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4 previs�es que revelam economia em apuros para pr�ximo presidente

Previs�es s�o de baixo crescimento e infla��o corroendo poder de compra em um pa�s que viu subir n�mero de pessoas que passam fome


12/07/2022 07:32 - atualizado 12/07/2022 13:01


Bandeira do Brasil e gráficos
Previs�es s�o de baixo crescimento e infla��o corroendo o poder de compra da popula��o (foto: Getty Images)

A menos de tr�s meses do primeiro turno das elei��es, as expectativas para a economia brasileira na virada de 2022 para 2023 indicam sufoco para quem assumir o comando do pa�s.

A combina��o prevista � de baixo crescimentoinfla��o ainda corroendo o poder de compra da popula��o e uma aus�ncia de sinais de melhora no n�vel de emprego formal e na renda das fam�lias.

Tudo isso em um pa�s que viu subir o n�mero de pessoas que passa fome, chegando a 33 milh�es de brasileiros (15,5% da popula��o). E onde mais da metade da popula��o vive com algum grau de inseguran�a alimentar — ou seja, enfrenta dificuldade para comer, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Seguran�a Alimentar.

Para explicar as previs�es, a BBC News Brasil reuniu proje��es de �rg�os oficiais e institui��es internacionais em rela��o a quatro pontos centrais para a economia — que sinalizam como est� ou estar� a condi��o de vida do brasileiro.

Antes de detalhar esses indicadores, � preciso lembrar que essas proje��es v�m sendo reavaliadas diante de cada novo acontecimento relevante no mundo (como os efeitos da Guerra na Ucr�nia e o medo de uma recess�o global) e no Brasil (como a incerteza diante da elei��o e os efeitos de medidas propostas �s v�speras dela).


imagens de janelas
Brasil viu subir n�mero de pessoas que passam fome, chegando a 33 milh�es de brasileiros (foto: Getty Images)

1. Crescimento econ�mico

As perspectivas para o crescimento da economia brasileira apontam que pode vir um "pibinho" ao fim de 2022 — as diferentes proje��es giram em torno de 1% para o ano. O PIB (Produto Interno Bruto) � a soma de bens e servi�os produzidos por um pa�s.

Mas o que isso significa, de fato?

"� andar de lado, igual a um caranguejo", diz o economista F�bio Terra, professor de Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC). "� uma imagem triste, mas � a mais realista que a gente tem".

No boletim Focus (levantamento semanal de expectativas do mercado colhidas pelo Banco Central) divulgado nesta segunda (11/7), a proje��o de PIB para este ano est� em 1,59%.

A OCDE (Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico) revisou em junho sua expectativa para 0,6% de crescimento do Brasil neste ano; o Banco Central prev� 1,7%, e a Institui��o Fiscal Independente (IFI) do Senado estima cerca de 1,4%.

Segundo a previs�o da OCDE, o crescimento previsto para o Brasil representa um quinto da proje��o de crescimento mundial (3%).

A entidade destacou que a infla��o afetou o poder de compra dos brasileiros e aponta que a elei��o presidencial de 2022 adiciona incerteza, afetando o investimento. Acrescenta ainda que "a recupera��o do mercado de trabalho tem sido lenta" (como ser� detalhado no terceiro t�pico desta reportagem).

Para 2023, a entidade prev� um crescimento de 1,2% para o Brasil, pouco menos da metade da proje��o para o avan�o no mundo (2,8%). Antes, a OCDE previa que o Brasil poderia crescer 2,1% no pr�ximo ano.

A economista Vilma Pinto, diretora da Institui��o Fiscal Independente do Senado, destaca que, de maio para junho, a IFI diminuiu sua proje��o de crescimento para 2023, de 1% para 0,8%. Ela diz que medidas que v�m sendo adotadas pelo Brasil se refletem "na perda da credibilidade na condu��o da pol�tica fiscal" — como a PEC (Proposta de Emenda � Constitui��o) que abre brecha para que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) turbine programas sociais �s v�speras da elei��o, apelidada de PEC Kamikaze.

O Senado j� aprovou a proposta, que prop�e o reconhecimento do estado de emerg�ncia, o que, em tese, daria respaldo legal para o governo criar benef�cios em ano eleitoral. A expectativa � que a C�mara avalie o texto nesta ter�a-feira (12/7). Se a PEC for aprovada, seu impacto nos cofres p�blicos pode chegar a R$ 41,2 bilh�es.

O governo defende a medida afirmando que ela � importante para diminuir o efeito da alta da infla��o sobre as pessoas mais vulner�veis. A PEC prev� benef�cio para caminhoneiros aut�nomos de R$ 1 mil por m�s at� dezembro deste ano, um aux�lio para taxistas, aumenta de R$ 400 para R$ 600 o Aux�lio-Brasil, dobra o valor do Aux�lio G�s, compensa Estados pela gratuidade do transporte p�blico de idosos, entre outras medidas.

