Depois de adotar abastecimento com fonte limpa das ag�ncias de Minas Gerais, banco leva projeto ao Distrito Federal, Par� e Goi�s. At� o fim do ano, devem ser licitados S�o Paulo, Cear� e Bahia
postado em 17/09/2019 04:00 / atualizado em 17/09/2019 08:37
Constru��o da fazenda de energia solar de Porteirinha, em Minas Gerais, que come�a a operar em dezembro pr�ximo (foto: Divulga��o)
S�o Paulo – At� o fim do ano, o Banco do Brasil poder� ter ultrapassado os 10% de ag�ncias com contratos firmados para o abastecimento com energia solar. Na semana passada, sa�ram os vencedores das licita��es de mais tr�s projetos. Com isso, passar� a ter ag�ncias abastecidas por energia solar no Distrito Federal (30 unidades), Par� (39) e Goi�s (mais 39). Agora, o prazo estimado para a homologa��o do processo � de 120 dias, contados a partir da fase de habilita��o documental. Somando-se as ag�ncias mineiras, da primeira fase, s�o 296 at� agora.
A institui��o financeira come�ou a investir nessa fonte no ano passado. Em dezembro, sua primeira fazenda solar ser� inaugurada em Minas Gerais, em Porteirinha, e ir� cobrir 88 ag�ncias. J� a segunda, em Ara�ua�, vai atender a 100 ag�ncias e come�a a operar em mar�o de 2020.
Com as cinco usinas (duas de Minas, mais DF, Par� e Goi�s), o banco espera chegar a uma economia acumulada em 15 anos de R$ 250 milh�es, aproximadamente. A previs�o era chegar a R$ 20 milh�es nas tr�s novas usinas, rec�m anunciadas, mas como a disputa de pre�os foi grande no leil�o eletr�nico, esse valor deve ficar acima de R$ 50 milh�es.
Jos� Ricardo Fagonde Forni, diretor de Suprimentos, Infraestrutura e Patrim�nio do Banco do Brasil, conta que, em m�dia, os �ltimos projetos devem levar oito meses para sair do papel e come�ar a abastecer as ag�ncias. “O Porteirinha levou mais tempo para estar pronto porque ainda era uma fase de aprendizado para a institui��o, tanto pra gente quanto para o mercado”, diz.
Segundo Forni, o BB decidiu ampliar seu projeto de fontes alternativas por duas raz�es. Primeiro porque os gastos com energia el�trica est�o entre os maiores do banco. Entre as despesas administrativas, est� em s�timo lugar. No ano passado, as despesas com a conta de luz somaram cerca de R$ 460 milh�es. Al�m disso, pesou a decis�o de o BB estar mais pr�ximo dos temas sustent�veis.
No caso das duas fazendas de energia solar de Minas, o valor total dos contratos � de R$ 88,3 milh�es, mas esse n�mero poder� aumentar em fun��o de eventuais aditivos. A economia esperada � de 58% ao se levar em considera��o o ciclo de vida dos contratos, de 15 anos.
Jos� Ricardo Fagonde Forni, diretor de Suprimentos, Infraestrutura e Patrim�nio do Banco do Brasil: " Temos apetite para expandir o projeto para o Brasil inteiro" (foto: Divulga��o)
Minas atraiu a �rea de planejamento do banco porque tem uma atratividade grande para quem investe na produ��o de energia fotovoltaica e por conta do valor da energia e a isen��o de ICMS para fontes renov�veis, o que acaba em um peso adicional nas despesas.
Custos na balan�a A �rea respons�vel por esses projetos no BB leva em considera��o na composi��o da f�rmula de viabilidade que define o mapa de expans�o dos projetos de energia solar, por exemplo, o custo do valor do terreno que ser� adquirido para a constru��o da fazenda de energia solar.
“Temos apetite para expandir o projeto para o Brasil inteiro. Mas � preciso levar em considera��o a an�lise de uma s�rie de caracter�sticas para definir por onde seguir. Em S�o Paulo, por exemplo, estamos em uma fase bem adiantada do projeto, mas sabemos que o pre�o do terreno pesa muito e isso tamb�m tem de entrar na conta”, diz Forni.
Os contratos feitos at� agora preveem uma validade de 15 anos. As usinas n�o s�o de propriedade do banco. S�o constru�das e administradas pelo vencedor da licita��o, que pode, se quiser, ampliar o projeto e atender a outros clientes, mas sem deixar de entregar o que foi contratado pelo banco. Com a previsibilidade de entrada de dinheiro em caixa por um per�odo longo, por meio do pagamento de um aluguel, o projeto se torna mais atraente, segundo o diretor do BB.
