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Estado de Minas IBGE

PIB brasileiro deve perder f�lego no 3� trimestre

Dados ser�o divulgados na quinta-feira (1�/12) pelo IBGE e mostrar�o impacto da alta de juros na atividade econ�mica, segundo analistas


28/11/2022 09:34 - atualizado 28/11/2022 10:45

Notas de dinheiro de 20 reais
Analistas preveem desacelera��o no PIB do terceiro trimestre (foto: Miguel Schincariol/AFP)
A semana come�a com a expectativa dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2022, que ser�o divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) na quinta-feira (1º/12).

A certeza entre analistas � de que o resultado ser� positivo e menor do que o registrado nos dois trimestres anteriores, de 1% e 1,2%, respectivamente, confirmando um cen�rio de desacelera��o em curso. As apostas dos especialistas ouvidos pelo Correio Braziliense para o crescimento da economia brasileira entre julho e setembro deste ano variam de 0,4% a 0,7%.

O PIB � o indicador da soma de riqueza produzida pelo pa�s. As proje��es atuais do mercado est�o melhores do que as do in�cio do ano, porque havia uma expectativa de que a atividade econ�mica poderia at� encolher no terceiro trimestre, por conta do forte impacto do aperto da pol�tica monet�ria do Banco Central, iniciado em mar�o de 2021, quando a taxa b�sica de juros (Selic) estava no piso hist�rico de 2% ao ano.
 
Quando o Banco Central aumenta os juros, ele puxa o freio de m�o da economia, mas o impacto demora cerca de nove meses para ser sentido, de fato. A Selic est� em 13,75%, ou seja, um aumento de 9,75 pontos percentuais at� setembro, quando a taxa foi mantida no patamar atual.

Analistas reconhecem que o impacto negativo da Selic na atividade come�aria a partir de julho, mas, como o governo adotou uma pol�tica expansionista, com v�rios incentivos na economia desde a primeira metade do ano, os dados come�aram a ser revistos e devem evitar um dado negativo PIB do terceiro trimestre.
 
Nessa lista de est�mulos est�o a libera��o extra do Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o (FGTS); adiantamento do 13º para aposentados, na primeira metade do ano; o aumento de R$ 400 para R$ 600 no Aux�lio Brasil, os benef�cios para taxistas e caminhoneiros; e as redu��es de impostos sobre combust�veis no segundo semestre. Com isso, as estimativas de crescimento do PIB neste ano foram revisadas para cima sucessivamente e, em alguns casos, as proje��es de crescimento j� chegam a 3%.
 
 
� o caso das previs�es de Jos� M�rcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, que espera alta de entre 0,5% e 0,7% no PIB de julho a setembro e estima crescimento de 3% no PIB deste ano. "Estamos com vi�s de alta nestes n�meros", adiantou.

Outro motivo para os dados mais otimistas do mercado em rela��o ao PIB deste ano est�o relacionados � surpresa da recupera��o do setor de servi�os, o segmento que mais emprega e o mais afetado com a pandemia da COVID-19, que s� conseguiu recuperar o patamar pr�-pandemia em 2022.
 
 
Mas ind�stria e com�rcio est�o dando sinais de arrefecimento neste semestre, e analistas j� avisam que o desempenho da economia pode indicar uma curva em W, mostrando um sobe e desce ap�s a pandemia - e n�o em V como a equipe econ�mica vinha alardeando. � algo mais parecido com o chamado v�o de galinha, pois o PIB brasileiro n�o tem muita for�a para manter um crescimento acima de 2% por um per�odo mais prolongado.

N�o � toa, as proje��es para 2023 s�o de altas entre 0,5% e 1%, confirmando que o PIB n�o est� decolando como o ministro da Economia, Paulo Guedes, costumava afirmar. Pelo contr�rio, a atividade est� desacelerando, em grande parte, por conta do freio de m�o puxado, e o pa�s deve crescer menos do que a m�dia hist�rica registrada desde o in�cio do s�culo 20.

"O Brasil continua crescendo menos que a m�dia global e do que a sua m�dia hist�rica, de 2%, que n�o � um crescimento vigoroso. O Brasil est� na armadilha de renda m�dia, em grande parte, porque tem juros reais muito altos, se comparados com o resto do mundo", afirma Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, com base nos dados da s�rie hist�rica do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea).
 
