Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se comprometeu a enviar ao Congresso proposta de uma nova �ncora fiscal que organize as contas p�blicas

DOUGLAS MAGNO / AFP
No primeiro discurso ap�s assumir oficialmente a pasta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se comprometeu a enviar ao Congresso, ainda no primeiro semestre, a proposta de uma nova �ncora fiscal que organize as contas p�blicas.

"Um arcabou�o que abrace o financiamento do guarda-chuva de programas priorit�rios do governo, ao mesmo tempo que garanta a sustentabilidade da d�vida p�blica. N�o existe m�gica nem malabarismos financeiros. O que existe para garantir um Estado fortalecido � a previsibilidade econ�mica, confian�a dos investidores e transpar�ncia com as contas p�blicas", disse.

Ap�s sucessivas declara��es de presidente Luiz In�cio Lula da Silva sobre o fim do teto de gastos, Haddad disse que sua miss�o ser� reduzir o deficit de R$ 220 bilh�es previsto no Or�amento deste ano aprovado pelo Congresso. "N�o estamos aqui para aventuras, mas para assegurar que o pa�s volte a crescer para suprir as necessidades da popula��o em sa�de, educa��o, no �mbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equil�brio e sustentabilidade fiscal", afirmou.

O ministro n�o poupou cr�ticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela quebra de decoro na cerim�nia de posse e pelos rombos deixados nas contas da Uni�o. "Tivemos um p�ssimo exemplo de transi��o, que colocou dois militares em situa��o indefens�vel, que se recusaram a cumprir a as regras democr�ticas de troca de governo e que, em 30 de dezembro, foram capazes de publicar dois decretos que dar�o mais de R$ 10 bilh�es de preju�zos aos cofres p�blicos", afirmou Haddad, sem citar nomes.
"Esses s�o os patriotas que deixaram o poder", ironizou, ao se referir ao aumento de gastos de R$ 300 bilh�es, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), deixado como heran�a pelo governo passado.

O novo ministro prometeu di�logo para encontrar um "denominador comum dos anseios da popula��o brasileira e do mercado". "N�o existe pol�tica fiscal ou monet�ria isoladamente. O que existe � pol�tica econ�mica, que precisa estar harmonizada, ou o Brasil n�o se recuperar� da trag�dia do governo Bolsonaro. Essa harmoniza��o acontecer� em nossa gest�o frente ao Minist�rio da Fazenda. Podem ter a mais absoluta certeza."

Teto de gastos

Apesar da promessa de acertar a quest�o fiscal, o mercado ainda deve seguir apreensivo, at� que um arcabou�o concreto seja apresentado, de acordo com analistas. Ontem, a Bolsa de Valores de S�o Paulo (B3) recuou 3,06%, repercutindo o discurso de posse no qual Lula classificou a regra do teto de gastos de "estupidez". O d�lar subiu 1,58%, para R$ 5,36.

Para Ivan Barboza, s�cio-gestor do �rtica Long Term FIA, o tom de Haddad no discurso foi positivo, mas o ministro ainda n�o detalhou as a��es que ser�o tomadas. "Com isso, o mercado segue receoso, em especial devido ao discurso de Lula, que n�o mostrou o mesmo compromisso com a responsabilidade fiscal", avaliou.