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Estado de Minas

Crise na Argentina e guerra comercial entre EUA e China comprometem exporta��es

Fatores externos como a crise no pa�s vizinho e o desacerto entre Estados Unidos e China j� come�aram a afetar as exporta��es brasileiras


postado em 08/09/2019 06:00 / atualizado em 08/09/2019 07:36

Queda na comercialização de carros e autopeças para o país hermano enfraquece a economia brasileira(foto: Leo Lara/FCA/Divulgação)
Queda na comercializa��o de carros e autope�as para o pa�s hermano enfraquece a economia brasileira (foto: Leo Lara/FCA/Divulga��o)
Bras�lia – A desacelera��o da economia global come�ou a afetar as exporta��es brasileiras, que encolheram de janeiro a julho, depois de crescerem por tr�s anos consecutivos nesse per�odo, segundo dados do Minist�rio da Economia. No per�odo, as vendas de produtos para o exterior somaram US$ 130 bilh�es, contra US$ 136,34 bilh�es no mesmo intervalo de 2018, um recuo de 4,7%. A queda, de US$ 6,34 bilh�es, � a segunda maior da d�cada para o per�odo. Redu��o nos embarques de manufaturados, principalmente de automotivos para a Argentina, e queda sazonal no pre�o das commodities explicam a queda, mas o futuro das exporta��es preocupa por outra raz�o: poss�veis boicotes a produtos brasileiros.

Entre os manufaturados, enquanto o pa�s embarcou o equivalente A US$ 48,19 bilh�es entre janeiro e julho de 2018, este ano o valor ficou em US$ 45,02 bilh�es no mesmo per�odo. A Argentina foi a maior respons�vel pela queda da demanda, sobretudo por conta da baixa dr�stica de quase 80% na importa��o de autom�veis e pe�as para ve�culos produzidos em solo brasileiro. De forma geral, a participa��o do vizinho nas exporta��es do Brasil caiu de 6,32% para 4,6% na compara��o entre os dois per�odos.
“A crise argentina foi o que mais interferiu e continuar� sendo um problema forte. N�o h� perspectivas de solu��o de curto prazo, visto que o pa�s passa por um processo eleitoral e, ao que tudo indica, ser� assumido por um governo de oposi��o. Ou seja, vai acontecer uma mudan�a na agenda da pol�tica econ�mica e o ajuste vai levar muito tempo”, avalia o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). H� duas semanas, a Argentina declarou morat�ria ao Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Por n�o ter condi��es de honrar d�vidas, o pa�s pediu um prazo maior para quitar o um empr�stimo de cerca de US$ 57 bilh�es, referente a uma linha de cr�dito adquirida pelo presidente argentino Mauricio Macri, em junho do ano passado.

“� dif�cil termos uma revers�o do quadro atual, justamente porque a Argentina n�o sair� da crise rapidamente nem voltar� a ter uma taxa de crescimento que reverta a tend�ncia das nossas exporta��es”, diz Cagnin. “Vamos depender de a Argentina recuperar o ritmo e estabilizar o processo que tem passado recentemente. Ser� o principal fator para resgatarmos um n�vel de exporta��es sustent�vel”, completa.

NOVOS MERCADOS 

Conselheiro da BMJ Consultores Associados, Wagner Parente destaca que a perda do mercado argentino dificilmente ser� compensada com embarques para outros pa�ses, como a China, principal destino das exporta��es brasileiras, seguida pelos Estados Unidos e pela Argentina. No entanto, ele acredita que, diante da tens�o comercial envolvendo a na��o asi�tica e a norte-americana, o momento � prop�cio para o Brasil diversificar o estoque de commodities e amenizar os impactos causados pela perda de mercado dos produtos manufaturados. “Isso j� aconteceu no ano passado, com rela��o � soja. Por ser commodity, ela muda o fluxo de com�rcio rapidamente. Portanto, o Brasil pode aproveitar esse momento e negociar mais commodities com a China, porque n�o precisa se adaptar aos fluxos log�sticos”, explica.

O especialista v� oportunidade para o Brasil aumentar as exporta��es de carne su�na e min�rio de ferro para a China. “Mesmo com a economia em queda, a China segue como o nosso maior comprador desse produto”, acrescenta, mas sugere que o pa�s amplie a quantidade de parceiros comerciais, para n�o ficar ref�m sempre dos mesmos mercados. “Diversificar as rela��es � fundamental para que o Brasil sinta menos a crise desses pa�ses”, afirma.

GUERRA COMERCIAL 

Mesmo em caso de “cessar-fogo” entre as duas maiores economias mundiais – que desde 2018 t�m anunciado medidas para elevar tarifas de importa��o entre si e provocado uma redu��o nas expectativas de crescimento econ�mico no mundo inteiro –, o Brasil poderia sentir reflexos, a depender de como se daria a negocia��o entre as duas pot�ncias para estreitar os la�os comerciais. Estudo publicado pelo Fundo Monet�rio Internacional (FMI), na semana passada, sugere que uma eventual redu��o do deficit bilateral com os Estados Unidos passaria pela redu��o das importa��es da China de produtos de outros pa�ses.

Com isso, o Brasil, por exemplo, teria afetada as exporta��es de aeronaves e, principalmente, soja, que nas contas do FMI, poderiam somar valor equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s (em 2017). “As tens�es comerciais entre os EUA e a China devem ser rapidamente resolvidas por meio de um acordo abrangente, que apoie o sistema internacional e evite o com�rcio gerenciado. � importante que o acordo n�o seja discriminat�rio e seja baseado em mecanismos de mercado e em fundamentos macroecon�micos”, sugere o Fundo.

BOICOTES 

De acordo com Welber Barral, consultor e s�cio da BMJ e ex-secret�rio de com�rcio exterior, a queda nas exporta��es brasileiras n�o chega a preocupar, por enquanto. “N�o foi t�o grande. Tem a ver com a redu��o sazonal, n�o muito acentuada, dos pre�os das commodities e, principalmente, com a queda de mais de 40% das exporta��es do setor automotivo para a Argentina, mas tamb�m est� relacionada ao fato de o Brasil n�o ter aumentado as exporta��es de manufaturados para outros destinos”, explica.

“Sobre a guerra comercial entre americanos e chineses, o �nico efeito, at� agora, � que o Brasil exportou mais soja para a China. Teve algum aumento de pneus e autope�as para os Estados Unidos tamb�m, mas foi residual. At� agora, o Brasil n�o aproveitou as oportunidades causadas por essa reacomoda��o no com�rcio mundial”, avalia.

Ele se preocupa, por�m, com os resultados dos pr�ximos meses, caso haja rea��o de importadores por raz�es ambientais, pol�ticas ou relacionadas a direitos humanos. Na semana passada, a varejista sueca H&M anunciou que vai suspender as importa��es de couro do Brasil. A marca seguiu a decis�o da VF Corporation, que representa 18 marcas internacionais dos setores t�xtil, cal�ados, materiais esportivos e utens�lios, que tamb�m anunciou a suspens�o de compras de couro brasileiro, enquanto n�o houver garantias de sustentabilidade ambiental na Amaz�nia, onde os inc�ndios est�o atingindo a opini�o p�blica internacional.


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