
Os economistas est�o revisando fortemente para baixo suas expectativas para o desempenho da economia brasileira em 2022.
Na ter�a-feira (14/9), o banco Ita� reduziu sua expectativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no pr�ximo ano de 1,5% para 0,5%. O maior banco privado do pa�s tamb�m passou a prever aumento do desemprego no pr�ximo ano, com a taxa de desocupa��o subindo de 12,1% ao fim de 2021, para 12,5% em dezembro de 2022.
Al�m do Ita�, diversas outras institui��es financeiras e casas de an�lise passaram a prever PIB menor, infla��o mais alta e juros tamb�m mais elevados no cen�rio pr�ximo.
O crescimento do PIB e a situa��o do mercado de trabalho e da renda no pr�ximo ano geram grande expectativa, pois s�o fatores determinantes no bem estar da popula��o e no desenrolar de elei��es em que o atual presidente tenta a recondu��o ao cargo.
Entenda os seis principais fatores que t�m feito os analistas reduzirem suas expectativas para o desempenho da economia no pr�ximo ano:
1) Infla��o maior e juros em alta
O principal fator citado pelos analistas para a revis�o nas expectativas para o PIB em 2022 � o fato de que a infla��o no pr�ximo ano deve ficar acima do que era esperado antes.
Com isso, o Banco Central vai ter de subir mais os juros, o que tem efeito negativo sobre o consumo das fam�lias e o investimento das empresas.
"Revisamos nossa expectativa de infla��o de 2021 para 8,4%, de 7,3% no in�cio do m�s", escrevem os economistas da XP Investimentos em relat�rio desta ter�a-feira. "A revis�o ocorreu devido � piora da crise h�drica, ao IPCA de agosto bem acima do esperado e � infla��o no atacado sugerindo que ainda h� press�o de custos no curto prazo."

Em agosto, o IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo) teve alta de 0,87%, bem acima do esperado pelos analistas e maior aumento para o m�s em 21 anos. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses chegou a 9,68%. O aumento foi puxado pelo pre�o dos combust�veis e dos alimentos e levou diversos economistas a preverem uma infla��o maior para este e o pr�ximo ano.
No boletim Focus — levantamento semanal de expectativas do mercado colhidas pelo Banco Central — a proje��o para o IPCA em 2021 passou de 7,58% na semana passada, para 8% essa semana. Para 2022, a previs�o foi de 3,98% para 4,10%.
A meta de infla��o para este ano � de 3,75% e a de 2022, de 3,50%, conforme determinado pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN). Logo, as estimativas dos analistas sugerem que a infla��o deve ficar acima da meta por dois anos seguidos.
E ainda h� outros riscos negativos, como o agravamento da crise h�drica e da situa��o das contas do governo, que podem piorar ainda mais o quadro inflacion�rio � frente.
"Nesse contexto, acreditamos que o Copom (Comit� de Pol�tica Monet�ria) ainda n�o enxergar� condi��es para indicar redu��o do ritmo de eleva��o da taxa Selic", escrevem os economistas do Ita�, em relat�rio, prevendo que a taxa b�sica de juros chegue a 9% ao ano em 2022, de volta a patamar que n�o era visto desde 2017. Atualmente, a Selic est� em 5,25% e ela chegou a 2% no ponto mais baixo.
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2) Menor crescimento da renda
Um segundo fator citado pelos economistas para a deteriora��o das expectativas para o pr�ximo ano � o crescimento modesto esperado para a massa de renda — que � a soma de todos os rendimentos das popula��o.
"Reduzimos nossa proje��o de crescimento do PIB no pr�ximo ano, de 1,7% para 1,3%, escreve a equipe da XP Investimentos.
Segundo os economistas da casa, al�m dos efeitos mais contracionistas da pol�tica monet�ria (isto �, a alta dos juros) o cen�rio incorpora "crescimento modesto da massa de renda ampliada dispon�vel �s fam�lias", com alta em torno de 1,5%, descontada a infla��o, devido principalmente ao fim do aux�lio emergencial, que n�o deve ser compensado pelo emprego e o aumento esperado do Bolsa Fam�lia.
A trajet�ria de aumento do desemprego prevista pelo Ita� tamb�m n�o sugere perspectiva muito alentadora para o desempenho da massa de renda.
"A taxa m�dia de desemprego voltar� ao n�vel pr�-pandemia somente em 2023, e o n�vel de equil�brio (pouco superior � 10%) deve ser atingido somente em 2025", faz coro a MCM Consultores sobre as perspectivas pouco alentadoras para renda e mercado de trabalho � frente.

