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Estado de Minas 'SUPERMINISTRO'

Paulo Guedes: 10 casos em que o ministro foi 'escanteado' antes da interven��o na Petrobras

Isolamento do 'superministro' come�ou antes do imbr�glio sobre pre�o dos combust�veis


24/02/2021 08:48 - atualizado 24/02/2021 09:36


Bolsonaro e Guedes em foto de dezembro(foto: REUTERS/Adriano Machado)
Bolsonaro e Guedes em foto de dezembro (foto: REUTERS/Adriano Machado)

A decis�o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de trocar o comando da Petrobras, numa tentativa de conter a escalada dos pre�os dos combust�veis, reacendeu especula��es sobre a perman�ncia do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo.

Analistas questionam at� quando Guedes vai seguir como fiador de um mandat�rio que d� reiteradas mostras de ter pouca afinidade com a agenda liberal defendida pelo ministro.

Guedes se mant�m longe dos microfones desde o in�cio da crise gerada pela interfer�ncia de Bolsonaro na estatal. Mas not�cias de bastidores publicadas nos �ltimos dias d�o conta de que o ministro continua no governo e aposta na vota��o da chamada PEC (Proposta de Emenda � Constitui��o) Emergencial pelo Congresso para neutralizar o mal-estar criado pelo presidente.

Apresentada ao Parlamento em novembro de 2019, como parte de um pacote de reformas que at� agora n�o avan�ou, a PEC Emergencial est� prevista para ser votada no Senado nesta quinta-feira (25/02). Al�m de viabilizar a retomada do aux�lio emergencial para trabalhadores informais na pandemia, a proposta inclui medidas de conten��o do gasto p�blico, como o congelamento de sal�rios dos servidores, al�m da desvincula��o de despesas com sa�de e educa��o.

Mas o epis�dio da Petrobras n�o � o primeiro em que o ministro Paulo Guedes foi "escanteado" pelo governo ou diretamente contrariado por Bolsonaro. Relembre outros dez momentos em que o "superministro" foi isolado por decis�es ou declara��es do presidente.


Estatal teve sua 2ª maior perda de valor de mercado da história após interferência de Bolsonaro(foto: Getty Images)
Estatal teve sua 2� maior perda de valor de mercado da hist�ria ap�s interfer�ncia de Bolsonaro (foto: Getty Images)

1) Interven��o na Petrobras no in�cio do mandato

Uma das primeiras vezes em que Guedes foi considerado "escanteado" por Bolsonaro foi logo no in�cio do mandato do presidente, em abril de 2019, e envolveu tamb�m a Petrobras.

Naquele m�s, o presidente pediu � companhia que cancelasse um aumento no pre�o do diesel. O pedido foi atendido e o aumento, revogado, levando as a��es da estatal a ca�rem mais de 8%.

"Ao n�o consultar e nem sequer avisar a Paulo Guedes, at� ent�o tido como seu 'posto Ipiranga', sobre a decis�o de intervir na pol�tica de pre�os da Petrobras para atender aos caminhoneiros, Bolsonaro deixou claro que o economista n�o � mais indemiss�vel", escreveu � �poca o jornalista Jos� N�umanne Pinto, em seu blog no site do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante da crise gerada, Bolsonaro convocou uma reuni�o com um grupo de ministros. Ap�s o encontro, Guedes declarou � imprensa que o presidente havia entendido como funciona a pol�tica de pre�os dos combust�veis da Petrobras e que n�o iria mais interferir na empresa.


Declarações do presidente Jair Bolsonaro já despertaram várias especulações sobre futuro do ministro Paulo Guedes no governo(foto: REUTERS/Adriano Machado)
Declara��es do presidente Jair Bolsonaro j� despertaram v�rias especula��es sobre futuro do ministro Paulo Guedes no governo (foto: REUTERS/Adriano Machado)

2) Veto � 'nova CPMF' e demiss�o de Marcos Cintra

Novamente, em setembro de 2019, Bolsonaro e a equipe econ�mica voltaram a se estranhar.

Ap�s o ent�o secret�rio especial da Receita Federal, Marcos Cintra, defender a cria��o de um imposto sobre pagamentos semelhante � antiga CPMF (Contribui��o Provis�ria sobre Movimenta��o Financeira), o presidente determinou sua demiss�o.

"Paulo Guedes exonerou, a pedido, o chefe da Receita Federal por diverg�ncias no projeto da reforma tribut�ria. A recria��o da CPMF ou aumento da carga tribut�ria est�o fora da reforma tribut�ria por determina��o do presidente", escreveu Bolsonaro em rede social.

Mesmo ap�s o veto e a demiss�o de Cintra, a equipe de Guedes voltou em diversos momentos desde ent�o a defender a cria��o de um imposto nos moldes da antiga contribui��o.

3) 'Imposto do pecado' barrado


Paulo Guedes foi apelidado como 'posto Ipiranga' por Bolsonaro(foto: José Cruz/Ag. Brasil)
Paulo Guedes foi apelidado como 'posto Ipiranga' por Bolsonaro (foto: Jos� Cruz/Ag. Brasil)

Em janeiro de 2020, foi novamente uma quest�o tribut�ria que levou Bolsonaro a contrariar Guedes publicamente.

Durante sua participa��o no F�rum Econ�mico Mundial, em Davos, o ministro da Economia disse a jornalistas que havia pedido � sua equipe estudos sobre a poss�vel cria��o de um "imposto do pecado", que incidiria sobre produtos considerados nocivos � sa�de, como cigarros, bebidas alco�licas e alimentos a�ucarados.

Em resposta, Bolsonaro declarou durante viagem a Nova D�lhi, na �ndia, que a cria��o do imposto estava descartada. "� Paulo Guedes, eu te sigo 99%, mas aumento no pre�o da cerveja, n�o", disse o presidente. "N�o tem como aumentar a carga tribut�ria, todo mundo consome algo de a��car", completou.

4) Lan�amento do Programa Pr�-Brasil

Diante do in�cio das medidas de distanciamento social em resposta ao coronav�rus, o governo lan�ou em abril de 2020 um plano de recupera��o econ�mica p�s-pandemia chamado Pr�-Brasil. Com a previs�o de investimentos de R$ 30 bilh�es em projetos de infraestrutura e R$ 250 bilh�es em concess�es � iniciativa privada, o lan�amento foi realizado sem a presen�a de nenhum membro do Minist�rio da Economia.

"O aspecto mais importante da coletiva de divulga��o foi quem n�o esteve por l�: Paulo Roberto Nunes Guedes, ministro da Economia e, aparentemente, ex-'Posto Ipiranga'", escreveu � �poca o economista Pedro Menezes, em sua coluna no site InfoMoney.

"Por enquanto, pouco sabemos sobre o futuro do Pr�-Brasil, mas a crise entre o presidente e o antigo Posto Ipiranga est� cada vez mais clara", observou o economista.

Do programa Pr�-Brasil, apresentado � �poca como o "Plano Marshall" de Bolsonaro — em refer�ncia ao plano dos Estados Unidos para reconstru��o dos aliados europeus ap�s a Segunda Guerra Mundial — n�o se ouviu mais falar.

5) Reajuste de servidores liberado


Reajuste dos salários dos servidores também já foi motivo de rusga entre Guedes e Bolsonaro(foto: Adriano Machado/Reuters)
Reajuste dos sal�rios dos servidores tamb�m j� foi motivo de rusga entre Guedes e Bolsonaro (foto: Adriano Machado/Reuters)

Em maio de 2020, em meio � fase mais grave da primeira onda da pandemia, dois epis�dios envolvendo reajustes de servidores geraram atritos entre Bolsonaro e Guedes.

