ncia da caracteriza��o � ter um nome mais forte, um r�tulo da produ��o. Toda regi�o tem que seguir o mesmo fluxograma de produ��o e conter as mesmas caracter�sticas para que a identidade geogr�fica seja reconhecida”, explica a coordenadora estadual do queijo minas artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues.
 
Al�m das sete regi�es produtoras do queijo minas artesanal, a Emater j� atestou a identidade geogr�fica de outras seis regi�es que produzem outros tipos de queijo. S�o elas Alagoa, Mantiqueira, Serra Geral, Jequitinhonha (queijo caba�inha), Sua�u� e Serras do Ibitipoca. Fora do circuito do queijo minas artesanal de leite cru, h� tamb�m outras solicita��es junto ao �rg�o p�blico. “Tem pessoal de Una� (Noroeste de Minas), e de Montes Claros (Norte do estado)”, cita Maria Edinice.
 
O entusiasmo no setor tem rela��o com uma valoriza��o e premia��o da produ��o artesanal. Este ano, o queijo minas artesanal, produzido com leite cru, recebeu 50 medalhas em concurso na Fran�a. A ascens�o da iguaria tem ainda como pano de fundo a regulamenta��o do Selo Arte pelo Minist�rio da Agricultura, selo nacional para produtos aliment�cios artesanais, como l�cteos, mel e embutidos, serem vendidos em todo o pa�s, dando a chance ao com�rcio do queijo artesanal mineiro de sair da clandestinidade, j� que at� ent�o a venda � proibida fora das divisas do estado. O mercado internacional tamb�m demonstra maior abertura, com acordos com a China e a Uni�o Europeia.

Altitude


Com 15 produtores, Diamantina e mais sete munic�pios do entorno n�o veem a hora de ser atestados como microrregi�o produtora do queijo minas artesanal de leite cru. “Estamos em altitudes que v�o de 800 a 1.420 metros, em cima da cordilheira, o que confere uma caracter�stica muito especial ao queijo”, afirma o vice-presidente da Associa��o de Produtores de Queijo da Regi�o de Diamantina (Aprodia), Ewerton Abaet�, produtor do Queijo Bra�nas, medalha de ouro no festival Queijo Brasil.
 
A expectativa � de que, nos pr�ximos seis meses, a microrregi�o queijeira de Diamantina torne-se a oitava regi�o produtora do queijo minas artesanal. A inten��o � associar a atividade tur�stica na cidade colonial � produ��o artesanal de latic�nios. A nova microrregi�o deve englobar os munic�pios de Datas, Gouveia, Couto Magalh�es de Minas, Senador Modestino Gon�alves, Fel�cio dos Santos, S�o Gon�alo do Rio Preto e Monjolos, al�m de Diamantina, nas regi�es Central e Vale do Jequitinhonha. Um extenso invent�rio sobre as caracter�sticas em comum e dados hist�ricos sobre a produ��o queijeira foram levantados para embasar o processo.
 
D� pra ver o brilho nos olhos dos produtores rurais Richard e Maria Cristina Andrich, de Datas, munic�pio vizinho a Diamantina, quando falam sobre a produ��o do queijo Datas Guzer�. “Quando voc� come um queijo, come a hist�ria daquele lugar. O sabor tem rela��o com o clima, com o solo”, explica Maria Cristina. Eles apostam na identifica��o geogr�fica de Diamantina como forma de valorizar os “queijos de altitude”.
 
Na fazenda, o casal cria h� 12 anos vacas Guzer� e seguem produ��o sustent�vel, sem horm�nios. A ordenha s� � feita depois de o bezerro mamar e com os filhotes ao p� das vacas, criadas solta no pasto. O leite tem uma caracter�stica peculiar, � hipoalerg�nico e pode ser consumido por quem tem alergia � prote�na contida nele. Em junho, o queijo foi premiado com medalha de bronze no Mundial de Tours, na Fran�a. “Ele foi levado escondido na mala. Esse bronze tem sabor de ouro”, afirma Richard.

Produtores de munic�pios lim�trofes a regi�es que j� det�m o reconhecimento da identidade geogr�fica da produ��o queijeira pedem a inclus�o de suas cidades nessas �reas. � o caso de Ibertioga, vizinha de S�o Jo�o Del-Rei. Queijeiros est�o reivindicando � Emater-MG a participa��o na microrregi�o no Campo das Vertentes. “Nosso sonho � que Ibertioga seja inclu�da, para que possamos participar de festivais e ter mais reconhecimento”, comenta o produtor rural Mateus Brand�o.
 