3) Esgotamento do efeito da retomada dos servi�os
Um terceiro fator citado pelos economistas � que o impulso gerado pela reabertura da economia este ano — particularmente no setor de servi�os —, ap�s per�odo de maior distanciamento social provocado pela pandemia, deve perder for�a no ano que vem.
"A atividade econ�mica n�o se beneficiar� mais do impulso advindo da reabertura do setor de servi�os, algo que, na nossa vis�o, ficar� restrito ao segundo semestre deste ano", diz o Ita�
O pessimismo no m�dio prazo � compartilhado por outros analistas.
"Esperamos que alguns dos segmentos de servi�os ainda impactados pela covid (em particular servi�os prestados �s fam�lias) se recuperem nos pr�ximos meses, em conjunto com o progresso no programa de vacina��o contra a covid, reabertura da economia e est�mulo fiscal renovado", escreve Alberto Ramos, diretor de pesquisa econ�mica para Am�rica Latina do Goldman Sachs, em relat�rio.
"No entanto, a acelera��o da infla��o, o aumento das taxas de juros, o aumento do ru�do e da incerteza pol�tica, e a interrup��o da tend�ncia de alta na confian�a do consumidor e dos empres�rios podem limitar esse desempenho positivo", diz Ramos.
J� a XP Investimentos alerta que "o desemprego elevado e o baixo crescimento da massa real da renda limitam a demanda por servi�os em 2022".
4) Desacelera��o global
Um quarto fator citado pelos analistas � a expectativa de perda de �mpeto da economia global, o que impacta a demanda e o pre�o das commodities exportadas pelo Brasil.
O crescimento orquestrado das economias este ano foi impulsionado pela reabertura das cidades, avan�o da vacina��o e manuten��o dos est�mulos monet�rios por boa parte dos Bancos Centrais das economias maduras. No ano que vem, esses fatores se dissipam.
"Os pre�os das commodities devem se acomodar, em especial das commodities met�licas, uma vez que o crescimento da atividade econ�mica mundial desacelere", diz a MCM Consultores, que prev� um super�vit recorde de US$ 76,6 bilh�es para a balan�a comercial brasileira em 2021, que deve desacelerar a US$ 74,1 bilh�es em 2022, nas contas da consultoria. O super�vit � a diferen�a positiva entre o valor exportado e o importado pelo pa�s.
Essa tamb�m � a vis�o do Ita�: "Vemos desacelera��o do setor industrial global e queda de pre�os de commodities ano que vem."
E da XP: "Para frente, vemos as economias brasileira e mundial desacelerando, a taxa de c�mbio e os pre�os das commodities mais est�veis, a taxa de desemprego ainda elevada."

5) Piora da crise h�drica e poss�vel racionamento de energia
Na piora das expectativas dos economistas, tamb�m est� na conta o agravamento da crise hidroenerg�tica e o crescente risco de racionamento em 2022.
"Como se n�o bastasse o risco fiscal, a crise h�drica segue pressionando custos de produ��o, aumentando a infla��o e reduzindo as perspectivas de crescimento econ�mico", escreve a equipe da XP.
A consultoria de investimentos revisou sua proje��o de PIB para 2022 de 1,7% para 1,3%, mas avalia que o baixo n�vel dos reservat�rios � o principal fator de risco para essa estimativa.
"Nosso cen�rio considera os efeitos da crise h�drica e aumento do custo da energia el�trica sobre os n�veis de produ��o e consumo, mas sem racionamento propriamente dito (redu��o compuls�ria)", alertam os economistas.
No in�cio do m�s, a XP revisou suas proje��es para a possibilidade de racionamento nos pr�ximos 12 meses para 17,2%, enquanto o Ita� dobrou seu �ndice de probabilidade, para 10% em 2022.
"A situa��o h�drica gera press�o adicional sobre a infla��o corrente, via aumento das contas de luz, e tamb�m sobre a din�mica de pre�os do ano que vem, atrav�s da in�rcia resultante de um IPCA mais elevado e do risco de novas medidas que visem � redu��o do consumo de eletricidade", disse o Ita� nesta ter�a-feira.
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6) Elei��es conturbadas
Por fim, pesa no pessimismo dos economistas para o pr�ximo ano a certeza de elei��es polarizadas e bastante conturbadas.
"O apaziguamento das turbul�ncias pol�ticas deveria interessar sobretudo ao presidente Jair Bolsonaro. Afinal a sua reelei��o depende fundamentalmente da melhora da economia", observam os economistas da MCM Consultores.
"Se a crise pol�tico-institucional continuar a escalar a recupera��o econ�mica perder� f�lego. O ambiente agitado tamb�m atrapalha as costuras para a solu��o de problemas pol�tico fiscais, como o pagamento dos precat�rios e a cria��o do programa Aux�lio Brasil", diz a consultoria, sobre a amea�a ao programa que visa turbinar o Bolsa Fam�lia de olho na reelei��o.
A consultoria cortou sua proje��o para o PIB do pr�ximo ano de 2,1% para 1,4%.
"A principal raz�o � a perspectiva de agravamento progressivo do quadro pol�tico-institucional-fiscal e de incertezas. Um dos fatores mais importantes � a elei��o presidencial polarizada e muito provavelmente recheada de propostas populistas de ambos os lados."
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