Moeda americana fechou em alta de 1,77%, cotada a R$ 5,45 na venda, maior valor desde o final de julho
D�lar e juros engataram novas altas na segundo sess�o deste ano, enquanto o mercado de a��es apresentou forte queda, em mais um dia de rea��es negativas �s a��es iniciais do governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
Investidores voltaram suas aten��es ao longo desta ter�a-feira (2) �s falas do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que intensificaram preocupa��es de que decis�es pol�ticas se sobreponham � necessidade de equil�brio das contas p�blicas.
Temores no exterior quanto � desacelera��o da economia global tamb�m contribu�am com a avers�o aos investimentos de risco, prejudicando ainda mais os ativos brasileiros, principalmente no setor de explora��o e distribui��o de petr�leo.
A moeda americana fechou em alta de 1,77%, cotada a R$ 5,4520 na venda, maior valor desde o final de julho. O Ibovespa, refer�ncia da Bolsa de Valores brasileira, recuou 2,08%, aos 104.165 pontos.
LEIA - BH: prefeitura sanciona lei que permite pagamento de imposto por PIX
Os juros futuros saltaram de forma generalizada. A taxa DI (Dep�sitos Interbanc�rios) para 2024, por exemplo, passou de 13,53% para 13,79% ao ano. Os contratos com vencimento em 2025 avan�aram de 12,91% ao 13,30%. Negociada entre bancos, a taxa de juros DI serve de refer�ncia para o setor de cr�dito.
Piter Carvalho, chefe de mesa da Valor Investimentos, afirma que as declara��es de Lupi sobre a revis�o da reforma da Previd�ncia pegaram "investidores locais j� sem paci�ncia, que j� s�o contr�rios ao governo petistas e �s mudan�as nessas regras".
"A reforma da Previd�ncia demorou anos e, agora, o mercado fica com a incerteza se pode mudar da noite para o dia", completou Carvalho.
Antes da declara��o de Lupi ter piorado o humor do mercado, os indicadores j� apresentavam forte rea��o a afirma��es feitas por Haddad no in�cio do dia.
O ministro da Fazenda afirmou nesta ter�a que apresentar� ao presidente Lula um plano de voo com a��es de curto, m�dio e longo prazo para a agenda econ�mica da nova gest�o. "Vou apresentar um conjunto enorme de a��es para ele, de decis�es que ele vai ter de tomar, uma a uma".
Haddad tamb�m minimizou as rea��es do mercado financeiro na v�spera. "As pessoas est�o se apropriando dos n�meros e do que aconteceu no Brasil em 2022. Estava um clima de que economia estava no rumo certo e esse clima est� se desfazendo pela apresenta��o dos n�meros do enorme rombo eleitoral deixado pelo Bolsonaro", disse Haddad.
Analistas de mercado relatam que h� desconfian�a sobre a autonomia do ministro e at� que ponto as decis�es econ�micas ser�o influenciadas pela setor pol�tico do governo.
"A incerteza [sobre a pol�tica] fiscal vem se concretizando. Hoje tivemos o discurso do ministro da Fazenda reconhecendo que a inst�ncia pol�tica ser� respons�vel por dar a �ltima palavra, o que trouxe uma rea��o bem ruim para o mercado", comentou Luiz Souza, assessor de renda vari�vel da SVN Investimentos.
Na segunda-feira (2), o mercado financeiro j� havia demonstrado descontentamento com o discurso de posse e as primeiras a��es do presidente Lula. A leitura feita por analistas � de que h� sinais de que o governo ser� mais intervencionista na economia do que se esperava, com consistente uso de empresas p�blicas.
As expectativas tamb�m pioraram quanto ao controle dos gastos p�blicos, sentimento que ganhou for�a ap�s o an�ncio da manuten��o da desonera��o por dois meses para gasolina e etanol, e por um ano para diesel, biodiesel e g�s de cozinha.
Durante a posse, Lula chamou o teto de gastos de "estupidez", e disse que ele ser� revogado. A medida j� era prevista pela PEC da Gastan�a, que elevou o teto e permitiu gastos fora dele, mas estabeleceu que o Executivo deve apresentar uma nova regra para as contas p�blicas para substituir o atual.
"O discurso de Lula realmente n�o agradou, mas n�o trouxe novidades. Acho que o mercado espera que, em algum momento, ele comece a falar como quem governa, em vez de falar como se ainda estivesse em campanha", comentou Tom�s Awad, s�cio-fundador da 3R Investimentos.
No exterior, os principais mercados apresentaram ligeira queda ap�s o feriado prolongado de Ano-Novo. Em Nova York, o �ndice par�metro da Bolsa, o S&P 500, cedeu 0,40%. Os indicadores Dow Jones e Nasdaq ca�ram 0,03% e 0,76%, respectivamente.
No mercado de petr�leo, o barril do Brent era negociado no final da tarde com queda de 4,13%, cotado a US$ 82,36 (R$ 443). A mat�ria-prima � refer�ncia para os pre�os praticados pela Petrobras, cujas a��es mais negociadas na Bolsa brasileira recuaram 2,53%.
Analistas consultados pela ag�ncia Bloomberg atribu�am a avers�o aos investimentos de risco ao temor de uma recess�o global, sobretudo diante do crescimento das preocupa��es de que o aumento dos casos de Covid na China resulte em novo fechamento de atividades econ�micas e quebra nas cadeias de distribui��o.
Apesar do exterior negativo, � incerteza quanto � economia local o principal motivo para as desvaloriza��es do real e do Ibovespa, segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
"Est� ficando claro que o governo n�o tem um plano fiscal e que a ala pol�tica est� empurrando mais est�mulos fiscais, a exemplo da desonera��o dos combust�veis", disse Borsoi.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine