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Estado de Minas DINHEIRO EXTRA

Aux�lio Brasil: ajuda para alguns e �nico ganha-p�o de outros

Nas �reas mais carentes de Minas, benef�cio ajuda a resolver dramas imediatos dos que vivem em extrema pobreza


05/09/2022 04:00 - atualizado 05/09/2022 10:31

 

 

“Agrade�o demais”, afirma Carla Alves dos Santos, de 39 anos, moradora da Vila Castelo Branco, uma das �reas mais carentes de Montes Claros, no Norte de Minas, ao se referir ao valor de R$ 600 do Aux�lio Brasil que recebeu em 9 de agosto �ltimo. Ela disse que, al�m de servir para comprar mantimentos, o dinheiro ajudou a resolver um drama: a compra de um chinelo novo para a sua filha ca�ula, Isabela, de 6. “A menina nem estava mais querendo ir para escola, pois estava usando um chinelo amarrado de arame e os coleguinhas ficavam rindo dela”.

 

A mulher, que � m�e de quatro filhos, ao mesmo tempo que comemora o al�vio que o benef�cio governamental trouxe para a fam�lia, lamenta outra dificuldade: antes de completar um m�s do recebimento do novo valor de R$ 600 (que antes, at� julho, era de R$ 400), os mantimentos comprados com o dinheiro j� est�o acabando. “Aqui em casa agora s� tem arroz e feij�o. Minha geladeira est� vazia”, contou a mulher ao Estado de Minas, no �ltimo dia de agosto.

 

Aprovado para ser pago a 20,2 milh�es de fam�lias at� dezembro, o novo valor virou tema da campanha eleitoral do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL), os mais bem colocados nas pesquisas de inten��o de voto, na disputa pela prefer�ncia dos atendidos pelo programa assistencial. Lula tem como “trunfo” o fato de ter criado o Bolsa Fam�lia, transformado no Aux�lio Brasil pelo atual governo. J� Bolsonaro argumenta que aumentou valor do benef�cio.

 

A catadora Carla Alves adquiriu um chinelo para a filha e alimentos, que já estavam no fim no último dia de agosto
(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

 

Ambos afirmam que v�o manter o benef�cio em 2023. Para bancar o pagamento, Bolsonaro diz cogitar taxar lucros e dividendos para quem ganha acima de R$ 400 mil por m�s. Por sua vez, o candidato do PT fala em, al�m de manter os R$ 600, criar outros adicionais para as fam�lias cadastradas que tenham filhos de at� 6 anos.

 

Os R$ 600 s�o um alento para quem sofre com pobreza extrema. Mas, como em Belo Horizonte, a ajuda que virou bandeira de campanha n�o garante a comida o m�s inteiro para todos os cadastrados tamb�m em �reas mais pobres, como o Norte de Minas. Este � o caso da moradora de Montes Claros, que, para sobreviver, complementa a renda como catadora de recicl�veis.

 

“Estou sem g�s, pois n�o tenho dinheiro para comprar”, afirma Carla Alves, explicando que se viu obrigada a fazer comida em “fog�o” a lenha, improvisado com o uso de tijolos no quintal da casa. Ela disse ainda que o marido, Elivaldo Sim�es, trabalha com carroceiro e ganha muito pouco.

 

Desempregada, Ana Paula pagou luz e água, mas não pôde fazer %u201Cuma feira digna%u201D
(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Em agosto, o governo federal anunciou tamb�m o pagamento do Aux�lio G�s, no valor de R$ 110, a ser liberado para os cadastrados no Aux�lio Brasil a cada dois meses. No entanto, Carla disse que tentou, mas n�o conseguiu receber o dinheiro. “Liguei l�, mas disseram que n�o fui contemplada”, disse a mulher, informando que telefonou para o 111, o n�mero disponibilizado pela Caixa Econ�mica Federal para tirar d�vidas sobre os pagamentos dos benef�cios governamentais.

