
Durante audi�ncia da Comiss�o Extraordin�ria de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nessa ter�a-feira (3/5), foi confirmado que os doceiros mineiros est�o liberados para usar tachos de cobre na produ��o. A regra est� em vigor h� um ano, desde 3 de maio de 2021.
Apesar disso, a confirma��o, feita pela Vigil�ncia Sanit�ria Estadual (Visa), pegou de surpresa todos os presentes na audi�ncia p�blica, inclusive os produtores que se baseavam em uma decis�o de 2007, da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), que restringiu o uso do utens�lio.
A Anvisa n�o recomenda o uso de tachos de cobre para a produ��o de doces, e restringiu o uso de acordo com a Resolu��o 20. O argumento usado era de que o cobre solta subst�ncias, que, se absorvidas em excesso pelo organismo, podem gerar danos neurol�gicos e f�sicos, como males ao f�gado, rins, sistema nervoso, ossos e perda de gl�bulos vermelhos.
Ap�s a decis�o, algumas doceiras tradicionais relataram at� mesmo casos de depress�o, pois a tradi��o do tacho de cobre � muito forte na confeitaria mineira.
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A norma vigente anterior estipulava que o tacho de cobre poderia ser usado desde que fosse revestido com outras subst�ncias que impedissem a absor��o pelo alimento.
Entretanto, de acordo com �ngela Vieira, diretora de Vigil�ncia em Alimentos e Vigil�ncia Ambiental da Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG), ap�s a modifica��o em maio de 2021, o equipamento de cobre pode ser usado sem revestimento, a crit�rio da autoridade sanit�ria municipal competente, com apoio da Visa.
A diretora frisou a necessidade de boas pr�ticas por parte dos produtores e doceiros, como a higiene correta do tacho. Refor�ou tamb�m que a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado Minas Gerais (Emater MG) tem trabalhado nessa orienta��o.
O uso do cobre
Al�m da tradi��o mineira, o cobre � usado por doceiros e doceiras por ser mais barato que o inox, al�m de ser um �timo transmissor e distribuidor de calor. Ao inativar as enzimas, deixa o doce com melhor sabor e ajuda a n�o perder aroma e cor.
De acordo com a engenheira qu�mica, mestre em alimentos e doutora em Bioqu�mica, Amazile Biagioni Maia - ouvida durante a audi�ncia -, o cobre � tamb�m muito eficaz contra a prolifera��o de v�rus, bact�rias e fungos.
Ainda segundo a doutora em Bioqu�mica, o �ndice m�ximo de consumo de cobre � de 1 mg/dia, mas a Food and Drug Administration - FDA (ag�ncia americana que controla alimentos e medicamentos) isenta de risco at� dez vezes esse valor. Ela aponta, por fim, que os doces em geral n�o atingem esse limite di�rio inicial.
Em defesa da tradi��o mineira
Al�m de especialistas da engenharia qu�mica de alimentos e autoridades mineiras de sa�de, a audi�ncia contou com a presen�a do p�blico mais afetado por essas decis�es: os produtores e doceiros. Eles reivindicam a valoriza��o da produ��o artesanal de doces, simplifica��o e unifica��o das normas.
A secret�ria-adjunta de Cultura e Turismo, Milena Andrade Pedrosa, destacou que o governo do Estado tem um plano de desenvolvimento da cozinha mineira com mais de 70 a��es, sendo uma delas a produ��o de um invent�rio dessa cozinha, da qual os doces s�o parte essencial. “Temos que resguardar saberes, fazeres e sabores. Para ser original, basta voltar �s origens”, defendeu durante a audi�ncia.
O governo estabeleceu que 2022 ser� o ano da “Mineiridade”. A ideia � trazer investimentos e a��es para atrair mais turistas para as terras mineiras, e consequentemente, chamar mais aten��o a todos os produtos que ela tem a oferecer.
De acordo com dados do DataFolha, Minas Gerais foi eleita o melhor destino hist�rico do Brasil. Entre os entrevistados para a pesquisa, 24% escolheram as terras mineiras por seu legado hist�rico preservado, ou seja, a tradi��o ainda � um dos itens mais essenciais da “mineirice”.
De acordo com a Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecom�rcio - MG), o turismo em Minas � extremamente rent�vel. Quando os visitantes chegam ao territ�rio mineiro, ap�s hospedagem, os gastos com alimenta��o � o nicho de maior gasto dos turistas desde a �ltima pesquisa em 2018, publicada pelo Observat�rio do Turismo de Minas Gerais.
*estagi�ria sob supervis�o de