Ele lembra que a taxa m�dia do PIB global � puxada pelas economias asi�ticas, que ainda crescem em ritmo mais forte do que o resto do mundo. A China, por exemplo, deve avan�ar menos neste ano e apresentar uma retomada no ano que vem, e, mesmo assim, continuar� acima da m�dia global.

FMI

Pelas estimativas do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), o crescimento global vai desacelerar de 6%, em 2021, para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023. Pelas proje��es do BNP Paribas, o Brasil dever� crescer 3% neste ano, menos do que a m�dia da Zona do Euro, de 3,2%, taxa semelhante de crescimento previsto para a China.

Margato destaca que, com a Selic atualmente em 13,75% ao ano, o juro neutro est� em 7%, e o juro real - descontada a infla��o projetada para o ano no boletim Focus do Banco Central, de 5,25% -, em 8,5%. Logo, com juro real acima da taxa neutra, o impacto na atividade tende a ser negativo, fazendo o cr�dito recuar, o consumo encolher e, consequentemente, a demanda cair.
 
Com isso, a expectativa � reduzir a infla��o - que voltou a crescer acima da previs�o em outubro -, e, indiretamente, a perda do ritmo de crescimento do PIB como efeito colateral. O juro real do Brasil j� � o mais alto do mundo e est� muito acima da m�dia dos pa�ses emergentes, lembram os analistas.

"Um juro real nesse patamar bate em cheio na atividade, e esse � um dos fatores que deve fazer com que o PIB desacelere nesta segunda metade de 2022 e no ano que vem", alerta Margato, da XP. Ele reconhece que, diante do aumento das incertezas em torno da quest�o fiscal, um novo aumento da Selic em 2023 est� no radar do mercado, a depender do tamanho do rombo do Or�amento do pr�ximo ano.

Os servi�os devem ser o grande destaque setorial dos dados do PIB do terceiro trimestre, de acordo com a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (FGV). "Ap�s um primeiro semestre mais forte, os servi�os est�o mantendo o ritmo. Mas, por ora, mantemos a nossa proje��o para o PIB do terceiro trimestre em 0,6%, ante o segundo trimestre, e de 2,7% de crescimento em 2022", observa a especialista.

Contudo, esses n�meros ainda n�o contemplam a forte revis�o do IBGE para o PIB anual de 2020, que passou de -3,9% para 3,3%. "As atualiza��es s� estar�o dispon�veis ap�s a divulga��o do PIB do terceiro trimestre, quando teremos acesso aos dados desagregados trimestralmente e a todas as revis�es do PIB de 2021 e de 2022", destaca a economista do Ibre.

Decep��es

Margato, da XP Investimentos, lembra que os indicadores antecedentes do PIB divulgados pelo IBGE no terceiro trimestre vem mostrando um arrefecimento da atividade, ap�s um avan�o m�dio de 1,1% no primeiro semestre. As proje��es da XP indicam alta de 0,5% no PIB do terceiro trimestre na margem, ou seja, em rela��o ao trimestre anterior, e alta de 3,6% na compara��o anual. "N�o houve altera��o significativa ao longo das �ltimas semanas, apesar das surpresas positivas com servi�os, setor que est� crescendo mais forte do que o projetado. Mas tivemos dados decepcionantes na ind�stria e nas vendas do varejo. Os dados de julho e de agosto foram fracos", explica.

O economista diz ainda que, para o �ltimo trimestre de 2022, a proje��o � de nova desacelera��o do PIB, com alta modesta de 0,2%, o que far� o crescimento do ano ficar em 2,8%, passando para 1% em 2023, uma das estimativas mais otimistas, que leva em conta um carregamento estat�stico de 0,6% de 2022 para o ano que vem. O analista da XP reconhece que um dos principais motivos da desacelera��o no ano que vem � o impacto defasado da pol�tica monet�ria. "Isso impacta a oferta de cr�dito, diante dos juros cada vez mais altos e o endividamento das fam�lias muito elevado", alerta.


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