 

Contudo, a catadora disse que se sente muito agradecida pelo recebimento do aux�lio e torce para que o valor de R$ 600 continue sendo pago no pr�ximo mandato presidencial. De acordo com ela, entretanto, o recebimento do benef�cio n�o vai interferir na sua escolha na elei��o. Ela revelou que vai votar em Bolsonaro, mas por outro aux�lio, o emergencial, dividido em parcelas pagas em 2020 e 2021, durante a pandemia do coronav�rus.

 

“Vou votar no presidente que est� a�. Acredito que se tivesse outro presidente, a gente n�o teria esse aux�lio emergencial, n�o”, disse a mulher. Ela afirmou, no entanto, que, durante o per�odo crucial da pandemia, sua fam�lia enfrentou muitas dificuldades. “A gente j� chegou at� a passar fome.”

 

A desempregada Amanda Santos, de 36, moradora de um barraco na Vila Cedro, �s margens da BR-135, na sa�da de Montes Claros para Janu�ria, recebeu os R$ 600 em 9 de agosto. “Esse dinheiro � meu ganha-p�o. N�o tenho outro recurso”, afirmou Amanda, m�e de um filho, Lorenzo, de 1 ano e 11 meses.

 

Amanda contou que usou o dinheiro do benef�cio para pagar o aluguel da moradia e a alimenta��o pr�pria e do filho. A desempregada, que � m�e solo, disse que ainda conta com os mantimentos comprados com o valor do benef�cio. Mas, � medida que o tempo passa, a despensa se esvazia e se n�o receber novamente a ajuda nos pr�ximos dias, vai passar por necessidades. “Se (o novo pagamento) passar do dia 10 (de setembro), as coisas v�o complicar”.

 

Como a conterr�nea Carla, Amanda assegura que o recebimento dos R$ 600 do aux�lio n�o interferem na sua escolha na elei��o. “Vou votar no Lula”, declarou. Quando perguntada sobre o motivo da op��o, ela respondeu: “Sei l�, na verdade, se eu pudesse, eu nem votaria”. Ela tamb�m torce para perman�ncia do valor de R$ 600 em 2023. “Depois da pandemia, os pre�os das coisas foram aumentando, aumentando... Pra gente que depende do governo, o trem ficou feio”, comentou.

 

Em Montes Claros (413,4 mil habitantes), de acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, 61 mil fam�lias inscritas no Cadastro �nico (Cad�nico) do governo federal, das quais 21 mil s�o atendidas pelo Aux�lio Brasil.

 

Outra benefici�ria do programa na cidade, a dona de casa C�lia Poliana de Jesus Gomes, de 32, moradora da Vila Castelo Branco, se diz grata por ter recebido o recurso em agosto. “Deu para comprar a feira, leite e fruta para as meninas”, informa a m�e de duas filhas – Isabela Luana, de 6; e Laura, de 1 ano e 4 meses. Segundo ela, o valor pago em agosto “foi bom demais” e deu para comprar mantimentos suficientes para o consumo dela e das filhas at� o fim do m�s.

 

C�lia Poliana diz que “ainda n�o decidiu” em quem vai votar para presidente. Alegou tamb�m que ainda n�o assistiu � propaganda eleitoral. Quando questionada sobre em qual nome votou no segundo turno em 2018, ela fez a pergunta: “Os candidatos foram quem mesmo? Bolsonaro e quem?”. E completou: “Acho que votei no outro (Fernando Haddad, do PT). No Bolsonaro n�o foi n�o”.

 

Ainda em Montes Claros, Ana Paula Fonseca Silva, de 32, desempregada e m�e de dois filhos (�talo Gabriel, de 12, e Hillary, de 10), usou o benef�cio de agosto no pagamento das contas de �gua e luz, al�m da compra de alimentos. Mas o dinheiro n�o cobriu todas as despesas. “Ajudou muito. Deu para pagar umas continhas. Mas, n�o deu para fazer uma feira digna. E todo brasileiro precisa de uma feira digna”, disse Ana Paula, que est� “fazendo bico” como “formiguinha” na campanha de um candidato a deputado da regi�o.

 

Para a desempregada, a eleva��o do valor do aux�lio para R$ 600 foi “jogada de marketing” do atual governo. Mesmo assim, espera que o valor seja mantido a partir de janeiro de 2023. E n�o sabe ainda em quem vai votar. 