Al�m de S�o Paulo, a equipe t�cnica est� em fase de an�lise para expans�o das fazendas de energia solar na Bahia e no Cear�. Como est�o em etapas adiantadas, em fase de prospec��o de valores, at� o final do ano, acredita Forni, esses tr�s estados ser�o licitados.
Segundo dados divulgados referentes ao segundo trimestre de 2019, o BB conta com 4.711 ag�ncias e 1.832 postos de atendimento. Apesar da velocidade, Forni n�o acredita que mais algum estado entre em licita��o para o abastecimento por fazendas solares ainda em 2019.
Edif�cio Banco do Brasil, em Bras�lia, alugado pela institui��o, tamb�m aderiu ao modelo: valor da conta de luz ficou 20% menor (foto: Divulga��o)
Forni explica que o que est� acontecendo com a energia fotovoltaica em Minas exemplifica o interesse crescente das empresas por essa fonte alternativa. “Do lado do mercado, a demanda est� muito ativa. Mas pesa nas decis�es a quest�o do ambiente regulat�rio. A Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) pode acelerar ou desacelerar esses projetos”, pondera o executivo. Ele n�o � espec�fico no coment�rio, mas a declara��o foi feita na semana em que o �rg�o regulador fez uma altera��o importante no setor.
Al�m do projeto das fazendas de energia solar, o BB come�ou a investir em outras fontes. Em junho de 2018, o banco assinou um contrato com a EDP para a migra��o de 24 de suas grandes unidades consumidoras para o mercado livre de energia el�trica ou o ambiente de contrata��o livre (ACL).
Nessa modalidade, os consumidores compram a energia e podem escolher livremente seus fornecedores, na chamada “portabilidade da conta de luz”. � poss�vel ainda receber energia de fontes renov�veis, como e�lica, solar e de pequenas centrais hidrel�tricas (PCHs).
O processo de migra��o de todos os pr�dios do BB – o primeiro foi feito em janeiro – que entraram no contrato com a EDP ainda n�o terminou. Quando estiver conclu�do, em 14 estados do Brasil, a economia deve passar de R$ 50 milh�es acumulados ao final de cinco anos. Nos primeiros nove meses em que est� em vigor, a economia com as 18 unidades j� adequadas foi de R$ 1,2 milh�o. O banco prev� que at� fevereiro de 2020 ocorram as migra��es das �ltimas 6 unidades.
O Edif�cio Banco do Brasil, em Bras�lia, alugado pela institui��o, tamb�m aderiu ao modelo de grandes unidades consumidoras para o mercado livre de energia e vem sendo abastecido por fontes renov�veis, fora do contrato com a EDP, desde outubro de 2018. At� agora, o valor da conta de luz ficou 20% menor. Com isso, a economia j� passou de R$ 1 milh�o.
Novas regras podem mudar humor de investidores
Assim como as atuais regras para fontes renov�veis de energia, como solar e e�lica, estimularam o aumento de projetos, Jos� Ricardo Fagonde Forni, diretor de Suprimentos, Infraestrutura e Patrim�nio do Banco do Brasil, avalia que mudan�as, dependendo do seu conte�do, podem desacelerar a expans�o.
No �ltimo dia 10, a diretoria da Aneel aprovou altera��es nas regras para contrata��o de usinas e�licas e solares no pr�ximo leil�o A-6, marcado para 18 de outubro. Segundo texto do edital, os contratos desses empreendimentos ter�o de acompanhar a carga declarada pelo comprador, m�s a m�s.
Com isso, as usinas passam a ser respons�veis pelos custos da compra de energia no mercado de curto prazo nos casos em que n�o gerarem o que deveriam, seja por aus�ncia de sol ou de vento. At� ent�o, o montante era repassado para o consumidor. Ou seja, muda a f�rmula usada at� agora.
A decis�o foi tomada durante a vota��o do edital do leil�o A-6 de 2019, que tem por objetivo a contrata��o de energia a partir de novos empreendimentos para in�cio do fornecimento em 2025. A proposta da diretora da Aneel, Elisa Bastos, relatora do processo, para que os empreendimentos participassem de leil�es sem ter o compromisso de entregar uma quantidade definida de energia todo m�s, foi rejeitada no colegiado por tr�s votos a um.