Em 2017, ele largou a publicidade para se dedicar � produ��o da iguaria na Fazenda Saudade, da fam�lia da mulher. “Resolvemos resgatar essa tradi��o de fam�lia. J� estamos produzindo cinco pe�as por dia e, em setembro, inauguramos uma queijaria nova”, diz.


Valorizado at� como heran�a das fam�lias


Povoada durante o ciclo de extra��o de ouro e diamantes no in�cio do s�culo 18, a regi�o de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, est� vivendo a descoberta, ou melhor, a redescoberta do queijo artesanal, com o resgaste de receitas de fam�lia e registros que d�o a dimens�o do valor da iguaria na cidade colonial e seu entorno. Invent�rios inclu�am d�zias de queijos entre os bens de heran�a das fam�lias. Tamb�m consta que contrabandistas colocavam ouro e pedras preciosas dentro dos latic�nios para burlar a fiscaliza��o da Coroa portuguesa.
 
As informa��es est�o no dossi� sobre o queijo artesanal de Minas, do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), que, em 2008, registrou como patrim�nio imaterial os queijos das regi�es da Serra da Canastra, Serro e Serra do Salitre.
 
Segundo o documento, em 1793, no per�odo colonial, Dona Anna Perp�tua Marcelina da Fonseca, moradora do arraial do Tejuco, Comarca do Serro Frio, na regi�o de Diamantina, ficou vi�va e incluiu queijos no invent�rio do marido. “Ela listou as compras para o consumo da fam�lia, no per�odo de julho de 1793 a outubro de 1796. Nesse rol de mantimentos, h� d�zias de queijos em 13 dos 40 meses que comp�em a lista de compras. Eram adquiridos em grande quantidade em um mesmo momento, o que pressup�e a pr�tica de se consumir queijos curados (maturados)”, aponta o Iphan.
 
O mesmo dossi� indica, na regi�o, ordem do Conde de Valadares, datada de 1772, para que registros de passagens, que s�o antigos postos de fiscaliza��o, furassem os queijos como forma de evitar o contrabando de ouro e diamantes. “Certamente que o queijo, nos descaminhos do metal e da pedra preciosa, era instrumento de tr�fico e de contrabando a ludibriar os fiscais da Coroa”, descreve. (FA)

Vale do A�o e do queijo


A terra do a�o tamb�m quer ser reconhecida pela produ��o de queijo. “Numa regi�o ocupada por ind�strias, acreditamos que o queijo ser� a grande chave para o homem voltar para o campo e revitalizar a atividade rural”, afirma o produtor Elder Beltrame, de Ipaba, no Vale do A�o. � frente da Queijaria Major, ele est� mobilizando produtores da iguaria para o modo artesanal de produzir e maturar o queijo artesanal de leite cru.
 
A ascens�o do queijo na gastronomia levou a t�cnica em agroneg�cio Giulianna Oliveira a tirar do papel uma ideia antiga: produzir latic�nios na fazenda da fam�lia do marido, em Funil�ndia, na Regi�o Central, a cerca de 70 quil�metros de Belo Horizonte. Atualmente, toda a produ��o de leite – cerca de 30 mil litros por m�s – � vendida para cooperativas.
 
“N�s temos, literalmente, a faca e o queijo na m�o. A qualidade do leite da regi�o d� um produto muito bom e temos receitas de fam�lia”, ressalta. Uma pequena ind�stria erguida na propriedade, com investimentos de R$ 50 mil, produzir� desde queijo frescal ao curado. “De acordo com o plano de neg�cios, podemos lucrar 200% em rela��o ao gasto mensal”, afirma. “Esse boom de pr�mios agregou mais valor ao produto. O queijo nos permite aliar o mercado a um neg�cio de fam�lia”, destaca.

Terroir mineiro

De origem francesa, o termo terroir, sem tradu��o para o portugu�s, � usado para definir aspectos f�sicos e sociais das regi�es que determinam as caracter�sticas dos produtos ali fabricados, como o tipo de pastagem, o gado, o relevo, o clima, a pureza da �gua e outras caracter�sticas que tornam o queijo �nico. � essa caracteriza��o que define a identidade geogr�fica da iguaria.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)