 

Para Amanda Santos, mãe de uma criança de 1 ano e 11 meses, o dinheiro do benefício é o único recurso disponível para a sobrevivência
(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
 

 

“Salva��o” para quem n�o tem nada 

O Aux�lio Brasil (ex-Bolsa Fam�lia) tem maior impacto nos munic�pios do Vale do Jequitinhonha, uma das regi�es mais pobres de Minas Gerais e do Sudeste brasileiro. � o caso de Ara�ua�, cidade de 36,7 mil habitantes, onde 3.968 fam�lias est�o inscritas no Aux�lio Brasil e outras 186 fizeram o cadastro, mas est�o em an�lise e ainda n�o receberam o pagamento, segundo informa��es da prefeitura cidade.

 

Os recursos chegam como t�bua de salva��o para moradores que vivem em extrema pobreza, como a dona de casa Fernanda Santos Rodrigues, de 37, e sua prole de 6 filhos e 5 netos. A fam�lia mora em um barraco do Bairro Nova Esperan�a, uma das �reas mais carentes da cidade. A luz da moradia foi cortada h� mais de um m�s por falta de pagamento. O marido dela est� desempregado.

 

No meio de tantas barreiras, Fernanda se diz muito grata por ter recebido o “aumento” do aux�lio de R$ 400 para R$ 600 em agosto. “Ajudou muito”, declara a mulher, informando que o valor serviu para comprar o g�s de cozinha e mantimentos para fam�lia. “Ainda tem um pouco das coisas (adquiridas com o dinheiro), Pouco, mas tem”, assegurou. Fernanda diz que n�o sabe em quem vai votar para presidente da Rep�blica em 2 de outubro. “Vou ver ainda”, afirmou.

 

Em condi��o semelhante encontra-se Ronicl�scia Batista de Souza, solteira, m�e de dois filhos pequenos (o primeiro de 3, e o segundo de 1 ano e 5 meses), que mora no mesmo Bairro Nova Esperan�a, onde ocupa um barraco de apenas um c�modo, tendo, al�m da cama, um fog�o e um arm�rio.

 

Fabrício e Joice fazem malabarismos para cobrir gastos de filho com paralisia cerebral: recurso ajudou em despesas básicas
(foto: S�rgio Vasconcelos/Gazeta de Ara�ua�)

“Os R$ 400 n�o davam para pagar as contas de luz e �gua e a gente ficava devendo a mercearia”, disse, ao contar que usou o novo valor para pagar as despesas e “comprar coisas de comer”. Mesmo assim, a feira n�o foi suficiente para todo o m�s e a situa��o s� n�o ficou pior porque recebe R$ 150 por m�s do pai dos seus filhos. “Uso o dinheiro que ele manda para inteirar e pagar um pouco de cada coisa.”

 

Ela j� decidiu em quem vai votar para presidente. Mas n�o revelou o nome. “Isso � segredo.”

 

Na mesma �rea carente de Ara�ua�, o casal Fabr�cio Alves de Souza, de 29, e Joice Souza do Amaral, de 18, faz malabarismo para tentar sobreviver com que recebe. Fabr�cio � operador de m�quina e ganha em torno de um sal�rio m�nimo por m�s, enquanto Joice recebe os R$ 600 do Aux�lio Brasil. O casal tem dois filhos, Inan, de 3 anos, e Iran, de 1 anos e 2 meses. O filho sofre de paralisia cerebral e, entre outros cuidados, necessita de alimenta��o integral, medicamentos e fraldas.

 

Fabr�cio afirma que o dinheiro do Aux�lio est� sendo de grande serventia. “A gente est� tendo condi��es de comprar as coisas b�sicas, medicamentos e alimenta��o com mais tranquilidade. Acho que o ideal � que esse valor do aux�lio possa continuar, pois est� ajudando muitas fam�lias”, avalia o operador de m�quinas.

 

Ele disse que n�o vota h� algum tempo e que, mesmo ap�s ter sido multado por isso, n�o vai comparecer �s urnas neste ano. J� Joice informou que n�o vai votar em 2022 porque n�o conseguiu tirar o t�tulo eleitoral a tempo. (LR) 


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