No primeiro deles, Bolsonaro deu aval � aprova��o pelo Senado de um plano de ajuda financeira de cerca de R$ 125 bilh�es para Estados e munic�pios com altera��es que flexibilizavam a exig�ncia de congelamento salarial do funcionalismo como contrapartida.

A decis�o desagradou a Guedes. "Que hist�ria � essa de pedir aumento de sal�rio porque vai na rua exercer sua fun��o, seja m�dico, policial", questionou o ministro. "As medalhas v�m depois da batalha, e n�o durante a guerra."

Ap�s apelo do ministro, Bolsonaro vetou o trecho da lei que tratava dos sal�rios de servidores, congelando reajustes at� o fim de 2021.

Ao fim daquele mesmo m�s, o presidente editou medida provis�ria concedendo reajuste �s Pol�cias Civil e Militar e ao Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

Novamente, a medida contrariou o ministro. "Quando Bolsonaro diz publicamente que vai atender a recomenda��o t�cnica de Guedes e vetar a possibilidade de reajustes dos servidores, e depois deixa passar o aumento aos policiais de uma unidade da federa��o governada por um aliado, ele desautoriza o ministro e passa um 'sinal errado desnecess�rio'", escreveu � �poca o jornalista Marcelo de Moraes no site BR Pol�tico.

6) Renda Brasil recusado

Em agosto do ano passado, a equipe econ�mica buscava solu��es para ampliar o programa Bolsa Fam�lia ap�s o t�rmino do aux�lio emergencial criado em meio � pandemia.

Uma das possibilidades considera pelo time de Guedes � �poca era ampliar o programa de transfer�ncia de renda atrav�s da extin��o de outros programas sociais considerados menos eficientes, como o abono salarial — uma esp�cie de "14º sal�rio" pago a trabalhadores com carteira assinada que recebem baixa remunera��o.

Esse Bolsa Fam�lia ampliado seria rebatizado de Renda Brasil. A ideia, no entanto, foi rejeitada publicamente por Bolsonaro.

"Ontem discutimos a poss�vel proposta do Renda Brasil e eu falei 't� suspenso'. Vamos voltar a conversar. A proposta que a equipe econ�mica apareceu pra mim n�o ser� enviada ao parlamento. N�o posso tirar de pobres para dar para paup�rrimos", disse o presidente.

7) 'Cart�o vermelho' para a equipe econ�mica

Em setembro, o Renda Brasil novamente gerou ru�do entre a Presid�ncia e a equipe econ�mica.

Naquele m�s, o secret�rio especial da Fazenda do Minist�rio da Economia, Waldery Rodrigues, disse em entrevista ao portal G1 que a �rea econ�mica estudava o congelamento por dois anos de aposentadorias e pens�es e que os benef�cios fossem desvinculados do sal�rio m�nimo. A economia gerada seria destinada ao financiamento do novo programa social.

"Congelar aposentadorias, cortar aux�lio para idosos e pobres com defici�ncia, um devaneio de algu�m que est� desconectado com a realidade", postou Bolsonaro nas redes sociais.

"Quem porventura vier propor para mim uma medida como essa, eu s� posso dar um cart�o vermelho para essa pessoa", acrescentou o presidente.

Diante da repercuss�o gerada pela declara��o, Guedes veio � p�blico dizer que o "cart�o vermelho" n�o era para ele.

"N�o foi para mim. Conversei com o presidente hoje cedo. Lamentei muito essa interpreta��o", disse Guedes. "S�o estudos que fazemos, estamos assessorando. V�rias simula��es e estudos s�o feitos. Tratamento seletivo da informa��o distorce tudo."