E, fora do Brasil, as expectativas para a economia mundial t�m sido impactadas por um receio que cresceu nos �ltimos dias: a possibilidade de uma recess�o global, o que � uma not�cia ruim especialmente para pa�ses emergentes.

Quando h� recess�o global, investidores tendem a buscar maior seguran�a, o que significa tirar dinheiro de pa�ses como o Brasil.

Esse temor de recess�o est� ligado principalmente � expectativa de que pa�ses como os Estados Unidos subam mais os juros, fortalecendo o d�lar em rela��o a outras moedas.

"E a� tem efeito sobre a infla��o: tudo aquilo que � comprado em d�lar se torna mais caro. E o poder de compra acaba corroendo mais ainda, o que � ruim para o consumo e para a atividade econ�mica", explica Terra.

Vilma Pinto diz que o desafio do Brasil ser� "tentar recuperar um pouco da credibilidade que foi perdida ao longo do tempo", para ent�o "recuperar capacidade de investimento, tentar melhorar o zelo com as contas fiscais e tentar criar mecanismos para que o Brasil consiga crescer mais, ter menor infla��o e ter um desemprego menor".


Diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI), Vilma da Conceição Pinto
Vilma Pinto, diretora da IFI, diz que desafio do Brasil ser� 'tentar recuperar um pouco da credibilidade que foi perdida ao longo do tempo' (foto: Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado)

2. Infla��o

�rg�o respons�vel por manter a infla��o sob controle, o Banco Central (BC) j� reconheceu que a meta estabelecida para 2022 n�o ser� cumprida. A proje��o da institui��o � que o IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo, �ndice oficial para medir infla��o no Brasil) fique em 8,8% neste ano, bem acima da meta de infla��o, fixada em 3,5% para este ano (com margem para oscilar entre 2% e 5%).

As expectativas dos economistas do mercado financeiro est�o hoje em 7,67%, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda (11/7).

Os n�meros refletem o que os brasileiros j� est�o sentindo na pr�tica — os aumentos de pre�os de alimentos e de combust�veis est�o entre as principais queixas.

comprei um pacote de frango no m�s passado por 17,90 e deixei no congelador. esse m�s o mesmo pacote est� 21,90

valorizou 38%

me siga para mais dicas de investimento

— nery (@olucasnery) July 4, 2022

Com a pandemia e a guerra na Ucr�nia, a infla��o � um problema que vem afetando pa�ses no mundo todo — inclusive alguns que lembravam muito pouco como era ter que lidar com um aumento t�o acelerado do custo de vida, como o Reino Unido.

No entanto, o Brasil est� agora entre os poucos pa�ses com infla��o de dois d�gitos (em 12 meses at� maio), como mostra levantamento da OCDE. Entre os integrantes do G20, infla��o brasileira s� n�o � maior que Tuquia, Argentina e R�ssia.

Com a infla��o nas alturas, o Banco Central sobe a taxa de juros para tentar cont�-la, mas isso tamb�m impacta negativamente na atividade econ�mica, pois se trata de um desest�mulo para o investimento produtivo, como explica Terra.

"O Banco Central corretamente subiu a taxa de juros a partir de 2021 porque a infla��o estava j� inc�moda e demonstrando que n�o cederia f�cil. Talvez ele tenha subido demais. O Brasil tem hoje a maior taxa real de juros do mundo. Isso � muito desestimulante ao investimento", opina o professor. "O Brasil tem hoje uma renda real de trabalho que � 7,5% menor do que em 2021. Portanto, as pessoas conseguem consumir menos e o Brasil talvez esteja entrando agora no per�odo mais complicado, em geral, das dificuldades pol�ticas do pa�s, que � o per�odo eleitoral."

As previs�es para 2023 s�o de uma infla��o menor que em 2022, mas ainda em n�veis elevados. O Banco Central, por exemplo, prev� um IPCA em torno de 4%.

Terra aposta em um �ndice mais alto, perto de 5 ou 6%. E a economista Vilma Pinto lembra que medidas tomadas recentemente pelo governo para tentar aliviar pre�os est�o afetando essas previs�es - reduzindo um pouco a proje��o para este ano, mas aumentando para o pr�ximo.

A meses da elei��o e com a alta dos pre�os de combust�veis, o governo vem promovendo medidas para tentar reduzir o pre�o desses produtos — como a lei que zerou at� o fim deste ano os tributos federais sobre diesel e g�s de cozinha.

Tamb�m houve a imposi��o de um teto de 17% no Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) sobre combust�veis. E, em um decreto editado antes da elei��o e que vale at� o final de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) determina que postos exibam os pre�os dos combust�veis antes e depois dessa lei.

Vilma Pinto destaca que a IFI aumentou para 4,2% a previs�o de infla��o em 2023 e que est� voltando a revisar essa previs�o.

