(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EMPREENDEDORES

Malabarismo nas micro e pequenas empresas para sobreviver � crise

Infla��o alta e aumento da taxa de juros atingem em cheio as MPE brasileiras, que t�m encontrado dificuldades para manter os neg�cios funcionando


21/11/2021 04:00 - atualizado 20/11/2021 21:38

Maria Eduarda Angeli*
Correio Braziliense

Prato
Donos de restaurantes encontram dificuldades de lidar com alta de pre�os de mercadorias, combust�veis e insumos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 23/6/21)

Quando a pandemia da COVID-19 deu uma tr�gua para o com�rcio, deixando os empreendedores abrirm suas portas e retomar as vendas presenciais, surgiu um outro vil�o: a infla��o. A alta dos juros causou um efeito cascata, que tem como alvo direto as micro e pequenas empresas brasileiras (MPE). Uma pesquisa realizada pelo Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Funda��o Getulio Vargas (FGV), apontou o �ndice de continuidade de 85% dos empreendimentos no Brasil, mesmo com o baque gerado pela crise sanit�ria.

No entanto, os empreendedores t�m se sentido pressionados com os elevados pre�os das mercadorias, combust�veis e insumos. Uma parcela de 62% desse segmento tem feito malabarismo para manter os neg�cios diante do cen�rio atual.
 
Pedro Ribeiro, de 21 anos, propriet�rio do Restaurante C�rcuma Tempero Brasileiro, � um desses exemplos. Localizado em Vicente Pires, regi�o administrativa do Distrito Federal (DF), o empreendimento tem dois andares, self-service di�rio, espa�o para realiza��o de eventos e, atualmente, oferece encomendas para ceia de Natal.

Pedro come�ou no ramo aliment�cio em outubro de 2019 vendendo frango assado com guarni��es, viu uma oportunidade e abriu o restaurante em fevereiro de 2020, com investimento inicial de R$ 150 mil.
 
O problema foi que uma semana depois teve que fechar devido � pandemia. “A minha situa��o atual n�o est� das melhores. Precisei recorrer a linhas de cr�dito, primeiro peguei R$ 75 mil e vendi uma casa, que usei para quitar as d�vidas que fiz para iniciar o restaurante. Meu pai tamb�m pegou linha de cr�dito para dar uma guinada no neg�cio.

Tivemos amigos que forneceram uma certa quantia de dinheiro para nos ajudar, o que em muitos momentos foi importante”, relembrou o jovem.

Na avalia��o de Valdir Oliveira, diretor-superintendente do Sebrae no DF, a situa��o � preocupante, pois os custos di�rios n�o abrem espa�o para se reinvestir na pr�pria empresa – fundamental para girar o neg�cio. “Se o cr�dito n�o chegar nos mais necessitados, principalmente pelas microempresas, e se n�o conseguirmos desonerar os pequenos neg�cios com isen��es tribut�rias e desburocratiza��o para que eles reinvistam em seus neg�cios, ser� mais dif�cil a recupera��o”, alertou.
 
Outro motivo de reclama��o frequente tem sido as despesas com g�s e energia el�trica, segundo a pesquisa: 77% das MPE sentiram o impacto. Kendy, como � conhecido, � propriet�rio do sal�o Kendy Coiffeur e relata que, a crise econ�mica provocada pela pandemia do novo coronav�rus foi a pior que j� enfrentou. Mas, no momento, o novo combate � com a conta de luz.

Para o dono do sal�o, embora o resultado do in�cio do m�s seja proporcional ao uso dos instrumentos de trabalho, o pre�o da energia dobrou. “A alta impactou muito. O sal�o de beleza consome muita energia. Temos ar-condicionado, secador, lavat�rio, lavadora, secadora, al�m da ilumina��o, que � muita”, justifica.
 
Sobre a alta dos pre�os de mat�rias-primas e insumos, o gerente de An�lise Econ�mica da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Marcelo Azevedo, avaliou que o pior j� passou, mas que a recupera��o ainda deve demorar. “Tanto a CNI como os empres�rios j� se frustraram muito por achar que essa melhora ia ser r�pida e demorou mais do que o previsto, porque esses problemas v�o se espalhando pela economia, ent�o � preciso estar preparado”, frisou.

FIm DO ANO

Normalmente, o fim do ano � a �poca de mais faturamento para os empreendedores em geral, por isso � t�o esperada. Mas, pela an�lise de Valdir, em 2021, devido ao cen�rio, ainda n�o ser� o suficiente para recuperar o f�lego das MPEs. “Segundo pesquisas, a pequena empresa n�o suporta, em m�dia, mais que 27 dias sem faturar. Ficaram meses. Est�o praticamente todos quebrados. A solu��o encontrada foi com cr�dito, em que as pequenas empresas, que tiveram acesso, se endividaram, prejudicando ainda mais a sua capacidade de alavancagem neste momento. O fim do ano, infelizmente, estamos chegando nele com pouco ou nenhum f�lego para aproveitar o melhor momento de faturamento.”
 
Para driblar a baixa, Oscar Andr� Frank, economista da Federa��o das Ind�strias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), sugere que os empreendedores precisam encontrar meios de aumentar a receita e reduzir custos. Pedro considera essa equa��o um desafio, por isso ele iniciou uma consultoria particular que o ajuda semanalmente com quest�es administrativas, como estrat�gias de vendas e fluxo de caixa.
 
Al�m disso, o microempres�rio tem feito adapta��es na rotina do restaurante, como a dispensa de fornecedor para adquirir produtos com menor pre�o, idas di�rias ao supermercado e abrir m�o de fazer estoque. “Ao analisar trabalhar sem fornecedor e indo fazer compras direto no mercado, o pre�o de cada produto � melhor indo at� o mercado, e com a experi�ncia vai conhecendo onde o pre�o est� melhor. N�o estou fazendo estoque tamb�m, compro o que � mais necess�rio para o neg�cio funcionar bem. Todos os dias vou ao mercado. Fa�o isso porque os recursos financeiros s�o limitados, ent�o tenho que saber administrar. O restaurante � novo na regi�o, fiz um investimento alto, com um local muito grande, gastos com funcion�rios, at� eu ser reconhecido eu tive muitos gastos e pouco retorno. Estou com dificuldade por causa dos valores dos produtos em achar um pre�o que eu consiga ter uma boa venda e n�o espante os meus clientes”, concluiu.
 
“A falta de produtos faz com que a demanda n�o seja plenamente atendida. Por sua vez, isso significa menos entrada de recursos. Por outro lado, quando existe uma press�o de custos, isso vai impactar negativamente as margens das empresas, que tendem a reduzir o investimento em si e impactam a quest�o empregat�cia”, avaliou Frank.

Para o especialista, a previs�o n�o � boa, ele acredita que a taxa de desemprego deva se manter elevada em 2022. Ainda como efeito da pandemia, prev� que agora pessoas de fora do mercado de trabalho voltar�o a procurar emprego e isso continuar� impactando nas taxas, que ser�o empurradas para cima.
 
Kendi passou por essa situa��o. Teve que utilizar um or�amento reserva e, mesmo assim, recorreu a demiss�es e formas diferentes de contrato para manter o empreendimento funcionando. “A gente est� muito preocupada em voltar a trabalhar, � o que a gente tem que fazer agora. Estamos com um fluxo maior de clientes, que est�o mais confiantes e vacinados. Em vista de 2020, estamos vivendo um momento excelente. Com rela��o a 2019, nem tanto”, comentou.

*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Odail Figueiredo



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)