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Estado de Minas RECESS�O

Banco Central registra desacelera��o da atividade econ�mica no Pa�s

Para analistas do mercado, desacelera��o � resultado da pandemia, do corte do aux�lio emergencial e do desemprego elevado


19/01/2021 09:50 - atualizado 19/01/2021 10:21

(foto: Editoria de Ilustração)
(foto: Editoria de Ilustra��o)

A retomada da economia brasileira vem perdendo for�a, apesar de o ministro da Economia Paulo Guedes, apostar em uma ‘recupera��o em V’ do choque sofrido no in�cio da pandemia de COVID-19.

� o que aponta o �ndice de Atividade Econ�mica (IBC-Br) do Banco Central (BC). Considerado uma pr�via do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador cresceu 0,59% em novembro do ano passado.

O IBC-Br de novembro representou o s�timo m�s consecutivo de recupera��o da atividade econ�mica e veio levemente acima do esperado pelo mercado, que projetava alta de 0,5%.

Por�m, tamb�m revelou uma desacelera��o do ritmo de retomada da economia. � que o �ndice vinha apresentando taxas mais robustas de crescimento ap�s o baque de 9,49% sofrido em abril. Ontem, o BC ainda revisou de 0,86% para 0,75% o IBC-Br de outubro.

“Os dados mostram uma recupera��o mais lenta do que a imagem que o governo tenta passar”, analisou o economista da �rama Investimentos Alexandre Esp�rito Santo.

Ele acredita que a retomada econ�mica n�o tem o formato de um V, como diz o ministro Paulo Guedes. E explica: embora tenha demonstrado for�a no in�cio da retomada, sobretudo entre junho e julho, a economia, agora, caminha mais devagar e, por isso, ainda n�o retomou o n�vel pr�-pandemia.

Poder de compra

De acordo com o IBC-Br, em novembro, a atividade econ�mica ainda estava 1,9% abaixo do patamar pr�-pandemia, e acumulava um baque de 4,63% no ano, mesmo depois de sete meses de recupera��o. O resultado aponta para uma contra��o de 0,83% da economia nacional entre novembro de 2020 e o mesmo per�odo de 2019.

Para os analistas, a desacelera��o da retomada � reflexo de uma s�rie de fatores. Entre eles, a redu��o do aux�lio emergencial, que ajudou a reerguer o com�rcio, mas caiu de R$ 600 para R$ 300 em setembro e chegou ao fim em dezembro.

A alta da infla��o e o avan�o do desemprego tamb�m t�m reduzido o poder de compra da popula��o. N�o � toa, o resultado menor do IBC-Br coincidiu com a desacelera��o das vendas do com�rcio, que, ap�s seis meses consecutivos de crescimento, tiveram varia��o negativa de 0,01% em novembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Tamb�m contribui com esse movimento o recrudescimento da pandemia de COVID-19. O aumento de casos do novo coronav�rus tem levado muitas cidades a endurecerem as medidas de isolamento social, o que pressiona ainda mais o setor de servi�os, que responde por dois ter�os da economia brasileira, mas tem demorado a se recuperar do baque sofrido no in�cio da pandemia, j� que depende do contato social para funcionar.

“A resist�ncia � recupera��o apresentada pelo setor de servi�os, o mais sens�vel � din�mica de cont�gio do v�rus, continua sendo um dos principais entraves para uma recupera��o mais s�lida da atividade como um todo. O arrefecimento na taxa de avan�o tamb�m repercute a perda de tra��o no consumo das fam�lias, decorrente da redu��o do aux�lio emergencial pela metade”, comentou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Os especialistas ressaltaram que esses fatores continuam pressionando a atividade econ�mica. Por isso, o mercado projeta queda no PIB de 4,37% em 2020 e alerta para o risco de um resultado fraco neste primeiro trimestre do ano.

“Nossa perspectiva para a atividade torna-se crescentemente desafiadora neste come�o de 2021. Al�m dos desafios relacionados ao fim do aux�lio emergencial h� o risco de propaga��o da nova cepa do v�rus provocar contra��o na atividade econ�mica”, afirmou o estrategista-chefe do banco digital Modalmais, Felipe Sichel.

“A recupera��o s� vai acontecer quando a vacina avan�ar, porque isso vai permitir que as pessoas saiam com seguran�a e movimentem a economia, e quando a quest�o fiscal for atacada, j� que hoje n�o � poss�vel manter o aux�lio emergencial sem romper o teto de gastos”, avaliou Esp�rito Santo.

