
Assistir a um jogo de Copa do Mundo pela televis�o em companhia dos amigos e comendo churrasco � um dos h�bitos preferidos dos brasileiros. Por�m, para acompanhar os jogos do Mundial de 2022 em encontros festivos, os torcedores est�o tendo que “driblar” a carestia da carne e dos demais ingredientes do agrad�vel “churrasquinho”.
No intervalo entre as Copas de 2018, na R�ssia, e 2022, no Catar, os pre�os dos itens do churrasco subiram muito mais do que a infla��o registrada no per�odo, conforme pesquisa do setor de �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
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O estudo teve como refer�ncia a varia��o de pre�os em Montes Claros, cidade de 414,4 mil habitantes no Norte de Minas. A coordenadora do IPC/Unimontes, professora V�nia Vilas B�as Vieira Lopes, salienta que os dados coletados no munic�pio servem como espelho para a realidade nacional.
Segundo a pesquisa do Departamento de Economia da Unimontes, no intervalo de quatro anos e quatro meses entre as Copas da R�ssia (junho de 2018) e do Catar (novembro de 2022), o pre�o da carne bovina subiu 78%, muito acima da infla��o, que teve alta acumulada de 36,92% nos �ltimos quatro anos (outubro de 2018 a 2022).
Em n�vel nacional, pesquisa da Funda��o Get�lio Vargas (FGV) mostra que a carne bovina teve um aumento acumulado de 78% de 2018 a julho de 2022, enquanto a infla��o m�dia no pa�s no per�odo foi de 28%.
A professora V�nia Vilas B�as lembra que alguns cortes especiais, como picanha, alcatra, contrafil� e maminha, tiveram aumento de pre�o ainda mais salgado, com um reajuste m�dio de 96% nos �ltimos quatro anos.
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O estudo da Unimontes aponta que outros itens do churrasco tamb�m tiveram altas eleva��es de pre�os entre as Copas: carne su�na (60,7%), lingui�a (32,3%), carne av�cola - cora��o, coxinha da asa e asa (107,5%), vinagrete - tomate, cebola e piment�o (120%), p�o de alho (17,12%) e farofa (62%).
Segundo o levantamento, o pre�o da cerveja teve um aumento m�dio de 25% nos �ltimos quatro anos. No mesmo intervalo, as varia��es de pre�os de outras bebidas foram de 26,1%, em refrigerantes, e 18%, em sucos.
“Apesar dos pre�os elevados, durante a Copa do Mundo o mercado espera alta das vendas de carnes e de cervejas”, observa a economista.

Dica: recorrer a promo��es
Como dica para “fugir” do encarecimento, V�nia Vilas B�as sugere que a torcida brasileira fique de olho nas promo��es dos supermercados para curtir as comemora��es durante ou ap�s os jogos da Copa do Mundo sem sacrificar muito o bolso. “A alternativa � comprar os itens do churrasco em promo��es nos estabelecimentos comerciais”.
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“Lembramos que estamos em plena semana da black friday e que os supermercados est�o atraindo os consumidores com pre�os mais atrativos bem como reunir familiares e amigos para comprar em grande quantidade e negociar descontos. O que n�o pode faltar � a comemora��o e alegria da torcida”, recomenda a professora da Unimontes.
Queda de consumo de carne desde a Copa de 2018
O consumo de carne no Brasil diminuiu desde a Copa do Mundo na R�ssia. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2018, cada brasileiro comeu, em m�dia, 34 quilos de carne. No ano seguinte, caiu para pouco mais de 30 quilos. Em 2020 e 2021, a quantidade foi de 27 quilos. A proje��o para 2022 � de 10,6% a menos em rela��o ao ano passado, ou seja: 24,13 quilos.
Porque o pre�o da carne subiu tanto entre uma Copa e outra?
No intervalo entre as Copas, o mundo enfrentou a pandemia da COVID-19, que mexeu em muitos setores, incluindo a economia. A professora V�nia Vilas Boas salienta, no entanto, que n�o foi somente a chegada do coronav�rus que influenciou no aumento do pre�o do principal ingrediente do churrasco nos �ltimos quatro anos.
Segundo ela, um dos fatores da disparada de pre�os da carne foi a redu��o da oferta do alimento no mercado interno, com o aumento da das exporta��es, sobretudo para a China.
A economista salienta que o aumento do pre�o da carne bovina no Brasil est� associado aos fatores clim�ticos, bem como � varia��o do d�lar e ao aumento dos custos de produ��o.
“A eleva��o de custos da carne tamb�m veio na esteira do fen�meno La Ni�a (falta de chuvas), que gerou um grande problema nas pastagens. Isso tamb�m encareceu a soja e o milho, que servem de alimento para o gado. Soma se a isso o aumento da taxa de c�mbio e a eleva��o dos custos de produ��o”, afirma V�nia.