8) Debandada de secret�rios


A intervenção de Bolsonaro na Petrobras virou motivo de descontentamento da esquipe econômica de Guedes(foto: Isac Nóbrega/PR)
A interven��o de Bolsonaro na Petrobras virou motivo de descontentamento da esquipe econ�mica de Guedes (foto: Isac N�brega/PR)

Ainda em agosto, outro epis�dio explicitou a dificuldade de Guedes em levar adiante sua agenda liberal. Naquele m�s, os secret�rios especiais do Minist�rio da Economia Salim Mattar (Desestatiza��o) e Paulo Uebel (Desburocratiza��o) pediram demiss�o num mesmo dia.

Antes deles, j� haviam deixado a equipe de Guedes o ent�o secret�rio do Tesouro, Mansueto Almeida, e o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, tamb�m pediu demiss�o em julho.

Ao deixar o governo, Salim Mattar disse que saiu do cargo porque havia falta de "vontade pol�tica" em avan�ar nas privatiza��es, principal agenda de sua pasta.

"O Salim hoje me disse o seguinte: 'a privatiza��o n�o est� andando, eu prefiro sair'. E o Uebel me disse o seguinte: 'a reforma administrativa n�o est� sendo enviada, eu prefiro sair'. Esse � o fato, n�o escondo. Houve uma debandada? Hoje houve uma debandada", disse Guedes, admitindo o pouco avan�o da agenda de reformas e seu isolamento dentro do governo.

Numa tentativa de reverter a imagem de que a agenda de privatiza��es do governo est� parada, Bolsonaro entregou nesta ter�a-feira (23/2) uma medida provis�ria que busca acelerar a privatiza��o da Eletrobras. O texto, no entanto, prev� que o governo mantenha poder de veto sobre decis�es da estatal por meio de a��es preferenciais, chamadas de "golden shares".

9) Guedes preterido para agradar Trump

Foram muitas as "bolas nas costas" de Guedes no segundo semestre de 2020. Ainda em setembro, o nome escolhido pelo ministro para o comando do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) foi preterido por Bolsonaro, que preferiu ouvir os conselhos do chanceler Ernesto Ara�jo, apoiando a indica��o do americano Maur�cio Claver-Carone.

Guedes havia indicado ao posto o nome do economista brasileiro Rodrigo Xavier, ex-presidente do UBS e do Bank of America no Brasil.

A elei��o do candidato de Donald Trump quebrou um pacto firmado desde a cria��o do BID, em 1959, de que os Estados Unidos n�o indicariam o presidente da entidade como uma forma de prestigiar os parceiros latino-americanos. Justamente quando seria a vez de o Brasil nomear o chefe da institui��o, o Itamaraty resolveu seguir a Casa Branca, ignorando a indica��o de Guedes.

10) Presidente do BB quase demitido

Antes de intervir na Petrobras agora em fevereiro, Bolsonaro j� havia dado em janeiro deste ano mostras do seu desejo de interferir na gest�o de estatais.

Naquele m�s, o presidente pediu ao ministro Paulo Guedes a demiss�o do presidente do Banco do Brasil, Andr� Brand�o.

O descontentamento de Bolsonaro foi motivado pelo an�ncio do fechamento de cerca de 200 ag�ncias pelo banco e de um programa de demiss�o volunt�ria com o objetivo cortar 5.000 vagas.

"Assim que recebeu a ordem para demitir Andr� Brand�o, Guedes come�ou a a��o para reverter o pedido de Bolsonaro. Para convencer o presidente a desistir de uma nova mudan�a na dire��o do banco em menos de seis meses, pediu para [o presidente do Banco Central Roberto] Campos Neto conversar com Bolsonaro. Foi Campos quem detalhou para Bolsonaro o preju�zo que a demiss�o surtiria neste momento no mercado. Foi a� que o presidente recuou", reportou � �poca o site da rede de televis�o SBT.

Com a decis�o de Bolsonaro de intervir na Petrobras, o mercado passou novamente a temer a demiss�o de Brand�o. Na segunda-feira (22/2), as a��es do banco estatal ca�ram mais de 11% diante desse temor. Nesta ter�a-feira, os pap�is j� recuperam parte das perdas.

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