
Mesmo com a crise causada pela pandemia do covid-19, as mulheres conseguiram se destacar no segmento do empreendedorismo. De acordo com os dados do LinkedIn, a participa��o feminina no setor cresceu globalmente. Em 2020, o Brasil registrou um salto de 41% entre as mulheres que iniciaram algum neg�cio pr�prio. Entre os homens, o crescimento foi de 22%. Os n�meros foram comparados com o ano de 2019.
Segundo o levantamento, o aumento � entendido como consequ�ncia de uma s�rie de desafios que as mulheres enfrentam em suas vidas profissionais. Entre eles, est� o fato de que a pandemia fez com que muitas delas assumissem a dupla responsabilidade de trabalhar e cuidar de casa e/ou fam�lia, for�ando-as a buscar mais flexibilidade do que a oferecida por seus empregadores.
Karol Rosa, 35 anos, � um desses exemplos. Ela abriu uma empresa de moda feminina com o intuito de ajudar financeiramente em casa durante o per�odo mais cr�tico da cavid-19. "Durante a pandemia meu marido teve que sair de um dos empregos que ele tinha. Desta forma, abri o neg�cio para completar renda dentro de casa", disse.
Mas a empresa se destacou por meio da internet, e trouxe muitos clientes. "Eu me surpreendi com o desenvolvido em t�o pouco tempo. Em um ano, eu alcancei uma renda pr�pria", explicou. "Depois de estudar muito - porque para se destacar tem que saber as estrat�gias para o neg�cio crescer -, alcancei meu primeiro objetivo, e agora sigo para um maior."
Os dados tamb�m mostraram que a representa��o da lideran�a feminina no Brasil � de apenas 27%, o que coloca o pa�s na 27ª posi��o dos pa�ses citados pela pesquisa e abaixo da m�dia global de 31%. Al�m disso, a pesquisa aponta que a probabilidade de promo��es internas � lideran�a para os homens foi 52% maior em rela��o �s mulheres, em m�dia, no ano passado.
"Durante a pandemia, as mulheres tentaram assumir o controle de suas carreiras criando seus pr�prios neg�cios, por�m, as empresas ainda precisam fazer muito mais para diminuir a diferen�a de g�nero em termos de representa��o feminina em cargos de lideran�a e promo��o de mulheres para posi��es de gest�o para criar um mundo de trabalho mais equitativo e inclusivo", destaca Ana Claudia Plihal, executiva de solu��es de talentos do LinkedIn no Brasil.
Antes da pandemia
A escassez de trabalho durante a crise sanit�ria � apontada como um dos fatores que impulsionaram a alta, mas, embora a pandemia tenha aumentado a parcela de mulheres que empreenderam, o estudo evidencia que esse movimento n�o � uma novidade.
Desde 2016, quando os dados passaram a ser coletados pela rede social profissional, a participa��o feminina no empreendedorismo vem crescendo de forma mais acelerada. Em 2019, a alta foi de 19% entre as mulheres e 10% entre os homens, em rela��o ao ano anterior. Mesmo com uma desacelera��o ap�s o pico de 2020, as participa��es acumulam um crescimento de 99% entre as mulheres e 54% entre os homens entre 2016 e 2021.
Como exemplo, a hist�ria da mineira Camila Guerra, que abriu uma hamburgueria dentro de casa, em 2015, obstinada a entrar para o top 10 do ranking nacional de fast food. Camila conta que come�ou apenas com um fog�o, uma panela e R$ 800 no bolso. Ela criou sua pr�pria receita de molho e come�ou a fazer entregas de lanches em Contagem, regi�o metropolitana de Belo Horizonte (MG). A ideia surgiu quando teve vontade de comer um hamb�rguer, mas n�o p�de ser atendida, porque morava fora do raio de atua��o de um delivery da capital.
A empres�ria explicou que o delivery ajudou na evolu��o do neg�cio, que cresceu ainda mais durante o confinamento motivado pela pandemia. Segundo a empreendedora, se a American Burger Delivery fosse uma pessoa, seria daquelas que nascem com sorte. "Mas n�o foi sorte. Atribuo o sucesso que temos tido � minha capacidade de realizar tudo o que imagino. Sempre que tenho uma ideia, vou l� e executo. Assumo riscos, encaro as dificuldades e tomo decis�es", revelou.
Dados do Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Global Entrepreneurship Monitor 2020, mostram que mulheres correspondem a 46% dos empreendedores iniciais (com at� 3,5 anos de empresa) segundo relat�rio GEM, 2020. De acordo com n�meros do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), 2019, 57% das empresas se enquadram na categoria de Microempreendedor Individual (MEI) e 54% s�o do segmento de servi�os.
A maioria das empreendedoras atua em casa e em neg�cios voltados � alimenta��o, moda e beleza. Daniela Flores, 41 anos, trabalha h� 12 anos com artesanato. "Com o nascimento de uma sobrinha comecei a fazer acess�rios infantis, neste per�odo eu ainda conciliava o artesanato com outra atividade, com carteira assinada. Com o tempo, eu vi que poderia viver disso e h� cinco anos me dedico exclusivamente a isso", contou.
Em 2019, ela abriu uma loja colaborativa, cedendo espa�o tamb�m para outras artes�s, onde come�ou a fazer outros tipos de trabalhos manuais, como imagens religiosas e fantasias infantis. Com a pandemia, Daniela precisou fechar o estabelecimento e decidiu seguir com o ateli� em casa. Hoje ela expandiu sua produ��o e acaba de come�ar a se dedicar tamb�m ao segmento de moda pet.
Apesar do crescimento do n�mero de mulheres � frente de seus neg�cios, o estudo do LinkedIn apontou que elas continuam sub-representadas em cargos de lideran�a globalmente, ocupando menos de um ter�o desses espa�os na maioria dos pa�ses. Enquanto as mulheres dominam quase 46% dos cargos de n�vel b�sico no Brasil, elas ocupam pouco menos de um ter�o 35% dos cargos de gest�o e menos de um quarto 23% dos cargos de lideran�a s�nior (C-level).