"� prov�vel que a gente tenha um n�mero pior do que esses 4,2% que a gente est� projetando hoje, lembrando que esse n�mero j� � pior do que o que a gente projetava em maio por conta desse efeito de corte de impostos para 2022 e revers�o disso para 2023."

3. Desemprego


Entregador da Rappi na avenida Paulista, em SP
Economistas dizem que n�o h� sinais de que haver� melhora significativa no mercado de trabalho formal (foto: LINCON ZARBIETTI)

O mais recente indicador do n�vel de desemprego mostrou uma recupera��o. A taxa de desemprego caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio, a menor desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica). Apesar disso, 10,6 milh�es de brasileiros seguem sem trabalho.

Especialistas destacam que uma an�lise mais detalhada desses n�meros mostra que a alta foi puxada por trabalhos sem carteira assinada, como aponta Terra.

"A gente fala que o mercado de trabalho est� melhorando. Mas qual � essa melhora? Sobretudo, o mercado de trabalho informal. H� uma met�fora para comunicar isso, que � o 'se vira nos 30' — a renda est� caindo, a pessoa precisa trabalhar, agora j� n�o tem mais que fazer distanciamento social, tem vacina��o… A� as pessoas est�o fazendo o que d� para sobreviver, para poder trabalhar — ent�o vai trabalhar como entregador, como diarista", diz o economista.

O problema, segundo Terra, � que n�o h� hoje elementos para acreditar que haver� uma melhora na atividade para dar for�a ao emprego com carteira assinada.

"A pergunta para 2003 �: o que vai puxar o crescimento econ�mico? Se a gente n�o tem nada muito forte puxando o crescimento econ�mico, a gente n�o vai ter nada que apare�a muito forte puxando o emprego formal. A din�mica do trabalho informal vai continuar para o ano que vem. N�o vejo diferen�a com rela��o a esse ano."

Isso se reflete na renda dos trabalhadores.

Vilma Pinto, da IFI, chama aten��o para o fato de que o rendimento real (descontando o efeito da infla��o) est� menor.

"Se por um lado a gente v�, em termos de quantidade, uma melhora, uma redu��o em um n�mero de pessoas desempregadas, por outro lado, essa quest�o da infla��o est� de fato piorando a situa��o econ�mica como um todo. E quando a gente olha em termos de sal�rios, o sal�rio real est� sendo altamente afetado", diz a economista.

Os dados do IBGE apontam que o rendimento m�dio real do trabalhador (R$ 2.613) ainda � 7,2% menor na compara��o do trimestre encerrado em maio de 2022 com o igual per�odo de 2021.

Vilma prev� que, em 2023, a popula��o ocupada fique estagnada (ou seja, em n�veis parecidos com os de 2022). "Nas situa��es de curt�ssimo prazo, a gente enxerga uma melhora, mas a perspectiva de m�dio prazo n�o � t�o animadora", diz.


homem negro escolhe pacote de alface
Infla��o est� correndo poder de compra do brasileiro (foto: Getty Images)

4. Contas p�blicas

A infla��o — a mesma que corr�i o poder de compra dos brasileiros — tem um efeito "positivo" para os cofres p�blicos: aumenta a arrecada��o do governo. Isso acontece devido ao aumento dos pre�os dos produtos — com as empresas lucrando mais, a base de arrecada��o tamb�m sobe.

"O aumento de pre�os de commodities est� fazendo com que as finan�as p�blicas se comportem bem melhor do que o esperado. E isso implica que tem sido bom o fluxo de caixa", avalia Terra.

O resultado mais recente da arrecada��o de tributos federais, por exemplo, aponta que essa receita foi a mais alta em 28 anos — atingiu R$ 165,3 bilh�es em maio, recorde para o m�s desde 1995, quando come�ou a s�rie hist�rica da Receita Federal.

No entanto, o aumento de arrecada��o costuma ser comemorado quando ele reflete uma atividade econ�mica mais aquecida. E outro problema sobre o cen�rio atual, dizem os economistas, � que essa melhora � pontual.

Vilma Pinto, que � especialista em finan�as p�blicas, defende que o governo n�o pode contar com esse aumento de arrecada��o no m�dio prazo.

"Esse aumento de receita tende a ser tempor�rio, na medida em que esse choque (de commodities) passa", argumenta. "A gente precisa ter um pouco mais de cautela na hora de adotar medidas que gerem impactos permanentes."

E alerta: "As medidas fiscais que est�o sendo adotadas do ano passado para c�, principalmente, v�o no sentido n�o s� de piorar a trajet�ria fiscal futura em termos de aumento de gastos e redu��o de receita, mas tamb�m no sentido de diminuir a confian�a das pessoas no compromisso com a responsabilidade fiscal".

"Isso gera melhora fiscal aparente de curt�ssimo prazo, d� impress�o de que teto est� sendo cumprido, mas isso � piora fiscal l� na frente", conclui a economista.

- O texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62062570

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