Alta de juros no radar

O mercado financeiro acredita que, na primeira reuni�o do ano, que come�a hoje e termina amanh�, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a taxa b�sica de juros (Selic) na m�nima hist�rica de 2% ao ano, mas abrir a porta para um ciclo de alta da Selic.

Para boa parte dos analistas, o BC deve retirar o chamado forward guidance, isto �, a prescri��o futura de que a Selic ser� mantida no atual patamar, do comunicado que far� ap�s o encontro.

Na �ltima reuni�o de 2020, o comit� avisou que as condi��es que garantem a manuten��o dessa prescri��o futura pareciam estar perto do fim. E essas condi��es t�m se acentuado.

Ontem, por exemplo, o mercado elevou a expectativa para a infla��o deste ano de 3,34% para 3,45%, mais perto da meta de 3,75%. E muitos analistas avaliam que, se o d�lar continuar subindo, a proje��o ser� elevada novamente, j� que a alta da moeda norte-americana pressiona o pre�o dos alimentos e dos insumos industriais.

“A expectativa � de que, na medida em que a infla��o d� sinais de estar um pouco mais forte, o Copom prepare o terreno para efetivamente come�ar a subir a taxa de juros. E, dado que essa possibilidade j� foi comunicada, � razo�vel supor que o forward guidance ser� retirado nesta reuni�o", avaliou o estrategista-chefe do banco digital Modalmais, Felipe Sichel.

“Os n�cleos de infla��o continuam pressionados e a expectativa de infla��o de 2022 j� est� na meta (3,5%). Por isso, h� necessidade de converg�ncia para o juro neutro”, refor�ou a economista da Armor Capital, Andrea Damico, lembrando que, a partir do segundo trimestre, a pol�tica monet�ria j� passa a mirar a infla��o de 2022.

Economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Ot�vio Leal tamb�m acredita que a retirada do forward guidance ser� a grande novidade desta reuni�o do Copom. Por�m, diz que o motivo s�o as incertezas fiscais do pa�s. 

Competitividade em decl�nio

Para crescer de forma sustentada e gerar emprego e renda, o pa�s ter� de tomar medidas dr�sticas e mudar a cultura do governo e de empres�rios.

“A solu��o passa por uma pol�tica industrial de longo prazo, que, talvez, s� apresente resultado em duas d�cadas. Temos de fazer aquilo que o brasileiro n�o gosta, que � planejamento”, afirmou F�bio Bentes, economista-chefe da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC).

Os obst�culos est�o no custo Brasil: alta burocracia; estrutura tribut�ria ca�tica; problemas de infraestrutura; e riscos judiciais.

“A sa�da da Ford do Brasil n�o foi um caso isolado. O pa�s vem passando, h� d�cadas, por uma desindustrializa��o, que se agravou a partir de 2014. Levantamento da CNC aponta que, de 2015 a 2020, 36,6 mil empresas foram extintas. Apenas no ano passado, foram 5,5 mil”, apontou Bentes.

O economista citou, ainda, o estudo Doing Business, do Banco Mundial, que analisa o ambiente de neg�cios em 190 pa�ses. No ano passado, o Brasil caiu da 109ª para a 124ª posi��o.

“O empres�rio gasta 1,5 mil horas apenas com a burocracia tribut�ria. Com a pandemia, a competitividade do pa�s baixou drasticamente. E o processo de desindustrializa��o aumentou o desinteresse dos investidores”, assinalou.

Segundo o estudo da CNC, a participa��o da ind�stria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 33%, em 1980, para 11% agora. Outros problemas s�o a economia fechada e o alto custo e a pouca qualifica��o da m�o de obra.

A Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) avalia que o custo Brasil retira R$ 1,5 trilh�o por ano das empresas instaladas no pa�s, ou 20,5% do PIB.

O economista Geraldo Biasoto, ex-coordenador de Pol�tica Fiscal do Minist�rio da Fazenda, afirmou que o problema come�a “quando o empres�rio n�o consegue reaver o tributo pago na cadeia produtiva” e defendeu o restabelecimento do Reintegra (programa criado para incentivar a exporta��o de manufaturados).

“Na ind�stria, 6,33% da maioria dos produtos s�o impostos. Com a taxa de juros, o percentual sobe para 11% ou 12%. Isso significa metade da margem do empres�rio” resumiu.

Jos� Augusto de Castro, presidente-executivo da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), disse que a reforma tribut�ria � urgente. Ele lembrou que, em 2000, as exporta��es de manufaturados representavam 59% da pauta do pa�s. Em 2020, ca�ram para menos da metade (26%).

“Deixar de exportar inviabiliza o mercado interno, principalmente, com a concorr�ncia da China, pa�s que tem custo baix�ssimo”, refor�ou.



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